GRAVATÁ
Jubarte encalha morta na praia de Navegantes
Baleia era uma fêmea de oito metros
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]





















Uma baleia-jubarte encalhou, já sem vida, no final da tarde de terça-feira, na praia de Navegantes. Na manhã de quarta-feira, o projeto de Monitoramento das Praias fez a necropsia para descobrir as possíveis causas da morte. Ela tinha marcas de redes de pesca.
A baleia era uma fêmea, juvenil, com oito metros de comprimento. Ela já encalhou sem vida entre a Meia Praia e o Gravatá. Populares tentaram empurrar a baleia para alto-mar, na noite de segunda-feira, mas ela já estava sem vida.
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O resultado da necropsia apontou que a jubarte tinha parasitas na cavidade toráxica. Ela não tinha alimento no estômago e também haviam marcas de rede de pescas nas nadadeiras.
Segundo a médica veterinária Tiffany Emmerich, além das marcas de redes de pesca, havia a presença de ciamídeos (“piolhos” de baleia), pequenos crustáceos que se alimentam da pele.
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Após a análise do corpo, a baleia foi enterrada na areia da praia com ajuda de uma retroescavadeira da secretaria de Obras de Navegantes.
Só neste ano, segundo o PMP, 26 jubartes foram encontradas mortas nas praias, no trecho monitorado pelo projeto, que vai da costa litorânea de Laguna até Guaraqueçaba, no Paraná.
Nove jubartes foram encontradas no litoral norte catarinense, cinco em Florianópolis e sete no litoral paranaense. O número foi superior aos anos de 2019 e 2020. No ano passado, foram somente seis encalhes de jubartes. Em 2019, sete baleias foram encontradas sem vida nas praias.
Em todo o Brasil houve o encalhe de 150 baleias jubartes sem vida. As praias catarinenses lideram a lista de distribuição de encalhes, com 33,8% das ocorrências, seguidas por São Paulo (27,3%), Rio de Janeiro e Espírito Santo (10,4% cada). A Bahia, antes líder de encalhes, corresponde a 5,2% das ocorrências computadas até 31 de agosto.
População de jubarte aumentando
Segundo o biólogo e coordenador geral do PMP-BS, André Barreto, o aumento dos encalhes e da avistagem de jubartes na nossa costa pode ter diversas causas. “A população das jubartes no Oceano Atlântico, felizmente, está crescendo, o que pode contribuir com o aumento de avistagens, mas acredito que não aumentou tanto de um ano para o outro, para justificar essa diferença que estamos observando”, analisa Barreto.
O professor também explica que as baleias estão se aproximando mais da costa. “Não sabemos se foi algo na costa brasileira ou estamos vendo um reflexo de mudanças nas áreas de alimentação no continente Antártico”, observa.
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André Barreto afirma que, sempre que possível, os animais passam por necropsia para identificar a causa da morte. Nos procedimentos realizados nas jubartes nesta temporada de 2021, os profissionais encontraram muitos indicativos de emalhes acidentais com redes de pesca. “Não é possível afirmar que este seja o fator responsável por todas as mortes, mesmo assim, evidencia uma necessidade de um olhar coletivo para este problema. É preciso que a comunidade discuta a criação de estratégias que permitam aos pescadores continuarem suas atividades, mas ao mesmo tempo garantam a preservação do ambiente marinho”, opina.