Professores da rede estadual de ensino criticaram uma palestra “motivacional” promovida pelo governo do estado na segunda-feira. O conteúdo comandado pela apresentadora de TV, jornalista e neurocientista Laine Valgas foi classificado como “pseudociência” e voltado à motivação, e não um tema preparado visando resolver os problemas do setor. 
Laine foi chamada para falar sobre “Comunicação e resolução de conflitos no ambiente escolar” no canal de YouTube da Secretaria de Educação. A palestrante é neurocientista formada pela PUC de São Paulo, especialista em comportamento e inteligência emocional e, segundo ela, de “relações que adoecem”.
Ela tentou justificar que abordava o tema porque tem 15 anos de estudos comportamentais, é terapeuta de hipnose clínica, além de professora de pós-graduação.
O conteúdo não foi bem recebido por uma parte dos professores. Gisele Palhano foi uma das que desaprovou a palestra e criticou o estado por “usar impostos” para custear eventos do gênero. Isabel Wendling disse que o tema não chamou atenção. “Essa conversa está gerando neurônios de desmotivação”, classificou, irônica. 
Vitor Cidral da Costa falou do vale-alimentação. “Como ter ânimo? Recebemos 12 reais de vale por dia e o restante da verba pública vai para a iniciativa privada”, observou. E para Isabel Wendling, o estado quer “dizer como o professor deve ser feliz e reclamar menos”.
Gabriel Alves considerou o conteúdo como “pseudociência”. E Camila Betoni considerou que a Secretaria de Educação está “assumindo perspectiva pseudocientífica”. “A culpa não é da Laine, mas quem chamou ela”, acrescentou. Pelo que apurou o DIARINHO, não houve ataques pessoais à apresentadora, mas predomínio das críticas ao Estado.
Houve, entretanto, apoiadores da palestra e da postura da jornalista, que chegou a pedir que os professores ficassem “desarmados” ao constatar as reações negativas.  
“Muito bom poder parar e pensar em nós mesmos”, apontou Keila Presotto. Vera Rodrigues criticou os colegas professores: “se não está satisfeito, procure outra profissão, nada te impede”, postou.
Procurada pelo DIARINHO, a Secretaria de Estado da Educação se pronunciou sobre as críticas. “A Secretaria trabalha em conjunto com Administração e Fazenda, além do sindicato dos professores, para resolver questões relativas ao salário e vale-alimentação, entre outros”, frisou o estado. A pasta não respondeu sobre o valor pago pela palestra.