Hercílio Luz
Fechamento de lojas e abandono reforçam urgência de revitalização
Com impactos da pandemia, Central Calçados vai deixar o endereço após 30 anos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]




Uma das mais tradicionais lojas do calçadão da Hercílio Luz, em Itajaí, a Central Calçados encerra uma história de 30 anos no endereço nessa sexta-feira. O estabelecimento vai passar a atender na filial do bairro Cidade Nova, na rua Agílio Cunha, 330, em frente à loja Irmãos Rocha.
A saída da loja no calçadão levanta a questão da necessidade de revitalização da Hercílio Luz pra tornar o principal corredor comercial da cidade mais atrativo. O presidente do Sindilojas de Itajaí e Região, Bento Ferrari, esperava que o município passasse a discutir as propostas para o calçadão nesse início de ano, mas nenhuma reunião ocorreu ainda.
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A prefeitura tem propostas para o endereço, prevendo a reurbanização do espaço, novo paisagismo, iluminação e mobiliário urbano. Bento observa que, apesar do projeto, também é preciso buscar o consenso entre os próprios lojistas, que divergem sobre o modelo de revitalização.
O principal impasse é se a rua deveria ser reaberta ao tráfego de veículo ou se deve ficar fechada. “Uns defendem que se feche e outros que se deixe livre, e não se chega num consenso”, comenta. A preocupação sobre uma possível reabertura no trânsito seria pelo risco de acidentes, enquanto outros apostam na liberação pra estimular a circulação de pessoas.
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Além de ações do município na rua, Bento considera que há necessidade de investimentos nas próprias lojas, como no embelezamento das fachadas. Atualmente, alguns imóveis estão em situação deteriorada. “Fica aquele aspecto de centro velho”, observa Bento.
Estimulo ao comércio
Com melhorias no calçadão, entendimento entre os lojistas e o estímulo a vinda de estabelecimentos como bares e lanchonetes, Bento analisa que o comércio também poderia estender o horário de atendimento. Assim, a Hercílio teria uma movimentação noturna e também nos fins de semana. Hoje, as lojas costumam fechar às 18h e não abrem no sábado à tarde.
Sobre o fechamento de lojas, Bento explicou que o problema está ligado ao valor alto dos aluguéis. Ele destaca que a pandemia agravou ainda mais a situação, fazendo com que as lojas fechassem ou se mudassem pra endereços de corredores comerciais como nos bairros Cidade Nova e São Vicente.
A secretaria de Urbanismo confirmou que há projeto para a revitalização, mas ontem não repassou detalhes. O projeto está em elaboração e terá recursos de financiamento internacional do Fonplata, que está sendo usado também em outras obras de mobilidade urbana e drenagem em Itajaí. A previsão é que o projeto seja licitado neste ano.
Impacto da pandemia
O dono da Central Calçados, Luís Carlos Silveira, 55, contou que a mudança faz parte de um processo de reestruturação devido aos impactos da pandemia. O comerciante tem uma loja em imóvel próprio no Cidade Nova há oito anos e preferiu manter a loja aberta só no bairro. No centro, o espaço era alugado.
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Luís analisa que a pandemia fez todo mundo se reinventar e que os bairros se tornaram uma opção mais viável, considerando que as pessoas também estão se deslocando menos para o centro devido às restrições no transporte.
Ele explica que a situação da Hercílio Luz não pesou na saída do calçadão, mas concorda que melhorias são necessárias. Luís é defensor da ideia de reabertura do calçadão por entender que isso incentivaria a circulação das pessoas.
A Central Calçados está com o estoque em promoção. A loja atende no centro até hoje, se muda no fim de semana, e passa a atender no novo endereço a partir de segunda-feira.
Desorganização
e abandono
Para a comerciante Ana Maria Bittencourt, que tem uma conveniência no calçadão há 19 anos, a Hercílio está precisando de uma “renovada”. “A rua está feia e isso afasta as pessoas. O comércio do bairro cresce e no centro as pessoas não vem mais”, relatou.
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Ana aponta que o endereço também virou bagunça, com trânsito de motos e bicicletas que desrespeitam os pedestres. Outro problema, lista, é a presença de muitos andarilhos, o que reforça o aspecto de abandono do local.
A comerciante acha difícil que a rua seja reaberta pra veículos, mas espera que alguma coisa seja feita pra que o endereço volte a ser atrativo. Um tradicional lojista do calçadão, que fechou o comércio de quase 50 anos em 2020, por uma decisão familiar, alerta que o debate não deve se concentrar na reabertura ou não da rua, mas na cobrança de melhorias na infraestrutura.
“Se ficar nesse impasse, não sai nem uma coisa nem outra”, avalia. Nova drenagem e rede de cabeamento subterrâneo estão entre as necessidades. O lojista lembra que a promessa era que a revitalização da praça em frente à Matriz se estendesse pelo calçadão, com intervenções até a praça Vidal Ramos e a avenida Paulo Bauer.
Uma das últimas discussões entre governo e lojistas sobre as melhorias na região foram feitas ainda em 2019, sem avanços. As propostas incluem modernização também da rua Tijucas, outro corredor comercial do centro que sofre com o abandono e teve lojas tradicionais também fechadas.
Para o endereço que dá vista privilegiada para a igreja Matriz, o projeto é de alargamento das calçadas, fiação subterrânea, arborização e modelo de rua com trânsito compartilhado entre carros e ciclistas. As obras fazem parte dos projetos de mobilidade urbana e mudanças viárias na região central de Itajaí.
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