Denúncia
Garota trans é agredida em casa noturna de BC
Caso repercutiu nas redes sociais da vítima e de defensores da causa LGBTQI+
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Em contato com a redação do DIARINHO, dois jovens da região relataram as violências físicas e verbais que teriam sofrido na madrugada da última terça-feira, no Lounge Bar e Tabacaria Quarta Avenida, em Balneário Camboriú. Alice Beatriz de Souza, de 20 anos, relata que sofreu agressões verbais e físicas dos seguranças e funcionários da casa, além de ter sido vítima de transfobia.
Já Luiz Gustavo Costa Rosa de França, de 21 anos, que acompanhava Alice, teria sido agredido e teve seu telefone celular confiscado por um segurança ao tentar filmar a agressão. O boletim de ocorrência já foi registrado na delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de BC.
O incidente teria iniciado por volta da meia noite, quando Alice fez seu cadastro para comprar o ingresso feminino, o que é um direito garantido por lei. “Não me venderam um ingresso feminino porque na minha identidade ainda consta o gênero masculino. O processo de regulamentação do meu nome social ainda está tramitando, faz mais de um ano”, relata a vítima.
Com a recusa, ela comprou um ingresso masculino (que custava R$ 20; o feminino era R$ 10) para evitar problemas e se divertiu a noite toda.
O episódio mais grave teria ocorrido por volta das 4h quando, ao ir embora, solicitou à casa uma nota fiscal para denunciar ao Procon.
“Além de não emitir a nota em meu nome (a nota foi feita com dois ingressos masculinos em nome de Luis Gustavo), os funcionários da tabacaria me expulsaram aos gritos de ‘caia fora travesti’ e ameaçaram chamar os seguranças”, relata. Gustavo, que a acompanhava, acrescenta que ambos voltaram a solicitar a nota e a partir daí Alice foi jogada no chão e arrastada para fora, passando a ser agredida pelos seguranças e frequentadores da casa. As marcas no corpo da vítima ainda são visíveis três dias após a agressão, que foi constatada em exame de corpo de delito.
Descaso
Alice conta que após a agressão acionou a Polícia Militar, que passou a ocorrência para a Guarda Municipal. “Chegando ao local os agentes da GM nos trataram com descaso, desrespeito e deboche”, acrescenta. Procurado por várias vezes pelo DIARINHO na tarde desta quinta-feira (13), um dos proprietários da casa não atendeu ao telefone celular e não retornou as ligações. Já a GM de Balneário Camboriú, em nota, diz que “repudia qualquer tipo de discriminação e racismo” e que os guardas são orientados a atender ocorrências sempre que solicitados. “O comando vai apurar quem eram os guardas no plantão para verificar o que aconteceu”, diz a nota.
A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso repassou o caso para a Delegacia de Balneário Camboriú, que dará início às investigações preliminares. O caso também está sendo acompanhado por uma advogada contratada pela mãe de uma amiga trans de Alice.