Sem medo do trabalho

Dona Terezinha toca uma confecção aos 84 anos

A empresária procurou emprego em hotel ao ser abandonada pelo marido e cinco filhos pequenos

Dona Terezinha trabalhou no Hotel Marambaia por duas décadas (FOTO: JOCA BAGGIO)
Dona Terezinha trabalhou no Hotel Marambaia por duas décadas (FOTO: JOCA BAGGIO)

Dona Terezinha Daroci, de 84 anos, chegou a Balneário Camboriú na década de 1970 trazendo na bagagem cinco filhas e um filho, e um marido que em pouco tempo a abandonou com as crianças pequenas. Ela sonhava com dias melhores para a família, o que acabou obtendo a duras penas. Trabalhou inicialmente na lavanderia do Hotel Marambaia e posteriormente como camareira. Foram quase 20 anos de dedicação ao hotel e à família Nunes, por quem ela tem carinho até hoje. Nas horas vagas, ela costurava para ajudar no sustento da família.
“Eu lavava e passava toda a roupa de cama e banho do hotel e organizava os kits para os apartamentos. Passava também as roupas dos hóspedes quando eles pediam esse serviço. Mas eram as camareiras que entregavam, ganhavam gorjetas gordas e não dividiam comigo”, lembra a senhora, com um sorriso. Isso fez com que ela criasse coragem para pedir ao “seu Osmar” uma vaga de camareira - e foi atendida prontamente. “Eles gostavam muito de mim, do meu trabalho. Permitiam que eu levasse as crianças comigo para o hotel e elas ficavam brincando lá porque eu não tinha com quem deixar”, lembra.

Dedicação

Como camareira, Terezinha ficou responsável por todo o terceiro andar e, quando podia, acabava ajudando na cozinha. “Eu era muito simples, nasci e cresci no sítio no interior de Canelinha e não tinha medo do trabalho. Ajudava em tudo o que podia. Na casa do meu pai eu fazia de tudo: serrava madeira, plantava na roça, ajudava a cuidar das vacas e ainda cuidava dos irmãos mais novos”.
A estreita ligação com o hotel fez com que uma de suas filhas acabasse trabalhando no Marambaia e posteriormente se casasse com o então gerente. Terezinha só saiu do hotel para se dedicar à costura. Junto ao atual marido, montou uma confecção e malharia, que mantém até hoje.
“Cheguei a ter 25 funcionários. Hoje tenho três porque a situação é outra. Muita coisa fazemos nós”, conta. E quando a pergunta é qual a receita para tanta energia, sua resposta é certeira: “trabalhar muito, manter a cabeça ocupada. Cabeça vazia é oficina do diabo.”

Continua depois da publicidade

Fugiu pra casar

A vida de Terezinha não foi fácil. Ela saiu da casa do pai para se casar e se mudou do interior de Canelinha para Brusque com o primeiro marido. “Ele era taxista, novo, bonito, e acabou endoidando com outras mulheres. Até nos abandonou, mas voltou pouco tempo depois”, conta. E para ficar longe da “tentação”, ele resolveu se mudar com a família para Balneário Camboriú. Mas a história se repetiu e Terezinha foi novamente abandonada, desta vez definitivamente.
Acabou morando em uma casa de chão batido na Barra, em área de alagamentos, sem luz e sem água encanada. Foi depois que começou a trabalhar no Marambaia que se mudou para o bairro das Nações. Hoje mora no Vila Real e diz que seu objetivo de vida foi alcançado. Os filhos estudaram, estão bem casados, bem-sucedidos. Tem 12 netos, alguns bisnetos e até trineto (ou tataraneto). 

Eu lavava e passava toda a roupa de cama e banho do hotel”
TEREZINHA DAROCI






Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.96


TV DIARINHO


🕯️🌊 MORTE NA ILHOTA! | Rapaz de 19 anos desapareceu no mar após cair do costão da Ilhota, domingo à ...



Especiais

Entre a polícia e o tráfico, moradoras do Complexo da Penha ficam com os escombros

RIO DE JANEIRO

Entre a polícia e o tráfico, moradoras do Complexo da Penha ficam com os escombros

Inteligência, participação social e coordenação: como combater o crime sem chacinas

CHEGA DE CHACINAS!

Inteligência, participação social e coordenação: como combater o crime sem chacinas

Nascidos no caos climático

NOVA GERAÇÃO

Nascidos no caos climático

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

CLIMA

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência

ESCALA 6X1

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência



Blogs

Itajaí não tem passado e futuro, só presente

Blog do Magru

Itajaí não tem passado e futuro, só presente

Haikai — o instante que respira

VersoLuz

Haikai — o instante que respira

Ficou de cara

Blog do JC

Ficou de cara

Haikai — o instante que respira

Blog Clique Diário

Haikai — o instante que respira

Chás para infecções urinárias

Blog da Ale Françoise

Chás para infecções urinárias



Diz aí

"O Metropol era o melhor time do estado. O Marcílio era o segundo"

Diz aí, Anacleto!

"O Metropol era o melhor time do estado. O Marcílio era o segundo"

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

Diz aí, Rubens!

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

Diz aí, Níkolas!

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

Diz aí, Bene!

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

Diz aí, Thaisa!

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.