praia de LARANJEIRAS
Águas tranquilas e uma multidão na areia
Em dias de movimento, chega a faltar vaga nos estacionamentos da orla. Comunidade quer crescimento mais organizado
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



As ondas que quebram na areia da praia de Laranjeiras mal fazem barulho. O mar calmo, o verde da Mata Atlântica e a variedade da gastronomia são um convite para os visitantes que passam pela região. Um dos destinos mais procurados de Balneário Camboriú, Laranjeiras fica na parte sul da cidade e é uma das seis praias agrestes que se alinham pela avenida Interpraias.
Nos 800 metros de comprimento a praia reserva espaço para comerciantes, passeios de barco, banana boat, restaurantes, aluguel de cadeiras e muitos vendedores ambulantes. Laranjeiras oferece infra e conforto para quem chega. O servidor público Jardel Pereira de Souza, que veio de Goiânia passar férias na região, visita Laranjeiras pela primeira vez e ficou encantado com o lugar. “Chegamos aqui de bondinho e não identifiquei nada que pudesse ser melhorado, a praia é bonita, limpa, segura”, elogia.
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Os atrativos de Laranjeiras não são exclusividade dos turistas. Na ponta do trapiche que fica no costão do lado sul da praia, o aposentado Delcio Manoel Guedes pesca tranquilo. Morador de Itajaí, semanalmente ele acorda de madrugada e dirige até Laranjeiras para pescar. “Frequento isso aqui há 50 anos, Balneário Camboriú tinha três ou quatro prédios, só”, relembra. “Isso aqui pra mim é um santuário” conta o pescador, que chega na areia antes do sol raiar e vai embora quando o movimento aumenta. “O pessoal não me atrapalha, quando eles estão chegando eu já fui embora,” brinca.
O movimento ao qual Guedes se refere, é o grande fluxo de visitantes que passa por Laranjeiras. Foi um ano atípico no turismo, devido à pandemia, muitos turistas deixaram de visitar a cidade, como explica o secretário de Turismo, Valdir Walendowsky. Os países do Mercosul mantiveram as fronteiras fechadas. “E esse público não veio, o que prejudicou muito a hotelaria,” explica.
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Ainda assim, Laranjeiras continua sendo um dos destinos turísticos mais procurados e, conforme o secretário, este movimento tem suas razões. “Primeiro porque é a praia mais próxima de Balneário Camboriú, além disso tem restaurantes, artesanato, uma estrutura maior do que as outras praias agrestes”, completa.
Trânsito não é essa beleza, não
Nos finais de semana e feriados, o trânsito para entrar e sair da praia é intenso. Além disso, Laranjeiras não possui estacionamento em via pública – quem for de carro ou moto deve estacionar em locais privativos. O valor da diária pode variar conforme o dia da semana, mas gira de R$ 10 a R$ 20.
Pro pescador e presidente da associação de Moradores e Proprietários de imóveis da Praia de Laranjeiras, Jaimir Galiski, é importante que o município pense no crescimento projetado das praias agrestes. Sua sugestão é que a prefeitura planeje um lado da via somente para estacionamento, como foi feito na praia de Taquaras. “De maneira geral o trânsito é muito bom, organizado, temos monitoramento de velocidade. Mas tem coisas pra melhorar, como as três entradas principais da praia que não têm estrutura”, explica.
Durante o pico do verão, chega a faltar vagas nos estacionamentos privados, por isso os motoristas estacionam em áreas proibidas, nos acostamentos e até mesmo nos canteiros. “É uma situação delicada. Lota tudo e o pessoal vai estacionando onde dá. Daí o turista quer vir pra praia, não tem vaga para estacionar e quando sai o carro foi guinchado”, reflete Jaimir.
O acesso de carros não é o único problema a ser resolvido, a acessibilidade pra portadores de necessidades especiais é outra preocupação da comunidade. “Temos que bater muito nessa tecla da acessibilidade, hoje não vemos cadeirantes na praia e temos que nos adaptar. Fizemos mudanças no restaurante nesse sentido, mas a cidade ainda tem que melhorar”, completa Keny.
A secretaria de Planejamento foi procurada para falar sobre os assuntos, mas informou que está finalizando o planejamento que prevê questões específicas para o desenvolvimento da região das praias, mas após um estudo detalhado.
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Mar de guarda-sóis na temporada
O movimento na praia e a circulação de milhares de pessoas é tudo o que o comércio local deseja em uma boa temporada. Contudo, o movimento não agrada a todos. Cadeiras e guarda-sóis são dispostos lado a lado e, quem chega mais tarde, corre o risco de ficar espremido na areia. Por isso moradores e turistas que não gostam de movimento procuram horários alternativos.
É o caso da professora Jaqueline Krankoski Paganine, moradora de Balneário. Ela sempre escolhe Laranjeiras por causa do mar tranquilo e a limpeza da praia, contudo, busca evitar a multidão. “A quantidade de pessoas incomoda, por isso a gente sempre vem das 7h às 10h ou de tarde, depois das 17h30. Se deixar pra vir nos outros horários não consegue achar lugar bom na areia. Esse ano mesmo, não viemos em nenhum horário durante o dia, ou muito cedo ou mais tarde”, explica.
A confeiteira Mari Guterres conta que visitou Laranjeiras no início de janeiro, durante o período de férias e se arrependeu da escolha. Ela e a família chegaram no início da tarde e não encontraram qualquer espaço na areia. “Foi frustrante, mal tinha lugar pra pôr uma cadeira. Muitas mesas e guarda-sóis dos barzinhos. Eu estava na ponta da praia e tinha 11 guarda-sóis, isso sem ninguém usando”, relata.
Já o gerente de um restaurante da beira da praia, Keny Alexandre Santiago, explica que a gastronomia é um dos diferenciais de Laranjeiras. Além disso, os visitantes que chegam através do bondinho não podem trazer cadeiras e guarda-sóis, então os restaurantes e comerciantes disponibilizam.
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“Imagine você conhecer uma praia e não ter local para sentar, para descansar. Por isso os restaurantes disponibilizam e também tem o pessoal que aluga”, explica. “Mas a areia é um espaço público, se um visitante chegar e quiser colocar as coisas dele exatamente onde colocamos a mesa do restaurante, nós com certeza iremos retirar. É uma política da boa vizinhança, temos que tratar bem nosso visitante”, observa.
Passeios alternativos
Para quem deseja fugir do trânsito das praias, existem formas alternativas de se chegar em Laranjeiras. O bondinho, por exemplo, é um dos principais meios de transporte até à praia. Para se ter uma ideia, conforme a assessoria de comunicação do Parque Unipraias, somente neste mês de janeiro mais de 30 mil pessoas já circularam pelo empreendimento. Vale se preparar para o passeio: os valores variam de R$ 24 a R42 (conforme a idade) e os horários de maior movimento são entre 12h e 13h.
Também é possível chegar em Laranjeiras pela água, através dos passeios de barco. Na alta temporada o Barco Pirata funciona das 10h às 16h e os valores ficam entre R$ 26 e R$ 53, também variando conforme a idade. Os turistas podem chegar na praia com a embarcação, descer e aproveitar o ambiente, e retornar com os barcos ao final do dia.