PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Casa Wippel é colocada à venda por R$ 6 milhões
Placa anuncia terreno de mais de 17 mil metros quadrados no bairro Itaipava
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]





Uma das casas mais antigas do bairro Itaipava, em Itajaí, foi colocada à venda. A Casa Wippel, construída em 1945, recebeu uma placa há, pelo menos três semanas, informando: “Vende-se este terreno. Área de 17.818,30”. O imóvel fica no número 2367 da avenida Itaipava, em frente a uma das mais antigas olarias do bairro.
O historiador Edison D´Ávila conta que o imóvel é tradicional e foi construído em 1945 por Edmundo Wippel, oleiro, dono da cerâmica Wippel. Edmundo era filho do imigrante alemão Augusto Wippel, um dos primeiros imigrantes que se instalou na região no final do século XIX. “Augusto foi o doador do terreno da atual igreja e cemitério da Itaipava. Ele também escolheu o padroeiro da igreja e atual paróquia, São Pedro”, contou o historiador.
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Edmundo casou com uma das filhas do também oleiro Alexandre Vanzuita. “A Cerâmica Wippel era a mais forte olaria de Itaipava nos anos de 1940 e 1950. Foi ela que forneceu os tijolos para a construção da Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento. Inclusive, doou um dos belos vitrais da Matriz. A casa foi residência da família Wippel e atualmente é propriedade de netos de Edmundo”, explicou.
Ernani Wippel, filho do seu Edmundo Wippel, não estava sabendo da venda. Ele contou que, na herança, esta parte do patrimônio ficou com os seus quatro sobrinhos, filhos de Erivinha Wippel. “Faz parte da herança deles. Eles falaram que queriam a casa dos avós. Não estava sabendo da venda...”, contou ao DIARINHO.
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O sobrinho Rogério Wippel, que colocou a casa à venda, disse ao DIARINHO que o terreno e o imóvel já estão em negociação. “Já recebemos algumas propostas, estamos negociando. Estamos pedindo um valor, R$ 6 milhões, estamos recebendo propostas e negociando”, informou.
Rogério lembra que, além de Ernani e Erivinha Wippel, o avô Edmundo teve mais dois filhos, Érico e Hélio, e cada herdeiro ficou com uma parte da herança. A dele e dos irmãos foram o terreno da olaria e da Casa Wippel. Rogério e os irmãos atualmente moram em Brusque.
Questionado se a casa dos avós será demolida com a venda, Rogério diz que a decisão caberá ao comprador. “Não sabemos o que o comprador vai fazer, pode ficar como a sede de uma empresa... Não sabemos. Só queremos vender”, adiantou.
Casa merecia processo de tombamento
O historiador Edison D´Ávila lembra que, em caso de venda da casa, dificilmente o comprador irá preservá-la. “Demolida, vai se perder um dos poucos registros históricos da Itaipava, onde a especulação imobiliária já é intensa, por conta da expansão urbana de Itajaí para aquela região”, explica o professor.
Edison acredita que o melhor destino para a casa seria um processo de restauro e preservação. “É um testemunho histórico do desenvolvimento econômico e social do polo cerâmico de Itaipava. Então, será urgente o processo de tombamento. Há que o Conselho do Patrimônio agir rápido”, adiantou.
Evelise Moraes Ribas, secretária do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Itajaí e gerente do Museu Histórico, informou que não existe processo de tombamento da Casa Wippel. “Não temos nenhum processo de tombamento em andamento. Não há nenhum imóvel rural tombado”, revelou.
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Ela adiantou que o conselho se reunirá no próximo dia 19 de abril, mas, por enquanto, o processo de tombamento da Casa Wippel não está entre os assuntos em pauta.