As imagens do circuito interno de monitoramento do banco mostram que à 1h02 três homens circulavam tranquilamente pela tesouraria do banco. Apesar de estarem de cara limpa, suas fuças não foram identificadas porque a imagem estaria uma porqueira. Outro problema na segurança foi o alarme da agência, que não tocou com a presença dos ladrões.
Continua depois da publicidade
Um dos cofres era usado como depósito e nele havia documentos antigos. Já o outro era usado pra guardar grana. A assessoria de imprensa da superintendência do banco do Brasil em Floripa se recusou a informar quais eram os tipos de documentos guardados e quanto foi roubado.
O delegado Procópio Batista Ferreira Neto disse que vai esperar o resultado da perícia feita no banco pra começar as investigações. Ele espera ainda pra hoje a entrega das fitas de segurança. A empresa responsável pela vigilância da agência, de nome não divulgado, deu pela falta de um colete à prova de balas e registrou o sumiço da peça na depê.
Continua depois da publicidade
Tavam equipados
Os homidalei não sabem ao certo como os bandidos conseguiram abrir o cofre. Pra polícia Militar, os caras teriam usado pés de cabra pra esgarçar as portas. Foram encontradas marcas pelo chão indicando que um objeto pesado tenha sido arrastado até a sala da tesouraria da agência. A suspeita é de que o bando tava preparado e trouxe um maçarico, que acabou não sendo usado.
Duas garrafas pet com água, deixadas no local, reforçam a teoria. Eles usam água para resfriar a porta enquanto a cortam com o maçarico. Também para diminuir a fumaça que sai, explica o soldado Mesquita, da central de Operações Policiais (Copom) de Penha e Piçarras.
Não se sabe quanto tempo os bandidos ficaram no interior da agência.
Ninguém tem certeza se o banco abre hoje
Agência sem previsão de abertura. O recado, grudado na porta da agência da avenida Nereu Ramos, no centrão das Piçarras, era o único aviso que os clientes do banco do Brasil encontraram ontem quando chegaram no local e deram com as portas fechadas.
A agência ficou sem funcionar durante todo o dia. Cristine de Barros, da assessoria de imprensa da superintendência do banco do Brasil, em Floripa, disse que a direção da instituição tá fazendo de tudo pra voltar a atender o povão numa buena, mas não confirmou se hoje a agência das Piçarras abre normalmente.
Continua depois da publicidade
Ontem, apenas o setor de caixas eletrônicos tava à disposição do povão. Quem precisou usar outros serviços do banco do Brasil precisou bater perna até a vizinha Penha.
Tudo vai depender do ladrão. Se for um especialista, abre fácil.
Os mais de 30 anos de experiência profissional fazem o chaveiro Alceu Zulian, 60 anos, ter uma certeza: Os cofres são pra serem seguros, mas tudo vai depender do ladrão. Se for um especialista, vai arrombar fácil.
Foram ele e um irmão quem, há 20 anos, abriram o cofre do antigo consulado da Argentina, que ficava no edifício Rio do Ouro, na rua Hercílio Luz, centrão de Itajaí. O cônsul havia morrido e levou junto o segredo.
Como eram os mais famosos da cidade, os irmãos Zulian foram chamados. Usaram duas técnicas. Uma delas foi cortar parte da primeira porta do cofre com um maçarico. Trabalho feito por seu Alceu. A segunda porta foi destravada pelo irmão. Como isso foi feito, seu Alceu desconversa e não revela.
Continua depois da publicidade
Basicamente, diz o velho chaveiro, os equipamentos usados pelos ladrões são quatro. Um deles é o maçarico, usado pra fazer o corte das chapas de aço ou metal. Ele nem sempre resolve, afirma, porque alguns cofres têm um revestimento interno de concreto refratário, que protege o conteúdo até mesmo de incêndios. Além disso, o maçarico pode acabar queimando o conteúdo.
Pé de cabra também faz parte do arsenal de quem quer abrir um cofre. Mas ou é usado nos equipamentos mais vagabundos ou serve como apoio para uma outra ferramenta mais eficaz, o macaco hidráulico. É ele, macaco, o único aparelho com força pra esgarçar uma porta de cofre.
Os verdadeiros especialistas no assunto, diz, usam um furadeira potente com uma broca de vídia, aquela usada também para varar paredes de concreto. Nesse caso, a técnica é mais apurada. O profissional sabe exatamente onde fazer o furo para ir monitorando o destancamento das travas. Também nesse caso, é preciso conhecer a marca e o modelo do cofre a ser aberto.
Continua depois da publicidade