Itajaí

“A água já está chegando com qualidade à torneira do itajaiense,” afirma diretor do Semasa

Diego da Silva diz que a salinidade, por ora, está controlada. Ele também falou sobre a demora na análise dos pedidos de ressarcimentos dos consumidores, a suspensão de cobrança de fatura e a água captada de fonte privada na praia Brava

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diretor-geral do Semasa, Diego Antônio da Silva, falou com exclusividade ao DIARINHO, nesta quarta-feira, explicando a situação diante da crise de abastecimento em Itajaí, após o rompimento da barreira de contenção da cunha salina no rio Itajaí-mirim, em 13 de outubro.

Segundo informou, o trabalho emergencial pra conter a passagem da água salgada foi finalizado e a taxa de salinidade voltou aos níveis normais. Um projeto de recuperação definitiva na barragem ainda será contratado pela autarquia.

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Diego esclareceu sobre a demora na análise dos pedidos de ressarcimentos de consumidores e explicou a origem da água que está abastecendo os pontos de distribuição espalhados pela cidade. O fornecimento vem dos poços da antiga engarrafadora de água mineral K2, no fim da rua Cabo Antônio Rodolfo, na praia Brava, de propriedade do empresário, Jorge Seif, pai do secretário Nacional da Pesca, Jorge Seif Júnior. 

Conforme o diretor do Semasa, a água dos poços está sendo doada ao município, que está fazendo o tratamento com cloro para respeitar protocolos de segurança. Diego rebateu denúncias de que haveria contaminação na água por necrochorume vindo do cemitério Parque dos Crisântemos, apresentando laudos que apontam a ausência de coliformes.

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DIARINHO – Nessa segunda-feira esgotou-se o prazo de cinco dias que o senhor se comprometeu publicamente como necessário para o controle da salinidade. Como está o índice?

Diego Antônio da Silva: Eu falei que na segunda-feira teríamos a salinidade controlada. E, hoje [quarta-feira], ela está controlada. Estamos captando a água abaixo do máximo permitido que é de 250 miligramas de sal por litro, e água hoje está voltando à normalidade. [Deve ficar nesse limite?] Vai ficar nesse limite. A gente vai verificar o comportamento da cunha salina, como ela vai se comportar nessas obras emergenciais que a gente fez e, por enquanto, a gente está monitorando, mas a água já está chegando com qualidade na torneira do itajaiense.

DIARINHO –  A obra da barragem está concluída ou serão precisos novos reparos?

Diego: Foram feitas duas etapas. Foi feito um emergencial paliativo pra contenção da cunha salina e agora nós vamos fazer um emergencial do projeto, pra depois analisar se [faremos] a contratação emergencial da obra definitiva ou se licitamos a obra definitiva. A gente ainda vai decidir isso.

DIARINHO – Qual o custo do prejuízo à autarquia até aqui?

Diego: Não temos essa previsão ainda.

DIARINHO –O Semasa anunciou que não serão emitidas faturas de cobrança este mês em função do problema da salinidade. Isso não vai afetar o caixa da autarquia? Qual valor estimado de renúncia de valores?

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Diego: Nós ainda não temos esse valor. A gente não sabe qual o período que vai ficar em decorrência da cunha salina alta. Vamos supor que seja pro dia 20 de novembro que ela estabilize, hipoteticamente. Então, eu tenho que poder ter consumado o fato da estabilização da água, pra poder gerar o custo que o Semasa vai ter no caso do problema do caixa, que a gente vai ter, e qual será o volume de recurso. Por enquanto eu não tenho como mensurar. A cunha salina agora está estabilizada, então a gente vai ver o comportamento dela pra ver se não tem oscilações. Se ela se mantiver abaixo de 250 mg/l, a gente já tem um parâmetro bom pra começar a calcular esse prejuízo.

DIARINHO –  O serviço de esgoto também não será cobrado nesse período?

Diego: A tarifa do esgoto nós ainda estamos entrando em diálogo, mas provavelmente vai seguir na mesma linha.

DIARINHO –  O Semasa tem pontos de distribuição de água potável que, inicialmente, foi apresentada como mineral. De onde vem essa água, afinal?

Diego: Existe um problema sério na Praia Brava, na Fazendinha, naquela região do Ariribá que, quando falta água na estação do sistema de água de Itajaí, essas localidades só receberão água quando todos os reservatórios estiverem cheios e pressurizados. Isso pode demorar de dois a cinco dias, dependendo da demanda dos municípios de Itajaí e Navegantes. Então o Semasa já vem conversando com a empresa, a Najaha, que é proprietária daquele local, que era a antiga K2, pra que a gente possa usar essa água deles pra poder fornecer pra esses bairros, pra eliminar esse problema de pressurização por causa dos reservatórios. [Seria um ponto específico na Brava?] Seria toda a praia Brava, Fazenda, Fazendinha e uma parte de Cabeçudas abastecidos com esse poço. Ele tem vazão de água pra isso e o Semasa já começou a analisar essa água desse poço desde o mês quatro, o mês cinco, que a gente está em conversa com a empresa, analisando. Inclusive o Semasa tem dois relatórios dos poços da água, que foi pedido pelo serviço municipal de água. O ponto de coleta foi no local – são dois poços em que nós coletamos – e aqui deu que a água, pra coliformes totais e coliformes fecais humanos, é ausente. Nós temos os relatórios também que descaracterizam qualquer problema com necrochorume, porque se criou uma celeuma que a água poderia estar contaminada com necrochorume por causa do cemitério do Parque dos Crisântemos, mas o ponto de captação é bem longe. No mês seis o Semasa já pediu a análise da água e nós temos feito análises periódicas. Hoje [ontem] mais uma análise, já tem uma da semana passada, então a água é potável, de boa qualidade e não tem problema de contaminação. [Esses poços são usados pra abastecer os pontos gratuitos de distribuição de água?] Essa água está sendo doada pelo empresário Jorge Seif, que é proprietário dos poços. Então vai ser uma doação para o Semasa e a gente está tirando essa água pra poder servir nos pontos. Mas é importante dizer que o Semasa, por ser uma autarquia de água, se você tem um poço de água você pode fornecer aquela água ali pro seu vizinho, mas o Semasa não. O Semasa, por lei, é obrigado a clorar a água. No mesmo momento em que a gente começou a usar essa água in natura, a água bruta do poço, o Semasa já instalou uma bomba de cloro pra que pudesse clorar essa água, pra ter a limpeza da água. Então toda a água que sai da antiga K2, da Najaha, ela já sai clorada, já sai dentro dos parâmetros legais. Na saída do poço a gente instalou a bomba de cloro e que, automaticamente, já faz a dosagem pras caixas de água. Então o risco de contaminação dentro dessa água e dentro desse poço é zero, por causa do cloro.

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DIARINHO –  Existem outros poços que o município usa?

Diego: Existe uma captação que a gente usa no bairro Limoeiro, que não é poço, mas vem de uma nascente que nós represamos e distribuímos praquela comunidade. O Semasa tem um estudo desde 2007, no qual ele já vê essa possiblidade de usar vários poços, pra que a gente possa captar desses pontos e depender menos do rio. Esse projeto existe, nós começamos pela questão da praia Brava, Cabeçudas e Fazendinha, pela questão dos três, quatros dias pra recuperar os reservatórios quando há falta de água. Então a gente começou por esse local que seria o mais crítico de abastecimento hoje. E depois a gente vai estender pro restante do município com outros poços. [Então esses três pontos atendem os pontos de distribuição?] Não, o do Limoeiro atende só a comunidade do Limoeiro e as outras comunidades são atendidas pelos poços da antiga K2.

DIARINHO – Os testes da qualidade da água já foram concluídos após os trabalhos na barragem?

Diego: Nós fazemos a análise de água a cada duas horas. Essa informação está disponível no site do Semasa e lá a gente faz, a cada duas horas, a atualização da salinidade. Ela tem caído consideravelmente. À jusante, que é do mar pra barragem, o índice do sal está em 10, 12 mil mg/l. A água do oceano tem de oito a 20 mil [mg/l]. É muito sal, só que a montante da barragem, que é onde a gente capta, está a 190, 200 mg/l, sendo que pra legislação é no máximo até 250 mg/l. [A turbidez ainda persiste?] Conforme a gente encheu os reservatórios, fizemos as descargas de rede, iniciamos o ortopolifosfato [produto usado pra reduzir o índice de metais na água], o ácido peracético novamente, a turbidez tem caído consideravelmente, bem como as reclamações de sujeira na água.

DIARINHO –  O senhor registrou uma grave queixa à polícia Civil sobre supostos indícios de sabotagem aos serviços da autarquia. Quais indícios seriam esses?

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Diego: O diretor geral do Semasa, que sou eu, na minha pessoa, fez uma ocorrência policial, relatando os ocorridos na avenida Mário Uriarte e também na barragem de cunha salina. Essas informações nós passamos à polícia Civil pra investigação que está nas mãos deles pra melhor elucidação dos fatos. [Mas quais seriam esses indícios?] Tá tudo com a polícia Civil, toda a documentação está sendo entregue pra polícia Civil.

DIARINHO –  Muitos itajaienses relatam prejuízos com resistências, aparelhos eletrônicos, tubulações, caixas de águas sujas e roupas manchadas. Os ressarcimentos não estariam acontecendo conforme o prometido. Qual a instrução ao consumidor que precisa ser ressarcido?

Diego: A resistência é o único procedimento que não pedimos o laudo. É uma nota fiscal, apresenta uma fotografia da resistência que ele queimou, ou vem aqui na autarquia e apresenta ou manda pelo WhatsApp, e aí é iniciado o processo de ressarcimento. Agora quando é máquina de lavar roupa, máquina de lavar louças, quando é máquina de grande porte e chuveiros que alegam que queimam ou explodem, ou coisas nesse sentido, o Semasa pede um laudo. Se caso for comprovado que é o problema da salinidade, é ressarcido o laudo junto com o equipamento. [E se a pessoa alegar que a roupa estragou ou que a caixa d´água foi danificada por causa da água salgada, como funciona?] A roupa continua o mesmo procedimento do Semasa: fotografa, entra em contato com o Semasa pra fazer a fotografia e o Semasa faz o ressarcimento. Pra caixa d´água também. O cliente chama um profissional da área [e diz] ‘ó, a caixa está suja porque provavelmente é ferro e manganês’. Ele vai dar um relatório e o Semasa faz a limpeza e também paga o laudo. Esses laudos e esses equipamentos, caixa d´água, chuveiro, máquina de lavar roupa, com laudo, o pagamento é feito em espécie na conta corrente. Os demais, é na fatura, com exceção da baixa renda que nós estamos tentando, atualizando o cadastro pra fazer o depósito em conta corrente. [Esse retorno tem sido rápido?] Nós temos tido problemas, sim, em relação às respostas. Está acumulando porque, dos nossos atendentes, quatro ou cinco estão com covid. Nós temos mais algumas pessoas do Semasa que estão com covid também, afastadas, então a gente está tendo esse delay. Mas toda a reclamação que vem, tá registrada, ela vai ser respondida, dentro da nossa ordem. Estamos fazendo um mutirão agora pra conseguir colocar em dia. [Quantos pedidos em análise?] Estávamos em 1600 e agora estamos em 1100, mas não é só de ressarcimentos, tem de vários pedidos.

DIARINHO –  Como está a situação de ressarcimentos pra Navegantes?

Diego: Navegantes nos notificou e nós contra-notificamos agora. Nosso serviço com eles é uma relação de consumo, como cliente. Eles queriam que a gente instalasse água mineral lá, mas nós não podemos fazer isso por uma questão de improbidade administrativa do diretor-geral do Semasa. Eu não posso intervir na cidade porque minha relação é de fornecimento de água pro município e não pro munícipe. Em relação aos ressarcimentos, o Semasa entende que a Sesan já tem o lucro dela na venda da água. Aí é uma questão administrativa pra ser discutida.

Após denúncia de contaminação, OAB pediu o fim do uso de poços

O presidente da subseção da OAB de Itajaí, Renato Felipe de Souza, encaminhou ofício ao diretor-geral do Semasa na sexta-feira passada, questionando a autarquia sobre a coleta de água na fonte da praia Brava, levando em conta imagens encaminhadas de populares.

Renato lembrou que o cemitério chegou a fazer um acordo com o ministério Público em ação civil de 2017 que apurou contaminação do lençol freático.

“O local em que o caminhão-pipa fez a coleta é exatamente nas proximidades do cemitério Crisântemos, o que, por si só, leva a uma conclusão sumária de que o lençol freático está contaminado por conta de restos mortais dos seres humanos”, escreveu. Ele também recebeu um laudo técnico, dando conta que a água retirada pelos caminhões estaria contaminada com coliformes, sendo “fatalmente não potável”.

Diante da denúncia, o presidente da OAB pediu pra autarquia tomar medidas pra parar a distribuição de água coletada naquela fonte, ao menos até que se investigue o caso. O ofício foi respondido na terça-feira pelo diretor-geral do Semasa, que disse ter recebido com surpresa a manifestação da OAB.

Diego Antônio da Silva contestou o laudo juntado à denúncia, apresentando relatórios que comprovariam a qualidade da água e que já haviam sido feitos porque a autarquia tem estudos pra usar as fontes como alternativa pra melhorar o abastecimento na região da Brava.

Desde o uso pra contornar o problema da salinidade, testes monitoram a qualidade da água, que ainda passa por cloração antes de abastecer os caminhões, segundo o diretor. O procurador do Semasa, Anderson Carlos Deola da Silva, destaca que o caso de contaminação no cemitério não afeta a área dos poços, onde não haveria lençol freático, conforme relatórios geológicos.

“Onde é a captação de água pra distribuição é um aquífero, que está a 150 metros de profundidade”, afirma. Um laudo geológico aponta que o aquífero é formado por rochas impermeáveis, sendo que a água verte por falhas entre as rochas. Considerando as características geológicas, Anderson observa ser impossível ocorrer contaminação por lençol freático.

O procurador ainda firma que o resultado do laudo entregue à OAB foi de coleta feita na “saída do poço”, conforme dados informados ao laboratório pela pessoa que coletou a amostra, sem que se saiba as circunstâncias. “Ele pegou um vasilhame e levou lá no laboratório. Mas a gente não tem conhecimento se foi exatamente naquele poço e de que jeito foi, se teve a higiene certa, quem fez”, rebate.

Diretor do Semasa é convocado pela Câmara

O vereador Fernando Pegorini (PSL) teve aprovado na terça-feira requerimento pra convocação do diretor-geral do Semasa, Diego Antônio da Silva, ao plenário da câmara de Vereadores. O parlamentar quer que Diego preste esclarecimentos sobre o boletim de ocorrência registrado na polícia Civil, dando conta de indícios de sabotagem na barragem do Itajaí-mirim e na adutora da avenida Mário Uriarte.

Pegorini destaca que a denúncia, trazida na edição de terça-feira do DIARINHO, relaciona a empresa que faz os serviços pro Semasa com a “família de um dos vereadores mais críticos do prefeito Volnei e apoiador dos candidatos de oposição ao prefeito”, citando trecho da reportagem. O vereador lembrou que o próprio prefeito também apontou em entrevista à rádio que a crise hídrica se trataria de uma sabotagem.

“Diante de um ato oficial do Diretor Presidente da autarquia, de levar à polícia elementos que eventualmente pudessem comprovar tal alegação, necessária se faz sua explicação, pois a sociedade itajaiense aguarda por respostas concretas imediatamente”, argumenta. A data da convocação ainda deve ser definida pela mesa diretora do legislativo. 




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