“A economia azul é objeto de análise de governos e órgãos internacionais, pois é, cada vez mais, evidente a importância do uso sustentável dos recursos costeiros e marinhos para o crescimento econômico e para a melhoria dos meios de subsistência e empregos, potencializando a economia dos municípios costeiros”, esclarece o professor e pesquisador da Escola do Mar, Ciência e Tecnologia da Univali, Marcus Polette. O especialista diz que cerca de 16% da proteína animal consumida no planeta vem do mar e 60 milhões de pessoas, no mundo, estão relacionadas com as atividades pesqueiras e aquicultura, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). No entanto, Polette concorda que os estudos relacionados ao assunto ainda são recentes no Brasil.

Estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) mostra que somente os setores de construção naval e náutica [que respondem por uma pequena fatia do que representa a economia do mar] têm grande força na região do Vale do Itajaí. Os municípios de maior destaque no setor são Itajaí [42,4%] e Navegantes que, juntos, empregam 69,2% dos trabalhadores do segmento em SC.

Agora, incluindo atividades como a captura e o beneficiamento de pescados e aquicultura, a indústria do mar, em Santa Catarina, ocupa a 13ª posição em exportações, a 19ª posição em número de estabelecimentos industriais e a 19ª posição na geração de postos de trabalho na indústria ligada ao mar. Quanto ao perfil dos trabalhadores, a remuneração média do setor é de R$ 3.351, valor superior à média da indústria, que é de R$ 2.504.

O economista Jairo Romeu Ferracioli acrescenta que a economia do mar movimenta, diretamente, os portos, a pesca, o turismo que, indiretamente, acabam impactando em diversos outros setores econômicos. “O complexo portuário da foz do rio Itajaí-Açu é o segundo maior do Brasil. Temos o maior porto pesqueiro e o turismo com suas praias e recantos são objeto de desejo de muitos turistas. Todas essas atividades geram cadeias de atividades secundárias, como a construção civil, a prestação de serviços, o entretenimento, o lazer, entre outras.”

Economia azul

Entende-se por economia do mar [ou economia azul] toda atividade econômica que tenha influência direta do mar, incluindo as que não têm o mar como matéria-prima.  A OCDE correlaciona a economia do mar à captura e ao processamento de pescado, ao transporte aquaviário, aos portos, à construção e à reparação naval, à exploração offshore de óleo e gás em águas rasas, ao turismo marítimo e costeiro, entre outros já consolidados.

Entre os segmentos emergentes estão a aquicultura, exploração de óleo e águas profundas, energia eólica, offshore e renováveis, mineração do leito marinho, defesa e segurança do mar, biotecnologia marinha, além de produtos e serviços marítimos de alta tecnologia.