união contra a pandemia
BC pede punição a desrespeitos
Carta aberta com manifesto de profissionais veio após postagem anônima com ameaças em grupos de whatsapp
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]




Um grupo de 42 profissionais de Balneário Camboriú, entre empresários, comerciantes, professores, jornalistas, advogados, servidores públicos, médicos e artistas, lançou uma carta aberta pedindo mais rigor na fiscalização das medidas restritivas e punição aos que descumprem e incitam o desrespeito aos decretos estaduais contra o coronavírus.
O documento foi disponibilizado online para que outras pessoas possam assinar. Nesta terça-feira, eram mais de 300 assinaturas. A petição é endereçada ao prefeito Fabrício Oliveira (Podemos), aos vereadores e à comunidade em geral. O movimento é uma resposta a uma carta aberta e anônima que circulou em grupos de WhatsApp no fim de semana, afirmando "que não seriam aceitos decretos que impeçam a circulação e a livre iniciativa".
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A carta apócrifa rodou também em Camboriú e Itapema com teor semelhante, com mudanças nos nomes das cidades e prefeitos. Segundo o texto anônimo, as restrições ferem direitos constitucionais e prejudicam as empresas, defendendo que o distanciamento social não é sinônimo de proibição de trabalho e fechamento de atividades.
As mensagens circularam no domingo, quando carreatas contra o lockdown rolaram em Itajaí e Balneário. Conforme o grupo de profissionais que reagiu ao movimento, as mensagens incitam a população a desobedecer a lei e a ordem, com citações isoladas de artigos da constituição Federal, e induzem a população ao engano.
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“Os decretos que restringem a circulação não proíbem a livre iniciativa, nem impedem o trabalho ou ferem a dignidade da pessoa humana. Ao contrário, tentam promover a vida, a dignidade e a liberdade quando determinam normas para proteger as pessoas da contaminação e da morte”, diz o manifesto.
A petição considera o agravamento da pandemia e que as medidas tentam evitar que mais pessoas morram sem atendimento nos hospitais. “As consequências dessas medidas na economia são inegáveis, mas decorrem da realidade imposta pelo vírus em circunstância pandêmica”, completa o manifesto.
O grupo pede que as autoridades não tolerem descumprimentos dos decretos, punindo com rigor os que estimulam a desobediência, e que sejam priorizados investimentos em saúde, testagem e vacinas.
Firmeza nas decisões
A empresária Ciça Müller está entre os profissionais que assinaram o manifesto. Segundo ela, o grupo deseja que os gestores públicos atuem de modo mais firme no combate à pandemia, com autonomia, através de ações imediatas, tanto na fiscalização rígida quanto na adoção de medidas restritivas.
“As autoridades agora sabem que tem todo o apoio da população para estabelecer medidas restritivas o quanto antes, inclusive com sanções pesadas para quem descumpri-las”, considera, observando que Balneário não pode ser exemplo de desrespeito às normas.
“O poder público precisa exercer seu papel com firmeza e sem medo de pressões. Nesse momento, que sejam ouvidos os epidemiologistas e que as medidas adequadas sejam tomadas”, defende.
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Sobre lockdown, a empresária avalia que Santa Catarina foi o estado que menos adotou medidas restritivas. “O que precisamos entender é que estamos vivendo a pior crise sanitária de todos os tempos, e que se no mundo todo são adotadas medidas restritivas, estas podem contribuir para uma rápida recuperação do sistema de saúde”, completa.
Estado deve assumir liderança do processo
O prefeito Fabrício Oliveira (Podemos) afirma que o munícipio está investindo na saúde mais do qualquer outra cidade do estado, com a abertura de novos leitos e novas contratações com recursos próprios. Apesar desse esforço, ele avalia que é preciso um “pacto” estadual, considerando que o sistema de saúde entrou em colapso e os profissionais de saúde é que estão assumindo a responsabilidade de decidir quem vive e quem morre diante da incapacidade de atender a todos.
“É preciso que o governo do Estado assuma a liderança do processo. Tenho pedido ao governador que rompa com a inércia e deixe a tomada de decisões mal planejadas para o passado. Que coordene a sociedade catarinense no caminho certo. Sem improvisações, arremedos, jogadas de efeito”, afirmou.
O prefeito sugere que o estado convoque os diversos setores da sociedade, prefeitos, legislativo e judiciário pra pensar medidas eficazes. “As pessoas não suportam mais esse grau de incerteza. É preciso clareza nos objetivos a serem buscados com cada medida adotada”, frisou.
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Para o presidente da câmara de Balneário, vereador Marcos Kurtz (Podemos), há uma dificuldade em saber quem pode fazer o quê, com os municípios dependendo do estado pra executar os decretos e evitar questionamentos na justiça, seja por novas restrições ou flexibilizações.
“Eu vejo que o município hoje está de mãos atadas pra mudar essa realidade”, avalia. O presidente segue o entendimento da maioria do legislativo de que o comércio poderia abrir, cumprindo os protocolos sanitários. “Temos que ter restrições, mas com cuidados também pra que a gente não mate o comércio”, observa.
Região tem 16 pacientes na fila por UTIs
Conforme boletim do governo estadual, a região da Foz do Rio Itajaí tinha 16 pedidos de transferência pra leitos de UTI Covid na segunda-feira à noite. No estado inteiro, eram 387 pessoas aguardando vagas. Aos menos 85 pacientes já morreram em Santa Catarina por falta de leitos intensivos. Entre os últimos casos estão os da professora Eliane Mafra, 47, de Navegantes, e o da agente de educação, Kelen Pereira, 43, de Itajaí, que faleceram na segunda-feira.
Os leitos de UTI covid seguem lotados. A ocupação era de 99% na noite de segunda-feira, com pacientes confirmados ou com suspeita de coronavírus. A lotação se mantinha no centro de covid de Balneário Camboriú. No hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, o boletim da prefeitura no fim da tarde mostrava 91,43% de ocupação, com seis leitos vagos. No painel de leitos do estado, atualizado às 22h de segunda-feira, a taxa já aparecia com 100%.
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Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.