Dona Maricotinha, como é conhecida a moradora Maria das Dores Pereira Bastos, completa 96 anos em maio e é uma das moradoras mais antigas de Camboriú. Seu carisma e dedicação às obras sociais da Igreja Presbiteriana a tornaram uma figura muito querida na cidade. Ela viu como poucos Camboriú se transformar no decorrer destas quase 10 décadas de trajetória, período no qual se dedicou à família e religião. Mas sempre vaidosa: Maricotinha fica toda faceira quando dizem que ela ainda é uma mulher bonita e cheirosa.
Por mais de 40 anos ela respondeu pela presidência da Sociedade Auxiliadora Feminina da Igreja de Rio Pequeno. Sua casa também funcionou como uma extensão das instalações da igreja, onde reunia periodicamente ...
Por mais de 40 anos ela respondeu pela presidência da Sociedade Auxiliadora Feminina da Igreja de Rio Pequeno. Sua casa também funcionou como uma extensão das instalações da igreja, onde reunia periodicamente esse grupo de mulheres para cultos, reuniões, lanches e confraternizações. Ainda saíram da sua cozinha as preparações que alimentaram diariamente dezenas de pessoas em situação de vulnerabilidade social e, da sua boca, as palavras de conforto para aqueles que precisavam de amparo, carinho, esperança.
Para Maricotinha, a receita para chegar aos 96 anos com disposição, alegria e saúde, é exatamente isso: amor, carinho e dedicação com aquele que precisa. “E Jesus, é claro, que está sempre ao meu lado. Ele é a minha melhor companhia”, diz. E agora, como ela tem pouca mobilidade, as “irmãs” da igreja vêm orar em sua casa e o pastor trazer a “ceia”. Mas isso faz pouco tempo, porque o protagonismo de Maricotinha na religião foi de sua juventude até o início da pandemia da covid-19.
Camboriuense da gema
Ela nasceu na localidade de Braço do Rio Camboriú, no interior do município, onde viveu até seus 18 anos. Também foi nessa localidade rural que estudou até a terceira série do primário, hoje ensino fundamental, e trabalhou na escola ajudando na limpeza e nos cuidados com as crianças, para auxiliar no orçamento doméstico. “Eram tempos muito difíceis”, lembra Maricotinha.
Ainda muito jovem, sua família se mudou para o Rio Pequeno, onde ela conheceu o marido Aldo Bastos, com quem se casou aos 23 anos. O casal construiu sua primeira casa ao lado de uma das olarias da família Bastos, que dominava esse mercado de fabricação das telhas na época. Também foi nessa casa que ela criou seus filhos Ana, Tânia, Aldo e Noé. O velho imóvel acabou dando lugar à sua atual residência.
O local não poderia ser mais adequado, porque também foram nessas olarias que Maricotinha ajudava o marido nas questões administrativas e financeiras. “Embora ela tenha estudado até o terceiro ano, a mãe cuidava dos negócios. Ela fazia todas as contas de cabeça, todos os pagamentos e até, de certa forma, a contabilidade das olarias”, lembra a filha Tânia Wöhlke.
Ela lembra também que era comum seu pai pedir para que a mãe preparasse café, almoço ou lanches para que as pessoas que vinham de outras localidades buscar telhas de caminhão pudessem se alimentar.
“Aqui não tinha praticamente nada. As estradas eram todas de barro e as viagens muito demoradas”, completa a filha.
Aldo morreu há cerca de 11 anos, mas não tirou sua vontade de viver. Além de criar os filhos, Maricotinha acompanhou de perto o crescimento dos netos e ainda se delicia com seus 16 bisnetos nas ocasiões em que consegue reuni-los. Uma dessas ocasiões será em 4 de maio, na sua festa de aniversário, que juntará num dia festivo também as “irmãs” da igreja.