Influencer da periferia

Escritor Samuel da Costa revela Itajaí em versos e contos a partir do São Vicente

Peixeiro já publicou cinco livros e se tornou conhecido nas redes sociais pelas postagens em parceria com artistas

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Fotos em ângulos inusitados e cores vibrantes fazem parte do projeto de fotografia em parceria com o filho Renan; imagens são publicadas no Instagram de Samuel da Costa
(foto: Renan da Costa)
Fotos em ângulos inusitados e cores vibrantes fazem parte do projeto de fotografia em parceria com o filho Renan; imagens são publicadas no Instagram de Samuel da Costa (foto: Renan da Costa)
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Por Renata Rosa

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O poeta e escritor Samuel da Costa, de 48 anos, sempre foi um tipo agitado. Graças ao seu olhar afiado e provocativo sobre a sociedade, se tornou um influencer improvável no universo superficial ...

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O poeta e escritor Samuel da Costa, de 48 anos, sempre foi um tipo agitado. Graças ao seu olhar afiado e provocativo sobre a sociedade, se tornou um influencer improvável no universo superficial das redes sociais. Suas postagens que combinam textos com arte digital em colaboração com outros artistas, revelam uma Itajaí longe dos holofotes, em cada esquina, beco e muro dos bairros periféricos. Um trabalho que cruza fronteiras e fura bolhas sociais.

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Algumas das fotos que mais chamam a atenção em seu Instagram, com mais de 2300 seguidores, é do filho Renan. Após fazer um curso no CEU do São Vicente, Renan fez uma parceria com o pai para treinar o olhar em fotos experimentais do dia a dia nos bairros, sempre em ângulos inusitados. A locação, equipamentos e composição ficam a cargo de Samuel, funções que aprendeu no curso de publicidade e propaganda.

Outra colaboração constante é de Clarice Costa, de Biguaçu, contista e ilustradora digital. Um dos trabalhos que podem ser conferidos nas redes de Samuel, traz um Jesus negro com uma favela ao fundo e um sol estilizado. A arte ilustra um trecho do livro que Samuel está escrevendo sobre causos vividos em mais de 20 anos como servidor público.

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Muitos de seus livros são coletâneas de textos publicados na imprensa e internet, em blogs, sites e redes sociais. Aliás, foi a internet que lhe permitiu expandir a rede colaborativa de arte alternativa, onde suas ideias que combinam conceitos do passado e futuro encontram eco.

Samuel faz parte de mais de 50 grupos com outros artistas que estão à margem do circuito oficial. “Formamos um ecossistema paralelo e fluido, onde não existem as barreiras físicas ocupadas hoje pela elite artística”, afirma.

 

Poeta viu a transformação social e econômica do São Viça

Samuel já tem quatro livros publicados (foto: Renata Rosa)
Samuel já tem quatro livros publicados (foto: Renata Rosa)

 

Nascido no bairro Nossa Senhora das Graças e radicado no São Vicente, Samuel sempre fez de Itajaí seu espaço de luta por direitos civis, seja atuando no movimento negro, no sindicato dos servidores públicos ou no diretório estudantil.

Segundo filho de uma família de oito irmãos, ele conta que tomou gosto pelas letras através da mãe Eleane Teresinha da Costa, leitora voraz de romances de banca de jornal como Sabrina e Bianca. No ensino médio e na faculdade conheceu a poesia simbolista de Cruz e Souza, e os portugueses Fernando Pessoa e Florbela Espanca, além de Lima Barreto e o catarinense Lindolfo Bell, autor de “Código das Águas”.

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“Eu tive uma infância orgânica, num bairro semirrural de terrenos baldios com cavalos e vacas pelas ruas. Tinha espaço pra correr, subir em árvores, as famílias eram enormes e tinha muita criança para brincar. Já Lindolfo Bell nasceu em Timbó, onde nasce o rio Itajaí-Açu, e seu livro fala de sua relação com o rio de sua infância. É ao mesmo tempo raso e profundo, simples e complexo”, descreve. Seu livro favorito, contudo, é “A leste do Éden”, de John Steinbeck.

Em 2011, quando ele começou a cursar Letras na Uniasselvi, já tinha dois livros publicados: “Horizonte vermelho em versos” (2005) e “Uma flor chamada Margarida” (2006), este último em prosa e verso.

Em 2015 ele lançou “Século 20”; em 2019, “Solaris”; e, no ano passado, “Hipergrafia”, os dois últimos pela editora Ipê Amarelo.

 

Intercâmbio cultural com a África começou em 2021

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Arte de Clarisse da Costa ilustra crônicas e poemas de Samuel (foto: Clarice da Costa)
Arte de Clarisse da Costa ilustra crônicas e poemas de Samuel (foto: Clarice da Costa)

 

Samuel já havia conhecido a potência da escrita africana na faculdade de Letras, onde conheceu a obra da moçambicana Paulina Chiziane (vencedora do prêmio Camões). Hoje, ele troca vivências e versos com Lizete Sitae e Matilde Chabana, ambas de Maputo. “Elas têm uma vivência complicada de pós-guerra civil e o único meio de publicar seus trabalhos é na internet. Eu divulgo o trabalho delas aqui e elas divulgam o meu lá”, conta.

E a produção de Samuel não para. Já estão prontos “MecaNografia” (futurista), “Poema novo”, “Astrodomo” (poesia simbolista), “Em perpétuos ciclos” (afrofuturista), com argumento da amiga quilombola Fabiane Braga Lima, de Rio Claro. Com ela também fez “Diálogos poéticos Sul-Sudeste”, a partir de textos publicados no Facebook e Instagram entre 2020 e 2022.

Tem ainda “Sono paradoxal” (ficção) e “Em dias de dias de sol e calor e noites de tempestade e frio”, uma novela em parceria com a amiga Clarice. “Eu escrevi a parte de sol passada em Itajaí e ela a parte de frio em Balneário Camboriú”, explica.

Já o processo criativo se nutre de histórias reais, do cotidiano de pessoas comuns, reflexo de sua identificação com a teoria marxista, com toques de surrealismo. Ele conta que o segundo livro “Uma flor chamada margarida” nasceu da vivência de sua sogra durante a separação, tendo como pano de fundo a queda do prefeito de Itapema. O poema “Dark saga” nasceu das angústias vividas por uma amiga e “Poesia na árvore”, de um debate na internet sobre plágio.

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Além da produção literária, Samuel também foi pioneiro, junto com o irmão Moacir da Costa, do resgate da Festa de Nossa Senhora do Rosário, na Paróquia São João em Itajaí. E atua em eventos culturais como o “Rap pela vida” (2012), na paróquia do São Vicente. Um peixeiro da gema e sobretudo da clara, antenado com as periferias mundiais, com a cabeça no infinito.




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