Pós-chuva
Alagamentos ameaçam moradores de áreas ribeirinhas de Itajaí
Localidades do Cidade Nova, Murta e Jardim Esperança foram as mais atingidas
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

As regiões ribeirinhas de Itajaí foram as mais atingidas pelas fortes chuvas que caíram nos últimos dias. O problema é agravado pelo aumento da maré e o consequente represamento do rio Itajaí-Açu. Os casos mais graves foram registrados no bairro Cordeiros, especialmente no loteamento Jardim Esperança, também conhecido por “Brejo”.
Ruas como a Gercino José Corrêa, Cosme Bussarello, Horácio Ramos Gonzaga e Américo Menick começaram a apresentar pontos de alagamento na tarde de quarta-feira e a situação se agravou até o dia seguinte. E quanto mais próximo do rio, pior a situação.
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Muitas casas foram invadidas pela água que chegou a altura de até 50 centímetros e, no meio da tarde, depois de mais de 12 horas sem chover, ainda havia famílias ilhadas. Realidade que, segundo denúncias recebidas pelo DIARINHO, se repetiu nos bairros Cidade Nova, Murta e em diversos outros pontos do município.
Esse foi o caso da Marcele, que no meio da noite precisou sair de casa com o marido - o eletricista José Wilker - e o filho de oito anos. A casa da família é uma das últimas da rua. Eles foram acolhidos pela vizinha Patrícia, que tem uma casa de dois andares. Ela também estava ilhada, mas só o andar inferior foi invadido pela água e pela lama.
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“Isso acontece sempre que a maré sobe muito e represa o rio, mas na maioria das vezes chega no terreno e não entra na casa. Já solicitamos na prefeitura que o rio fosse limpo, mas nada acontece”, diz Marcele. José acrescenta que a família perdeu praticamente tudo o que tinha, desde móveis e eletrodomésticos até roupas.
Patrícia diz que ainda na madrugada de quinta-feira, por volta das 2h, eles ligaram para a Defesa Civil, conforme recomendação da prefeitura, e “eles disseram para não se preocupar, que ia parar de chover, que teria sol na manhã seguinte e que ninguém havia ligado para relatar problemas com inundações. Que estavam monitorando Brusque e Blumenau, e que aqui não teria problema”.
Ainda segundo Patrícia, essa não é a primeira vez que ela acolhe vizinhos que tiveram suas casas alagadas.
O pedreiro Gabriel Melo de Lima e a esposa Isalete também sofreram. “Colocamos essa moto-bomba aqui às 5h e até agora [15h] muito pouca coisa mudou. A água atingiu mais de 40 centímetros e temos medo que o problema se repita”, diz o morador. Isalete conta que é comum alagar a área externa, que está abaixo do nível da rua, mas que essa foi a primeira vez que a água entrou dentro de casa. “Nunca ninguém da prefeitura veio aqui ver nossa situação”, reclama.
Comunidade de sobreaviso
A preocupação dos moradores com novos alagamentos é real. Ainda no meio da tarde de quinta, quando subiu a maré, as bocas de lobo de áreas ribeirinhas começaram a encher. “Aí a água entra pelos ralos, por baixo das portas. É uma desgraça só”, diz o morador José.
E para piorar ainda mais a situação dessas e de outras famílias, a Defesa Civil emitiu um alerta de manutenção do risco para alagamentos nas áreas mais baixas e ribeirinhas até esta sexta-feira.
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“Os níveis dos rios devem continuar subindo, uma vez que existe um tempo de resposta para que a chuva ocorrida no Alto Vale chegue à foz do rio Itajaí-Açu”, informou a Defesa Civil.
Ainda segundo o alerta, segue o risco para deslizamentos por conta do solo saturado e devem persistir picos de maré e ressaca, com potencial de alagamento.
A Defesa Civil garante que vem monitorando as áreas de encosta do município e auxilia a comunidade durante 24 horas, além de vistoriar pontos de possíveis alagamentos
Força-tarefa nos próximos três dias
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A prefeitura de Itajaí realizou uma força-tarefa desde as primeiras horas de quinta-feira para minimizar os impactos das chuvas e alagamentos.
Segundo a Defesa Civil, os trabalhos foram concentrados nos pontos mais afetados, principalmente no interior do município. “Equipes da Defesa Civil, Secretaria Municipal de Obras, Secretaria Municipal de Agricultura e Expansão Urbana, Guarda Municipal, Codetran, Assistência Social e Corpo de Bombeiros seguem com os trabalhos nos próximos dias”, diz a nota.
Limpeza das ruas, conserto dos bueiros danificados e recolhimento de restos de vegetação estão entre as ações.
Com a manutenção do tempo firme, segundo a prefeitura, em aproximadamente três dias o trabalho deve ser concluído.
De acordo com a Defesa Civil, entre os casos mais relatados, estão os deslizamentos de terra na rodovia Jorge Lacerda e nos fundos de casas na Vila da Paz e na Fazendinha, além do risco de desabamento de laje no bairro Espinheiros.
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Abastecimento de água prejudicado
O Semasa teve problemas de abastecimento no Limoeiro, que desde a quarta-feira enfrenta alta turbidez na água distribuída pela Estação de Tratamento de Água (ETA). Na tarde de quarta, o reservatário estava com apenas 10% de sua capacidade e a autarquia usou caminhões-pipa para fazer subir o percentual para 20%. No entanto, o órgão alerta para que a população continue economizando água.
As outras estações de tratamento de água do Semasa, que fornecem abastecimento para a cidade de Itajaí e Navegantes, operam dentro da normalidade.
A turbidez está dentro dos padrões e ambas trabalham com vazão máxima de água. Os níveis dos seus reservatórios também estão dentro dos padrões do Semasa.