O povão de Balneário Camboriú e região está livre de dois estelionatários. Uma golpista, que está entre as mais procuradas do Rio Grande do Sul, e seu amado, foram em cana. A prisão rolou enquanto eles velavam o corpo do irmão da muié, assassinado com quatro balaços na madrugada de segunda-feira. A polícia Civil investiga se há relação da morte com as falcatruas dos acusados.

Logo depois do assassinato de um homem no apartamento 1101 do edifício Paola Gabriela, na avenida Brasil, a equipe da diretoria de Investigação Criminal (DIC) começou a bizolhar o caso. Descobriram que a vitima, identificada até então como Rodrigo de Almeida, na verdade se chamava Valdecir Miguel Gonçalves Ribeiro, o Alemão.

Segundo o delegado Daniel Garcia, ele e sua família estariam metidos com estelionato. Os tiras continuaram o bizu e descobriram que a irmã do falecido, Roseli Gonçalves Ribeiro, tem cerca de 20 passagens pela polícia por estelionato e devia pra dona justa de Passo Fundo/RS. Com a informação, deram o atraque no cemitério de Camboriú, onde rolava o velório.

A muié está entre as 60 pessoas mais procuradas pelo departamento Estadual de Investigação Criminal (Deic) dos pampas e sua foto tá até estampada no site da polícia Civil de lá. “Ela é membro de uma quadrilha que aterrorizava o Rio Grande do Sul com o golpe do bilhete premiado”, afirma o delegado.

Antes mesmo que pudesse enxugar as lágrimas no velório, Roseli ganhou o teje presa. Ela foi colocada no carro da polícia e levada pra delegacia. No meio do caminho, assim que passavam pela rótula das bandeiras, na avenida Santa Catarina, a doidona abriu a porta e se jogou do carro em movimento. Mas os policiais estavam espertos, correram atrás e guentaram a muié.

Junto com ela, no velório, foi em cana o seu companheiro e cunhado do morto: Elton Rodrigues de Lima. Na hora, ele apresentou documentos com o nome de Edson Ribeiro dos Santos, disse que não tinha nada a ver com o lance, mas os policiais descobriram a mutreta e botaram nele as pulseira de aço por uso de documento falso. “Ele faz parte da quadrilha do bilhete também”, conta dotô Daniel.

O delegado suspeita que até o falecido Valdecir estava metido com os golpes do bilhete premiado. Ele vivia num apê caro na área central da city, passeava num GM Malibu chiquetoso. O cara guardava em casa correntes de ouro.

Segundo o dotô Daniel, a família metralha tá pela região desde o ano passado. São de Passo Fundo, mas se mudaram de mala e cuia pra viver na buena por aqui. O delegado quer saber se eles aplicavam o golpe do bilhete no litoralzão também. “Em depoimento, eles falaram que não, mas eles têm bastante dinheiro”, afirma. O casal e Valdecir não tinham trampo registrado. Quem foi vítima dos caras ou sabe das suas tretas pode fazer sua denúncia pro 181.

Nos próximos dias será tomado depoimento dos acusados, familiares e até amigos da vítima. O delegado quer saber se a pilantragem tem alguma relação com o assassinato de Valdecir. Também busca suspeitos pro crime.

Os policiais pretendem ainda localizar o endereço onde Roseli e Elton estavam morando, pra fazer buscas no local e tentar encontrar mais documentos falsos que poderiam ser usados também pela muié.

O casal não quis falar com a imprensa. “Defesa só faço pro juiz depois”, lascou Elton.

Sem chance

Quatro malacos armados invadiram o prédio Paola Gabriela e renderam o porteiro, depois da meia-noite de segunda-feira. Eles pediam pelo “Alemãozinho do Malibu”, referindo-se ao carro de Valdecir. Quando chegaram na porta da vítima, tocaram a campainha e fizeram o trampo sujo. Valdecir foi morto com quatro tiros no rosto e um no braço direito. Os bandidos fugiram sem levar nada, mas antes quebraram o circuito interno de monitoramento do prédio.