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Milhares de berbigões na orla de BC
Secretaria do Meio Ambiente alerta que moluscos estão em decomposição e não devem ser ingeridos por humanos
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

A praia central de Balneário Camboriú tem amanhecido repleta de “tivelas mactroides” – o molusco popularmente conhecido como berbigão. Há relatos de frequentadores catando as conchinhas na areia para cozinhar e comer. Mas os especialistas alertam que as conchas que chegam às praias estão mortas, geralmente em estado de decomposição, e não devem ser ingeridas por humanos.
O empresário Adriano Gatto filmou a cena na manhã de quarta-feira no trecho entre as ruas 3000 e 3900, na Barra Sul. No vídeo, o pessoal conta que está catando os berbigões para comer. A sopa do molusco é famosa pelo sabor.
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Maria Helena Lenzi Furtado, que é a secretária de Meio Ambiente de Balneário, explica que comer os berbigões da praia é muito perigoso. “Se as pessoas estão fazendo isso, eu acho imprudente, uma vez que os animais estão aparecendo mortos. Estou falando isso com relação a ingestão, pois é diferente de serem coletados quando vivos. É como se pegassem um peixe morto na praia para comer," compara.
A secretária frisa que quando os organismos chegam na praia em grande quantidade é porque já estão em processo de apodrecimento e geram até mau cheiro. “A gente solicita à Ambiental que retire as conchas da praia para conter o mau cheiro. Mas não é uma obrigação, uma vez que esses organismos são marinhos e a existência deles no local faz parte da cadeia alimentar. Se eles morreram ali, vão ser degradados pelo próprio ambiente e utilizados como alimentação pelos outros organismos marinhos. O que não se deve fazer é as pessoas se alimentarem de um organismo que está chegando morto à praia”, alerta.
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Degradação ambiental
O biólogo e pesquisador, Adriano Marenzi, explica que o aparecimento dos berbigões em grandes quantidades é um indicativo de profunda alteração no meio ambiente. “Eles são bioindicadores da qualidade ambiental, no caso, péssima. O surgimento destes organismos mortos na praia ocorre em períodos onde há redução da troca de água salgada na enseada, ou aumento de temperatura, da precipitação e até da quantidade de pessoas. Típico de um verão chuvoso e sem ventos, como o que estamos vivendo”, analisaa.
A mortalidade massiva dos moluscos também pode ser resultado da retirada de vegetação das margens de rios e do acúmulo de material orgânico, por exemplo, do esgoto que vem do rio Camboriú e chega à orla da praia. “Deixar a vegetação crescer às margens do rio, recolher e tratar o lixo e o esgoto de forma tecnicamente correta é o que ajudaria muito nessa situação”, conclui.