SC registra 16 mil novos casos de coronavírus em uma semana; secretário de Saúde pode ser trocado
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Os casos de covid-19 voltaram a aumentar em Santa Catarina. Em uma semana, de quinta-feira passada até hoje, o estado registrou 16.093 novos contaminados chegando a 268.644 casos confirmados desde o início da pandemia. São 2299 casos por dia. No mesmo período, houve 105 mortes, com média de 15 óbitos diários, somando 3173 óbitos desde março. A volta da aceleração da doença preocupa o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, que alega dificuldade de as pessoas seguirem as regras de distanciamento e de combate à doença. “Não saímos da pandemia. E aqui no nosso estado, no Brasil como um todo, nós temos uma característica diferente da Europa, onde teve uma onda muito clara, a primeira onda, os casos quase zeraram, e aí sim começou a segunda onda. Nós não. Estacionamos num patamar alto e por conta de tudo que está acontecendo, da dificuldade de as pessoas entenderem a necessidade de cumprir os regramentos, de distanciamento, uso de máscara, de não se aglomerar, esses casos voltaram a aumentar”, disse André. O futuro do secretário André Motta Ribeiro à frente da pasta da Saúde é incerto. Desde que a governadora interina Daniela Reinehr (sem partido) assumiu o comando interino do estado, ambos não conversaram. Uma reunião deve ocorrer nessa sexta-feira. André, assim que Daniela assumiu, colocou o seu cargo à disposição. “Também me coloquei à disposição para continuar exatamente o que eu estou fazendo: trabalhando em prol da segurança e saúde da sociedade catarinense. Infelizmente, eu ainda não tive a oportunidade de sentar com a governadora para entender o que de fato ela precisa”, explica. Daniela anunciou que quer um direcionamento diferente da pasta. A governadora deu dois sinais de que pretende mudanças drásticas. No final de semana, apagou um post do Twitter onde pedia o uso de máscara durante o feriado, após receber críticas, inclusive do deputado estadual Jessé Lopes (PSL). No domingo, uma notícia do governo do estado apresentou o programa “Vigia Covid”, criado para orientar o cidadão a denunciar o descumprimento das regras sanitárias de prevenção ao coronavírus. O programa foi lançado em parceria com o conselho dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems), da federação dos Municípios de Santa Catarina (Fecam), polícias Civil e Militar e conselho Estadual de Saúde. A notícia foi retirada do site do governo do estado minutos depois. O programa segue no link: https://www.coronavirus.sc.gov.br/vigia-covid/ . Estado precisa manter leitos de UTIs Outra preocupação do secretário é com manutenção da estrutura hospitalar de combate à covid. André explica que o estado precisa manter todos os leitos de UTI funcionando até o fim do ano. Já para 2021, metade dos leitos deve continuar habilitada. O problema é que o Ministério da Saúde tem entendimento diferente e no dia 30 de setembro revogou a portaria de emergência e calamidade em saúde. “Por conta disso nós estamos tendo dificuldades na habilitação de leitos, mas Santa Catarina tem uma proximidade muito grande com o ministério e estamos solicitando habilitações de custeio até o fim do ano”, narra. O professor da Univali Raphael Nunes Bueno, especialista em Saúde Pública, explica que neste momento seria importante os municípios aumentarem a testagem e o monitoramento de grupos populacionais, além de fortalecer o papel das equipes das unidades básicas de saúde no combate à doença. Raphael lembra que, além das flexibilizações em várias áreas, os feriadões também contribuíram pro aumento dos casos. “A população não está respeitando o distanciamento social, inclusive, não respeitando as restrições que ainda estavam sendo impostas à população. Itajaí lançou algumas restrições antes do feriado, medidas pra controle da covid, mas a gente percebe que se teve uma dificuldade na adesão da população e principalmente dos turistas”, observa. Pro especialista, os números aumentam porque nossa população é mais idosa e ela está sendo mais acometida pela doença. “Temos mais uso das UTIs e também reflete na questão da morbidade. Temos que pensar de forma articulada com o estado, já que a região da Amfri está classificada como área de risco, em novas medidas restritivas. Pensar em algumas medidas e ter controle mais efetivo pra que as pessoas realmente obedeçam às medidas, pra que a gente consiga manter o sistema de saúde dando resposta”, conclui.