Após receber quase 300 reclamações contras os Correios nos dois últimos meses, o Procon de Santa Catarina resolveu abrir um processo investigativo contra a empresa pra apurar o atraso e até a falta de entregas de encomendas de clientes. As queixas envolvem o período da pandemia no estado e estão ligadas principalmente a produtos comprados pela internet cujos prazos de entrega não foram cumpridos pelos Correios. De acordo o diretor estadual do Procon, Tiago Silva, desde o começo da pandemia foram 280 reclamações recebidas pelo órgão no estado, em diversas regiões. Ele destaca que, diante do número expressivo de queixas, foi decidido abrir a investigação. Os Correios terão 10 dias pra responder os questionamentos do órgão após ser notificado. O Procon quer entender os motivos dos atrasos e a falta de entregas de encomendas.  O órgão questiona sobre os procedimentos adotados pela empresa para atender os clientes durante a pandemia, se ela tem canal próprio pra tratar diretamente as queixas dos usuários e se há prazo de devolução do dinheiro no caso de produto extraviado. A empresa também terá que esclarecer se houve aumento da demanda durante a pandemia, quais ações foram tomadas para suportar esse aumento e quais medidas de higienização e proteção individual foram tomadas para evitar a transmissão do vírus.  No início da quarentena, agências chegaram a fechar e serviços de entregas ficaram suspensos em todo o estado. “A empresa precisa estar apta a realizar o serviço para o qual se propõe. Se isto não acontece, não é justo que seja o consumidor a sair prejudicado”, afirma o diretor. Ele conta que haverá resposta para cada queixa dentro do processo investigativo. Tiago orienta que outras pessoas prejudicadas também formalizem a reclamação junto ao Procon. “No nosso entendimento, há má prestação de serviço”, completa. Se os Correios não prestarem os devidos esclarecimentos, Tiago informa que a empresa estará sujeita a responder uma ação Civil Pública, nesse caso a ser aberta pelo ministério Público Federal por ser tratar de estatal federal. Multa e outras punições também estão previstas. Em nota, os Correios informaram que ainda esperam a notificação oficial do Procon. A empresa esclarece que as entregas e o atendimento nas agências estão ocorrendo normalmente no estado, assim como os centros operacionais, seguindo as medidas preventivas. “Eventuais casos de inconformidades ou contratempos nos serviços de entregas, quando reportados à empresa por meio dos canais oficiais de relacionamento, estão sendo prontamente averiguados e solucionados”, garante. A empresa diz lamentar eventuais transtornos à população e informa que mantém canais por telefone e pela internet para atender à população. Conforme a nota, desde março os Correios adotam medidas de proteção à saúde dos empregados, clientes e fornecedores, além de ter reforçado cuidados básicos de higiene e limpeza em suas instalações. Reclamações de vendas online As queixas contra os Correios têm a ver com outro aumento registrado pelo Procon na pandemia, o das reclamações nas vendas online. Nos primeiros meses de 2020, o órgão recebeu mais de 12 mil queixas, uma alta de 300% em relação a 2019. Segundo o Procon, a situação comprova que as empresas não estavam preparadas pra atender a demanda de vendas online diante do isolamento social imposto pela pandemia. As reclamações envolvem demora ou não entrega do produto, problemas com cobrança e contrato, produtos com defeitos, cancelamentos e entrega diferente do pedido.