Cidade musical
Itajaí inspira canções do samba ao pop
Do barco à praia, pontos marcantes da cidade estão consagrados em versos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Nos 163 anos de Itajaí, não foi só a Praia do Atalaia que ganhou verso e melodia. São canções celebrando suas ruas, rios, praias e pontos turísticos.
A praia mais famosa da cidade, consagrada nos versos de “Atalaia” (2023), de Vitor Soltau, trouxe ainda uma participação especial do paulista Paulo Novaes. A letra vem acompanhada de uma batida da nova geração da Música Popular Brasileira.
O artista, peixeiro de coração e natural de Blumenau, tem uma relação muito especial com a cidade desde a adolescência e diz que foi em Itajaí que se descobriu na música, inclusive se inspirou para compor suas canções. “Atalaia” surgiu na pandemia, período em que o Molhe da Atalaia era um refúgio do cantor para apreciar o pôr do sol.
“Apesar de não falar do lugar, a música surgiu naquele ambiente e por isso achei que seria muito especial colocar o nome. Depois, fui pesquisar sobre o significado de Atalaia, e significa: aquele que observa. E a música justamente fala sobre uma pessoa observando a outra”, explica.
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"É tão lindo quando o sol beija o teu rosto / Eu me perco em te olhar / Me deixo ficar / Me encontro em viver / Caminho com você / E me desfaço / Reaprendo e te abraço depois"
Trecho de “Atalaia”, de Vitor Soltau
O Molhe, ponto turístico procurado por moradores e visitantes para caminhar, pedalar, apreciar o pôr do sol e ver navios, também foi escolhido para gravação do clipe da música do itajaiense Simão.
Presente em sua vida desde a infância, a inspiração pela música veio com o pai, Arildo Simão, professor de música na Universidade do Vale do Itajaí, e compositor do hino adotado como oficial pelo tradicional time de futebol da cidade, o Marcílio Dias.
Simão estudou Arquitetura, mas é na música que seu coração sempre bateu mais forte. Começou com apresentações na escola por conta do pai. Autor de “Itajaí”, e canções como “Seu Nome”, “Viciado em Você”, “Domingo” e “Te Arquitetei”, Simão traz as belezas da cidade também em seus clipes. A badalada Praia Brava e o Molhe da Atalaia são dois dos pontos escolhidos.
“Fazer música é muito massa, tu transferir aquilo que tu vive, gosta e sente. Por isso, muitas coisas são daqui, meus músicos são daqui e toda a história que eu cresci eu tento contar através de músicas, dos locais, das praias,” completa.
"E se quiser fugir / Sair de Itajaí - eu vou / Viajar por aí / Eu cantor cê atriz"
Trecho de ‘Itajaí’ de Simão
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Parceria de sucesso
Foi em Itajaí que os artistas Simão e Vitor Kley começaram a amizade e também a parceria musical. A Praia Brava é a inspiração.
“A cidade de Itajaí tem um espaço especial no meu coração. A minha segunda e última escola de música foi em Itajaí. Estudei em Novo Hamburgo [RS], de onde eu vim, e aí depois em Itajaí. E foi muito, muito importante esse processo todo. Eu brincava que sabia o caminho e ir pra Itajaí de olhos fechados. Vivi muitas histórias lindas aí. Sou muito grato, muito grato. Sempre uma grande recordação quando paro para pensar”, relembra Vitor.
Não só os pontos da cidade inspiram canções, mas Itajaí em si. O cantor promete novidades em breve.
“A Brava me inspirou e me inspira totalmente a todo instante. Escrevi muitas músicas novas que vão ainda ser lançadas. Comecei pré-produções no meu apezinho na Brava. Tenho meu cantinho. Toda hora que tô no mar fico pensando. Sempre vai me inspirar. Parabéns, Itajaí! Obrigada por realizar tantos sonhos”, relembra.
"A Brava me inspirou e me inspira a todo instante"
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Vitor Kley
Itajaí é inspiradora
Natureza, mar, barcos e pipas no céu são temas da paisagem de Itajaí consagrados nos versos de “Tão maior”, “A pipa” e “Também sou do mato”. As músicas são do álbum “Da fonte até o mar”, de Vê Domingos e Giana Cervi.
Natural de Brusque, mas moradora da área rural de Itajaí, a cantora e compositora Giana Cervi tem muitas composições do pop que refletem a inspiração que a cidade traz.
“O mar e os barcos nos inspiraram, por exemplo, na música ‘Tão maior’, que narra um dia de alguém que preparou o barco, saiu pra velejar e voltou transformado dessa experiência. As crianças brincando de pipa, uma cena tão corriqueira por aqui, foram inspiração para uma outra canção chamada ‘A pipa’. Eu moro na área rural da cidade e sou apaixonada. Me sinto imensamente privilegiada por fazer parte de um lugar tão cheio de belezas naturais, de arte e de cultura”, relata a cantora.
“Também sou do mato / Do som da cachoeira/ Do sereno na viola refletindo a lua cheia / Também sou dos pássaros /“
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Trecho de “Também sou do mato”, de Vê Domingos e Giana Cervi
Em todos os cantos
A itajaiense Bárbara Damásio não deixa o samba morrer. Ela respira e inspira música, principalmente no Mercado Público de Itajaí. Presidente do Conselho de Cultura, professora no Conservatório de Música e no Projeto dos Bairros, atua há mais de 15 anos na Associação Proarte de Itajaí, que é a primeira escola de música da cidade.
"Tudo me inspira. Eu amo essa cidade de paixão. Amo viver aqui e as relações que construí."
Bárbara Damásio
De Itajaí para o mundo
Seguindo as notas do cavaquinho, Ricardo Pauletti se apresenta em múltiplas camadas, levando Itajaí para além das fronteiras do país, da América Latina e Europa. A relação com a cidade e a música são intrínsecas. O Festival de Itajaí também soma muito em sua formação como músico profissional. Ricardo participou de todas as edições desde 1998 e, desde então, passou de aluno a monitor, professor e organizador de rodas de choro.
A ideia de inspiração artística de Ricardo está ligada ao significado respiratório da palavra. Segundo ele, o ar que respiramos e o lugar como um todo, incluindo as belezas naturais, a paisagem urbana e as pessoas que nela estão inseridas compõem uma boa parte dos cenários que trafegam em suas composições. Uma delas que está diretamente ligada ao município é a música “Trio Baião Açu”.
“Essa conexão entre a cidade e a música passa por todo meu processo de iniciação, formação e atuação profissional. Minha iniciação na música aconteceu no Colégio São José com o maestro Alberto e a iniciação no meu instrumento principal foi na Proarte, no curso de violão clássico”, relembra.
“O Festival proporcionou conhecer e conviver com algumas de minhas principais referências na música. Certamente o Festival mudou a minha vida e a de muitos outros músicos da minha geração”, completa Ricardo.
O Festival de Música de Itajaí fomentou, também, a instalação do Conservatório de Música de Itajaí.
“Tenho o privilégio de atuar como professor desde 2009 e como coordenador pedagógico desde 2017. Outra questão muito importante em Itajaí são as políticas públicas culturais, que fomentam as atividades artísticas e movimentam as engrenagens da economia criativa”, destaca.
“Isso se dá através de uma série de programas e editais como a Lei de Incentivo à Cultura. É um grande privilégio ser de uma cidade que consegue unir uma vocação musical natural a uma série de oportunidades profissionais,” destaca o músico.
"O Festival de Música de Itajaí tem uma importância imensurável"
Ricardo Pauletti