Atelieria
Estilistas de Itajaí entraram no mapa da alta costura
Vestidos fluídos e ricamente bordados ganharam as passarelas de Paris após conquistarem as noivas catarinenses
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Reinventar-se é essencial para se manter atual num tempo veloz, ainda mais num setor tão tradicional quanto o de casamento. Como dar um ar contemporâneo e ao mesmo tempo traduzir a delicadeza daquele momento eternizado nos álbuns de família? O desafio foi aceito pela dupla de estilistas Xu e Karen Tognato, que inverteu a lógica dos vestidos de noiva estruturados de princesa para algo tão confortável quanto uma camisola, mas com design requintado, tecidos nobres e caudas de renda bordadas. Estilo tão inovador que foi selecionado pela Paris Fashion Week de 2020.
“Fomos selecionadas no último dia de 2019 e passamos dois meses produzindo loucamente. Levamos 15 vestidos e, graças a esta visibilidade, recebemos uma encomenda que foi a nossa salvação, pois logo em seguida o setor de eventos foi fechado por causa da pandemia”, lembra Karen. Ela conta que a dona de uma loja do Texas (EUA) viu o desfile e ficou tão encantada que encomendou 29 vestidos. “Felizmente, não tivemos que demitir nenhuma funcionária”, acrescenta.
Como o nome Ateliê Tognato era difícil, a marca também passou por uma reinvenção e foi rebatizada de Atelieria. O negócio começou em 2007, quando Xu, formada em Moda pela Univali, saiu da Carmelitas, grife da irmã. Ela foi convidada para criar um vestido de noiva e o modelo fez tanto sucesso que viu ali a oportunidade de atender a um público mais sofisticado. No ano seguinte, a irmã se juntou ao projeto, depois que a Carmelitas foi vendida para a Colcci.
“Só conhecia Floripa e não queria voltar a viver numa selva de pedra, por isso escolhi morar na Brava”, conta Karen. Ela montou a Carmelitas em 2000, época do Mercado Mundo Mix, que reunia tribos urbanas e estilistas novos e famosos, como Alexandre Herchkovitch. “Eu customizava camisetas. Quando as VJs da MTV conheceram meu trabalho, comecei a vender para todo o Brasil, como na Vive la Vie, em Itajaí”, revela.
Mas nem tudo foram flores. Antes de abrirem o ateliê no bairro Fazenda, Xu alugou uma casa na Anita Garibaldi, em 2008. Em novembro, veio a enchente. “A geladeira foi parar no corredor. Perdemos o estoque de tecidos, livros, material para desenho, vestidos, tivemos que recomeçar do zero na casa de Karen”, relembra Xu. Naquele momento, a irmã estava dando à luz na maternidade Santa Luiza.
Acervo de festas
Durante a pandemia, elas tinham encomendas para 163 casamentos, que foram adiados. Então, aproveitaram para produzir para o acervo de festas e diversificaram os produtos, produzindo desde máscaras até pijamas. Mas depois do recesso, veio a explosão. “Tem casal de 2019 que ainda não casou. Este ano todo será de alta temporada. Nossa meta é entregar 250 vestidos em 2022”, revelam.
Desde 2010 na rua Jorge Tzaschel, o Atelieria vai começar a atender na rua Expedicionário Marchetti no segundo semestre. Mas a clientela é de todo lugar. E o melhor: sem sair de Itajaí, cidade que apostaram para investir e viver, apesar das adversidades. “São Paulo, agora, só a passeio”, avisam as irmãs.
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