Matérias | Entrevistão


Itajaí

Rita Cadillac

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Atriz, bailarina e cantora Nome completo: Rita de Cássia Coutinho Idade: 65 anos Natural de: Rio de Janeiro Estado civil: Casada Filhos: um Formação: Balé Clássico pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro Experiências profissionais: Cantora, atriz e bailarina. Começou profissionalmente como chacrete, dançarina do programa do Chacrinha. Rita Cadillac é um ícone da TV e do cinema brasileiros. Foi bailarina do antigo programa do Chacrinha [Uma espécie de Faustão mais criativo dos anos 70], fez grandes shows no presídio do Carandiru e no imenso garimpo de Serra Pelada, é cantora e tem cinco discos gravados, atuou em novelas e especiais para a TV, fez 17 filmes, oito dos quais para a indústria de entretenimento pornográfico, e ainda arriscou entrar para a política pelo partido Socialista Brasileiro. Hoje, aos 65 anos, se apresenta em shows por todo o Brasil com seu jeitão de coroa enxuta e com uma energia de dar inveja. Convidada especial para a Parada Gay de Balneário Camboriú, Rita Cadillac tirou um tempo para conversar com o jornalista Sandro Silva. Assuntos como respeito, o livro autobiográfico que está produzindo e até a polêmica com o deputado federal Carlos Bolsonaro, que a citou na CPI da Fake News, estão na entrevista. Os cliques são de Fabrício Pitella. DIARINHO – Há quem venha para a Parada da Diversidade para se divertir e tem quem participe para protestar contra a homofobia e pelo direito básico das pessoas poderem viver a própria sexualidade sem repressões. Para você, a Parada Gay é festa, entretenimento, ou é um ato político? E qual deles seria o mais importante? Rita Cadillac – Não, não é só ato político. Mas é uma diversão na qual a gente pode pedir respeito. O que todo mundo pede é só respeito. [Então também tem essa força de reafirmação...] Também tem, claro. DIARINHO – Você dança, canta, atua e, aos 65 anos, ainda está em plena atividade. A vida artística é mais glamourosa ou é mais ralação? Artista tem uma vida tão fácil, como se costuma imaginar? Rita Cadillac– [Gargalhada] Não, não é tão um mar de rosas. O glamour, é porque as pessoas imaginam que a gente tenha uma vida, assim, de deusa. Mas não é. A gente rala pra caramba, viaja, enfrenta estrada, enfrenta tudo. Chega correndo, come correndo, não tem o prazer de saborear uma comida deliciosa, de bater papo, sabe? Porque tem que sair correndo pra fazer o que você tem que fazer. Depois sai correndo pra ir pra sua casa ou pra viajar. Às vezes pra pegar um avião, pra pegar um carro e andar quilômetros. Mas é gostosa essa vida. Eu não nego. Não a trocaria. Não reclamo de nada não.

As pessoas imaginam que a gente tenha uma vida, assim, de deusa. Mas não é. A gente rala pra caramba, a gente viaja, a gente enfrenta estrada, a gente enfrenta tudo...”
DIARINHO – Você fez diversos shows no presídio do Carandiru, em São Paulo, e no garimpo da Serra Pelada, no Pará. Que lições você tirou dessas duas experiências? Um detento e um garimpeiro que vivem em situação subumana, enquanto público são diferentes de alguém que a assiste em outras locais? Do palco, você sente que as reações são as mesmas ou são situações completamente diferentes e que exigem performances diferentes do artista? Rita Cadillac– É bem diferente. São situações bem diferentes. Porque, num presídio, eles são forçados a ter até um respeito. Apesar de que, comigo, sempre houve um respeito muito grande. Porque sempre soube respeitar o presidiário como ser humano. Mas é uma coisa mais assim: ou eles permanecem com o respeito para possa continuar tendo os shows ou se não tiver o respeito acaba ali a brincadeira. No garimpo eles são muito carentes. Havia garimpeiros na Serra Pelada que tinham cinco anos sem sair dali. Porque garimpo é uma febre que dá. É uma febre em que você entrou e não sai mais. O máximo que você sai é quando você bamburra, como se diz, quando você ganha, aí vai para uma cidade grande, gasta, manda dinheiro para a família e depois você volta para aquilo ali. É uma coisa muito difícil de viver também. É um tipo de uma cadeia diferente. [Como é que foi encarar um palco para esse público? O que há de diferente nessa experiência?] Olha, vou te falar a verdade, no início foi meio temeroso, eu com medo. Mas depois vai que vai. DIARINHO – Em 2008, você foi candidata a vereador numa cidade do litoral paulista pelo partido Socialista do Brasil, o PSB. Não se elegeu. Você já tinha alguma militância política antes disso e tem alguma pretensão política ainda? Rita Cadillac– Não tenho. E ali eu fui porque fui convidada pelo partido lá. E aí “vamo, né? Vamo ver”. Mas aconteceram “n” coisas. Em primeiro lugar as pessoas não acreditavam que eu morava numa cidade tão pequena, que era Praia Grande. As pessoas pensavam que eu tava ali só para poder aparecer. E depois é muito difícil você viver a política. A política é muito difícil. Você tem que saber lidar e eu não sei lidar com político.  
Mas é gostosa essa vida. Eu não nego. Não a trocaria. Não reclamo de nada não"
DIARINHO – Falando em político, no início deste mês, você fez um vídeo se dizendo chateada com afirmações do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, feitas na CPI que investiga o disparo de notícias mentirosas, as fake News, na eleição passada. Mesmo você não tendo nada com as fake News, ele citou seu nome dizendo que gostava de fazer filmes pornôs. O que aconteceu exatamente e ele chegou a procurá-la, depois, para pedir desculpas? Rita Cadillac– Não, não fiquei chateada com uma afirmação dele ou não afirmação dele. Fiquei chateada pelo que ele falou e no local que ele falou. Era uma CPI da fake News. Acho que ali não cabia nomes que não tavam relacionados com aquilo ali. [A pergunta também é essa: se você não tem nada a ver com a investigação das notícias falsas supostamente divulgadas por Eduardo Bolsonaro, por que ele a citou?] Eu não tenho nada a ver com aquilo ali. Então pra que é que citou meu nome? Por uma briga dele com o deputado Frota [Alexandre Frota, ex-aliado de Eduardo Bolsonaro e que confirmou na CPI as denúncias do disparo de Fake News]? Oi!? O que é que eu tenho a ver com isso? Então eu fiquei chateada com a citação do meu nome. E só postei, também, um vídeo tirando aquela carga pesada que eu fiquei na hora. [Ele chegou a entrar em contato com você, pedir desculpas?] Não. Mas também nem quero. Se fosse a minha intenção, essa, na hora em que eu fizesse o vídeo eu falaria: “Eu gostaria muito que o senhor fizesse um retratamento ou o senhor pedisse desculpas”. Mas não foi nada disso. A minha intenção não foi essa, pois não tem nada a ver. [Foi mais um desabafo?] Foi um desabafo mesmo. Porque, na hora, eu até falei, acho que ali não era lugar para aquilo. Se eu tivesse envolvida com a situação, maravilha, aí você é citada porque você está envolvida no assunto. Mas quando você não tem nada a ver com o assunto e de repente seu nome surge... Oi!? DIARINHO – Estamos em tempos de um moralismo exacerbado e de ensaios de repressões ao que seja diferente. Ao mesmo tempo estamos num período em que as pessoas lutam para assumir suas escolhas, inclusive no campo da sexualidade. Você, que viveu a televisão na década de 70, época do chamado chumbo grosso da ditadura militar, e viu muito artista, inclusive, tendo que deixar o Brasil, acha que esses tempos podem voltar” Ou acredita que a sociedade está mais madura e vai conseguir reagir a essas repressões? Rita Cadilacc– Não. Olha, a ditadura baixar de novo eu não acredito não. Não. Nós estamos um pouquinho mais adiantados do que isso aí. Não vamos deixar isso acontecer jamais. Porque, quem passou não quer e quem não passou não vai querer entra nessa. Então eu te falo assim: não tem nada a ver. Dizer que nós estamos numa ditadura? Vamos dizer que nós estamos até já numa ditadura, mas uma ditadura de você se pronunciar. Porque, hoje em dia, você tem que tomar cuidado com tudo o que você fala. Hoje em dia você tem que tomar cuidado ao dizer “essa rosa é vermelha” porque querem que seja verde. Então você tem que tomar cuidado com isso. Só digo assim, é uma censura. Não é ditadura, é uma censura de palavras, de atitudes. Então, hoje em dia, você tem que tomar muito cuidado. A internet veio pra isso, pra você hoje em dia tomar muito cuidado com o que você fala. Né!? Porque você tá num bar, você tá num restaurante, eu brinco com você, posso brincar se eu tiver uma intimidade com você, mas a mesa do lado pode não achar que aquilo não foi bom, que aquilo não é permissível.  
Num presídio, eles são forçados a ter até um respeito. Apesar de que, comigo, sempre houve um respeito muito grande. Porque sempre soube respeitar o presidiário como ser humano"
DIARINHO – A presença de Rita Cadillac na Parada da Diversidade de Balneário Camboriú tem a importância também de combater esse tipo de censura? Rita Cadillac– Tem, claro que tem. Acho que é assim, a Parada ela veio pra você poder mostrar que você quer respeito e que tem que ter respeito pelo ser humano. Não me interessa se eu gosto de A, de B ou de C. Acho que o importante é você pregar respeito, pedir respeito. E é uma alegria, um momento de alegria. Então vamos brincar sem extravasar, sem partir para a briga, sem partir para uma agressão. Nada disso tem lugar numa parada. Tem lugar a alegria. Você brincar, você rir, você dançar, se divertir e tendo, claro, respeito pelas pessoas que estão ali. Tanto por quem esteja participando e por quem só está olhando. DIARINHO – Você não divulgou ainda, mas está produzindo um livro e tem já, um tanto formatada, a ideia de um filme que conta a história da sua vida. Em que etapa estão tanto a produção do livro quanto a do filme? Rita Cadillac– O livro tá pronto. [Já escrito e editado?]. Já tá pronto. Agora estamos na parte da escolha de fotos. A gente vai lançar ou em março ou em junho. [Você quem escreveu?] Não fui eu. Escrever, não escrevi, porque eu não tenho essa paciência toda [Risos]. Mas foi tudo relatado por mim e a pessoa foi escrevendo tudo. Claro, ela foi averiguando as verdades, as mentiras, as que podem pôr, os milagres que a gente pode contar sem os santos. Porque a gente também tem que pensar muito nisso. Porque você escrever um livro e contar o milagre e contar o santo você tá correndo o risco do seu livro ser “preso”, né? Então eu não quero isso. Eu conto muitos milagres, mas os santos eu não conto. De jeito maneira nenhuma. [E você vai deixar algum desses milagres de fora?] Olha, tô botando todos.
O que todo mundo pede é só respeito”
DIARINHO – A história contada nessa sua biografia parte de quando? Rita Cadillac– Do dia em que eu nasci. Desde que eu possa dizer assim pra você: “ó eu me lembro disso ou foi contado pela minha vó isso, isso e isso”. Então, vai vir tudo. [Tem bastidores da época em que você trabalhava com o Chacrinha?] Tem. Tem bastidores de tudo, da televisão, tem bastidores do cinema, tem bastidores de tudo. Mas é o que eu te falo, tem bastidores, mas é eu contando o milagre, mas o santo não. Agora, se você é o santo do milagre, você vai saber que é você. Aí o problema vai ser seu se você se delatar, porque eu não vou delatar ninguém. DIARINHO – E o filme? Rita Cadillac– Então, e o filme, quando eu falei que tava escrevendo, teve um cineasta que veio querendo já fazer. Quer dizer, em cima do livro. Ele vai esperar o livro e ver se realmente pode ou não pode. Então é isso o que vamos esperar. Mas tá vindo “ene” coisas aí. Tá vindo muita surpresa. [Se fosse para alguém interpretar a Rita Cadillac, você imaginaria quem interpretaria o papel da melhor maneira?] Olha, eu gosto muito da Juliana Paes, como eu gosto muito da Deborah. [Qual Deborah?] Da Secco. É que são pessoas que poderiam parecer. A Deborah eu até acho muito legal pelo que ela fez no filme Bruna Surfistinha. Então ela pega muito. Mas a Juliana, ela se parece um pouco comigo bem mais nova. Fisicamente e tudo. Então eu acho que ela poderia. [Você já chegou a conversar com ela?] Não, não, nunca. Jamais [Risos]. Vamos esperar. Isso é uma coisa assim, que foi falado, que foi conversado, mas tem que esperar o livro. Vai que a pessoa diga “não, não pode”. Apesar de que todo filme, quando é baseado em cima de uma autobiografia, é claro que é injetado outras situações. Então tem tudo isso aí também. Então também terão coisas que serão injetadas no filme. [Obrigado pela entrevista Rita] Eu quem agradeço. ‘Brigadaço”!
A internet veio pra isso, pra você tomar muito cuidado com o que você fala...”
 




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