Itajaí

JOSÉ DADA

"Nós já temos o deputadômetro, que entrou recentemente, e vamos ter agora o vereadômetro, e vamos ter que fiscalizar"

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

DIARINHO – Quando o senhor descobriu que sua vida profissional seria voltada ao comércio?

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José Dada – Foi precisamente no dia 30 de agosto de 1979, quando eu trabalhava na Inebrasa de Itajaí. Para o patrão a gente sempre recebe o suficiente e para nós nunca é. Eu estava descontente com ...

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José Dada – Foi precisamente no dia 30 de agosto de 1979, quando eu trabalhava na Inebrasa de Itajaí. Para o patrão a gente sempre recebe o suficiente e para nós nunca é. Eu estava descontente com o meu ordenado e o meu ex-sogro, que era o dono do Móveis Alvorada, me convidou para trabalhar com ele. Eu saí da empresa e fui trabalhar com ele, aqui na rua Brusque. Aí eu comecei minhas atividades como vendedor de móveis. [Foi ali que o senhor viu que tinha aptidão mesmo pra ser comerciante?] Não. No final daquele ano eu me formei pela Univali como advogado e comecei a advogar. Em 1984, surgiu uma oportunidade de negócio para eu comprar o Móveis São Vicente. Fizemos um levantamento e chegamos a conclusão de que era uma empresa que vinha com o financeiro abalado, mas não era bem administrada, no nosso ponto de vista, porque ela tinha cinco donos e nenhum trabalhava na empresa. E quando você tem cinco donos e nenhum trabalha, a coisa não funciona. Aí começamos o trabalho, numa dificuldade imensa. Foi a primeira loja de móveis no São Vicente e deu certo. [E com relação à câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), como foi sua trajetória até chegar à presidência?] Eu tinha essa possibilidade, por causa da minha trajetória com a Móveis São Vicente, que era inscrita, associada, e utilizava os serviços da CDL. Numa Marejada, quando eu era presidente da associação Coral Vila Lobos, trabalhava na festa, num daqueles quiosques, para ganhar dinheiro para a entidade. Em uma noite da festa, fui convidado por um amigo para ir num quiosque de exposição náutica, que era do Reinaldo [Lourenço Inácio, atual diretor de Profissionalização e Serviços da CDL de Itajaí]. Começamos a conversar e no dia seguinte ele foi na barraca do Vila Lobos e fizemos amizade. Aí fui convidado por ele pra participar de uma das assembleias que a CDL realiza. Passei por três gestões, a última do Reinaldo. Pela nossa amizade, ele me convidou para participar da diretoria e vim participando, desde 1994. Em 2007, chegou a minha vez a ser indicado como presidente e devo terminar minha gestão, se Deus quiser, em 31 de dezembro de 2012.

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DIARINHO – Que avaliação o senhor faz da evolução do comércio de Itajaí?

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Dada – Estou em Itajaí desde 1974. E aqui nós tínhamos uma rua, especificamente, bem comercial, que era a Hercílio Luz. Ela fervia, com bom movimento, tudo que se instalava, funcionava, aliás, funciona até hoje. O pessoal reclama, mas é um dos aluguéis mais bem pagos aqui de Itajaí, então não podemos dizer que não é um bom comércio. Na época, tudo era direcionado pra rua Hercílio Luz. As grandes redes nacionais eram a Hermes Macedo, a Prosdócimo, e o comércio era bem centralizado. Mas nós também tínhamos um outro comércio, diversificado e fortíssimo, que era dos atacadistas. Tínhamos o Chico Reis, que foi um atacado espetacular, o Zizo, que era forte, o próprio Vitória, que implantou em Itajaí as redes de grandes magazines. O comércio era vinculado à Hercílio Luz e à rua Tijucas, mas essa muito pouco; e o de atacadistas. Com o tempo, já em 1980, começou a surgir o São Vicente, que representou uma nova visão, um novo amanhã pra cidade de Itajaí, porque foram instalados por lá núcleos habitacionais financiados pelas cadernetas de poupança. Com isso, uma boa parte dos comércios foi pro lado de lá. [E nos dias de hoje, qual sua avaliação do comércio itajaiense?] Hoje, se você olhar a Hercílio Luz, já percebe que ela não é mais aquela de antigamente, centralizadora. O comércio já se espalhou, se diversificou. Hoje, por exemplo, você vai no bairro Cidade Nova e encontra boas lojas para adquirir produtos de uso pessoal, como calçados, roupas, móveis e eletrodomésticos. Também temos a Estefano José Vanolli, no São Vicente, que tem grande possibilidade de crescimento, se organizada, com muito mais futuro do que a própria Hercílio Luz. Isto porque a cidade de Itajaí está crescendo para o lado de lá, pois aqui no centro já não tem mais pra onde ir. Hoje, você encontra na Estefano lojas de nível nacional, como Koerich, Berlanda, Salfer, fora os nossos comércios fortes, que também estão implantados ali. [E de que forma este potencial dos comércios pode ser melhor explorado na cidade?] Você tem que organizar a coisa. Falta tomada de decisão do poder público. O comerciante se instala da forma que ele acha conveniente, não quer saber se está agradando ou desagradando alguém, é algo comum do ser humano. Mas cabe ao poder público organizar e dizer se é preciso fazer um recuo, um estacionamento, vitrine bem feita, uma série de coisas. É isto que pretendemos fazer com um futuro projeto para Itajaí, que está querendo sair do papel agora, segundo o que o prefeito [Jandir Bellini] já está falando. Itajaí tem que crescer ordenadamente.

DIARINHO – O centro da cidade morre nos finais de semana e também durante a semana, após às 18 horas. Como o senhor vê esta situação, até levando em conta que na vizinha Balneário Camboriú as lojas ficam abertas no mínimo até às 22 horas?

Dada – Abrir até às 22 horas é muito relativo. O comércio se adapta a todos os princípios que nós podemos ter. Quando o comerciante vê que, abrindo no sábado à tarde, ele tem uma possibilidade de vender bastante, vai abrir. A Estefano José Vanolli é um exemplo disso. Todo mundo que precisa de alguma coisa no sábado à tarde sai do centro e vai lá no bairro comprar. Isso fortaleceu aquele comércio. Hoje, teríamos que fazer com que as pessoas entendessem que o comércio de sábado é obrigatório, porque dá uma opção de compra àquelas pessoas que trabalham dentro do horário comercial. Por que a Hercílio Luz morre? No meu entender, é porque ela não tem atividade humana depois das sete da noite. Se você tivesse uma choperia, uma lanchonete, locais para você deixar seu automóvel, sua bicicleta ou sua moto, você poderia tomar um chopinho enquanto a sua mulher vai olhar algumas vitrines, o filho toma um sorvete etc. Poderíamos ter vários motivos para fazer com que o centro de Itajaí ficasse ativo, tanto assim que ali na Fazenda, na Beira-rio, à noite os estabelecimentos funcionam muito bem. Enquanto nós tivermos o pensamento de que a Hercílio Luz só é uma rua comercial de móveis, eletrodomésticos, roupas ou calçados, nunca vamos ter movimento após as sete horas da noite.

DIARINHO – Em contrapartida, a rua Estefano José Vanolli, no São Vicente, tem movimento após às 18 horas e nos fins de semana. Por que isso acontece?

Dada – Na Estefano José Vanolli, se você for lá as sete horas da noite, termina um tipo de comércio e já está abrindo outro tipo, que é o comércio de fast food. Tem o cachorro-quente, a batata frita, o espetinho de gato, tudo isso funciona ali. Se tu quer uma cervejinha, tem. Vou até dar um exemplo: o motivo do Vovó Zena hoje ser grande foi o cachorro-quente em frente à loja Antônio Bittencourt, que fervia ali de gente. Moral da história, o Vovó Zena não atrapalhou o cachorro-quente, mas ganhou uma grande freguesia. [Ainda falando da Estefano, há anos a prefeitura tenta transformar a rua em mão única, alegando que melhoraria o trânsito e não atrapalharia o comércio. O senhor acredita nisso?] O projeto do São Vicente é fazermos uma Estefano José Vanolli determinada para o comércio, mas também com o desenvolvimento das outras ruas paralelas. Porque se amanhã ou depois for implantada mão única na Estefano, que é algo que se fala muito, e esse projeto for de desenvolvimento pra todo o São Vicente, automaticamente, estaremos apoiando e defendendo este projeto, com toda certeza. O que a gente não gostaria que acontecesse com a Estefano é o que ocorreu com a Heitor Liberato, que morreu para o comércio, bem como como rua Blumenau. Voltando lá atrás, em 1974, quando eu vim para Itajaí, a rua Blumenau era um dos centros comerciais da cidade. A gente nunca pode impor: ‘Temos que fazer mão única no São Vicente’. Mas coordenando o desenvolvimento daquele local e organizando, com princípios que atendam a todos.Acredito que fará o comércio de Itajaí crescer ainda mais. [O senhor acha que a mão única foi a culpada pela morte comercial das ruas Blumenau e Heitor Liberato?] A Heitor Liberato, eu tenho plena certeza. A rua Blumenau, eu não posso afirmar. Quando fizeram a Irineu Bornhausen, que é a Caninana, a Blumenau ficou um pouco prejudicada no sentido comercial. Tanto assim que o comércio da Irineu Bornhausen é efervescente, mesmo sendo uma mão única. Mas a Heitor Liberato eu tenho certeza absoluta, porque o comércio ali era fortíssimo. [Com base em tudo isso, o que o senhor acha da mão única para a Estefano José Vanolli?] Desde que organizando as coisas, ela é viável. Momentaneamente, não. Agora, o que tem que ser feito na Estefano José Vanolli é uma reurbanização, tirando fora aqueles canteiros que numa época serviram, mas hoje não servem mais. Dinamizá-la, através de estacionamento ao longo da via. E colocar, pelo menos, mais duas lombadas eletrônicas. Por que eu digo isso? Porque há a condição de você não utilizá-la, se você não precisar entrar no comércio. Por exemplo: eu moro no São Vicente há 26 anos e só passo na Estefano quando é preciso, porque eu tenho as ruas paralelas. Se eu quiser ir da Adolfo Konder aos Cordeiros, eu posso passar pela Antônio Ayres dos Santos, a Luiz Lopes Gonzaga ou a Otávio Cesário Pereira. Eu não passo na Estefano porque ela é uma rua eminentemente comercial. E as ruas comerciais têm trânsito lento, que não chega a 30 km/h. Se nós fizermos hoje um desenvolvimento bem organizado pra Estefano José Vanolli, Antônio Ayres dos Santos, Otávio Cesário Pereira e Luiz Lopes Gonzaga, conseguiremos fazer um belo trabalho para o desenvolvimento do comércio do São Vicente. Aí não haveria necessidade de se fazer uma mão única.

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DIARINHO – Enquanto nada é feito na Estefano, a rua Hercílio Luz, que é o coração comercial da cidade, receberá a segunda revitalização em menos de cinco anos. O senhor vê a necessidade de mexer na rua de novo? Não seria melhor investir em outras ruas comerciais do município?

Dada – Não. A Hercílio Luz é uma rua que tem que ser tratada com um carinho todo especial. Ela deu toda a iniciação ao desenvolvimento da cidade, é uma rua pequena. O problema que existe na Hercílio Luz é um conflito entre você definir se passa carro ou não, utilizar de uma forma ou de outra. Não se definiu como ela vai ser e enquanto você não define isso, fica sempre uma dúvida muito grande. A Hercílio Luz foi mal feita. A rua foi traçada por seis metros e meio, pra não passar ninguém. As calçadas, que o pessoal costuma passar, tem em torno de dois metros e meio. Ainda colocaram bancos, aqueles terríveis orelhões, uma coisa ridícula. São velhos, atrasados e não precisa mais aquilo ali porque hoje os celulares imperam. Fizeram uns postezinhos pra separar a calçada da rua, que foram roubados, o que é mais um problema para o poder público resolver. Quando se permite que flanelinhas, que andarilhos se instalem em qualquer lugar, dá esse problema. Não estou dizendo que todos são dessa forma, mas já vimos pessoas que trabalham como flanelinha invadindo construções aqui pelo centro, por exemplo.

DIARINHO – Existe uma associação de comerciantes da rua Hercílio Luz, a Centro Lojas, que não faz parte da CDL. Por que isto ocorre? Esta divisão enfraquece o setor?

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Dada – Quando pegamos a CDL, até para alcançar determinados objetivos de fazer com que ela chegue até seu associado em todos os sentidos, instituímos sete núcleos. Fizemos o núcleo do Centro, da Fazenda, do São João, do São Vicente, do Dom Bosco, da Cidade Nova e de Cordeiros. Então, colocamos coordenações ali. O coordenador estaria antenado ao que estivesse ocorrendo naquela localidade, e isso nos daria informações. Faríamos solicitações, em nível de federação ou de poder público, que é aquela coisa de dinamismo, que funciona. Por exemplo: ‘Promorar não tem policiamento’. Então, eles solicitam, a gente entra em entendimento com o comando e vê as possibilidades de se fazer com que se solucione aquele problema. No centro, como tem a Centro Lojas, que foi montada pela Hercílio Luz, automaticamente a nossa coordenação não está funcionando adequadamente. Mas a gente vê a associação da Hercílio Luz como um fator de desenvolvimento daquele local. Quando eles precisam da gente, e se estiver dentro das nossas possibilidades, nós vamos lá e, de comum acordo, auxiliamos. Um exemplo foi quando eles solicitaram uma reunião com a Famai [fundação do Meio Ambiente de Itajaí], a prefeitura e a polícia Militar, com relação àquele desordenado som da Hercílio Luz, que virou uma bagunça. A gente intercedeu aqui no CDL e fizemos esse tipo de trabalho. Tomamos uma iniciativa que, quer queira, quer não, ajudou alguns e prejudicou outros, porque os caras que ganhavam o suado dinheirinho do som foram cortados. Mas tem de ser organizado. Se não for organizado, não funciona. Está proibido o som na Hercílio Luz? Não, mas ele vai ter de ir lá na prefeitura, na secretaria de Urbanismo, solicitar uma autorização, pagar uma taxa, vir aqui e se encaixar dentro do padrão de volume de som exigido pela lei. Se não me engano, são 60 ou 70 decibéis. Não proibimos, tem que se adequar. Então, nesse sentido, a gente forma uma parceria. Não somos contra. [Não existe uma rixa?] Absolutamente. A única coisa que fizemos foi não interceder na administração deles. Eles fazem aquilo que acharem melhor. Nós cuidamos do lado comercial, até porque não podemos interceder, pois a CDL cuida do comércio de Itajaí. Não damos preferência para a Hercílio Luz ou para a Estefano José Vanolli. A gente dá atenção a todas elas. Hoje, o Bona [Bornaldo de Oliveira] está na presidência da Centro Lojas. Se ele fosse um associado nosso, também estaria dentro da CDL. Só não está porque a loja dele não é associada à CDL. [Mas essa associação da Hercílio Luz não pode significar uma insatisfação com a CDL?] Não dá para se falar nesse sentido. Nós oferecemos um produto. O serviço da CDL é o sistema de crédito dela. Depois nós temos a valorização do nosso associado, através de cursos e profissionalização. Nós temos adequações específicas de fornecimento de produtos especiais para quem é filiado à CDL e utiliza-se do SPC [serviço de proteção ao crédito]. Temos um tipo de controle, que é a executiva de cobrança, que facilita para o associado. Temos também a junta de Conciliação e Julgamento, instalada dentro da CDL, para solucionar problemas entre os comerciantes associados e os devedores. Então, nesse sentido, trabalhamos normalmente. Temos a Centro Lojas, que funciona ali na Hercílio Luz, e também o Sincomércio, do qual, até certo ponto, somos parceiros. Até onde nos interessa, somos parceiros. Ao que interessa à CDL e à Centro Lojas, também somos parceiros. Agora, a hora que quiser prejudicar a CDL, que até o presente momento eu não senti, então devemos tomar alguma providência. Mas nada que venha impedir que ela funcione. Isso nós não podemos fazer.

DIARINHO - O senhor acredita que a Havan dará uma nova dinâmica ao comércio local?

Dada – Sem dúvida. A Havan vai trazer pra Itajaí algo que até então nós não temos. Tu imagina uma empresa que vem pra cidade e vai trazer uma novidade. A Havan é diferente. Você pode até me perguntar se os comércios ao redor serão prejudicados. A princípio, acho que vão. Depois, todo mundo vai se adequar às condições da Havan. Mas ela vai dar uma nova dinâmica ali em volta e os comerciantes que estão por ali vão ter que se adaptar a esta situação. [Então, a médio e a longo prazo, o senhor acha que a Havan vai beneficiar os outros comércios?] Não tenho dúvida disso. Eu diria até que isto vai acontecer quase que de imediato. Porque o comércio consiste em você atrair consumidores para comprar na nossa cidade, seja no São Vicente, Cordeiros ou outro bairro. Eu me sinto feliz quando vai alguém da Fazenda no Rio Bonito comprar algo na minha loja. É porque ele sabe que tem algo diferenciado. E este princípio do bom atendimento no comércio é algo fundamental. Quem tem um bom atendimento no comércio, com certeza, tem sucesso, tem um bom futuro.

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DIARINHO - Itajaí vai sediar, em menos de um ano, a famosa regata de volta ao mundo e receberá velejadores, organizadores e outros visitantes de vários países. O senhor vê o comércio de Itajaí preparado para atender os estrangeiros?

Dada – Para atender este público que virá pra cá, estimado em 150 mil pessoas, ainda não tem ninguém preparado. Mas já estamos mantendo um relacionamento com o poder público, com sindicatos e associações envolvidas, discutindo o que deve ser feito. Eu acredito que, a partir de setembro, a CDL já vai começar a fazer reuniões com sindicatos de toda a nossa região. Nós já temos um princípio do que vamos fazer, temos um projeto, inclusive até o Sebrae [serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] está envolvido, para fazer com que a gente dinamize o trabalho e mostre ao nosso pessoal o que este evento significa para nós. Temos que estar disponíveis para esses visitantes. Nós, costumeiramente, achamos que o comércio tem que fechar às 19 horas. Mas, se houver condições durante a regata, podemos conversar com os comerciantes pra eles prolongarem o atendimento até as 22 horas, ou até meia-noite, trabalhar em três turnos, enfim, fazer uma coisa que a gente tenha condições de atender bem este pessoal. São 150 mil pessoas que vão passar aqui em 20 dias, dizem. E isto é quase a população de Itajaí. Imagina isso em matéria de alimentação, por exemplo, o preparo que tem que haver. E isto é obrigatório, porque comer todo mundo precisa. [E vai ser feito algum curso ou projeto pra qualificar nossa mão-de-obra?] Sim. Sebrae e CDL são parceiros neste sentido. No ramo da alimentação, por exemplo, precisará ser feita uma verificação pra uma série de princípios obrigatórios, como higiene e qualidade dos produtos. Os cardápios também devem ser em português e inglês. Precisa ainda que se identifique quais são os estabelecimentos que dispõem de cartão de crédito e quais bandeiras, para a pessoa não ser surpreendida na hora de pagar. Temos esta responsabilidade de identificar, não sei se através de um selo, os estabelecimentos qualificados para atender este público. A ideia é fazer um folder para ser distribuído, mostrando onde ficam os estabelecimentos, que tipo de cartão aceitam, o que oferecem. Outra coisa que nos preocupa é o sistema hoteleiro. Temos que saber o que o hotel oferece. Há estabelecimentos aqui que se intitulam hotéis, mas quando tu entra nele é uma espelunca, uma coisa muito mal feita. Aí vem mais uma crítica ao poder público. Eu, como presidente da CDL, não posso ir lá e fechar o hotel. Eu posso até dizer que ele não serve. Mas quem tem que agir é o poder público municipal. [Acha que até a regata, no mês de abril do ano que vem, Itajaí estará preparada?] Nós temos uma vantagem muito grande, pois estamos saindo de uma temporada de verão e ainda estamos aquecidos. Mas o problema é que sempre há uma carência de funcionários qualificados para a satisfação de todos e não vamos conseguir resolver isto, porque temos vícios no comércio e nos consumidores. Vamos precisar de pessoal que domina o inglês, para que nos ajude a atender este público estrangeiro.

DIARINHO - O endividamento das famílias brasileiras preocupa os comerciantes?

Dada – Bastante, sempre preocupou. [O senhor não tem medo que daqui a pouco tempo as pessoas não consigam mais honrar os compromissos e a inadimplência vire um problema sem controle?] O Brasil está numa ascensão muito importante. Mas também não é tão grande assim. As pessoas estão pintando esse crescimento econômico com uma cor muito viva. Mas esse é um problema sério, o endividamento da família brasileira é grande. Ele está fora de controle. Existem compromissos de valores significativos e em longuíssimo prazo. E isso pode causar, lá adiante, uma bolha, como aconteceu em outros países, como a gente acabou de saber. Quando você facilita algo em longo prazo, se não tiver o controle de ver na pessoa o que ela ganha para poder assumir aquele compromisso, você corre o risco de não receber. Isso acontece com todos nós. Você vai fazer um cadastro e o cidadão ganha R$ 700. Se você pegar esses R$ 700, e ele tiver prestações acima de R$ 200 a R$ 250, cuidado, porque tu podes vender e até receber, pela honestidade, mas pode não receber também. Por que eu digo isso? Porque o valor está comprometendo ele em mais de 30% do que ganha, e quem ganha pouco e compromete acima de 30%, é um perigo, pois, se der uma dor de barriga, por exemplo, ele vai ter de tirar dinheiro da onde? Daquela prestação que ele não vai pagar... [Até que ponto a nova crise econômica mundial deve afetar as vendas do comércio?] As crises mundiais afetam e muito o comércio porque, se a Europa deixar de consumir o produto brasileiro, automaticamente vamos deixar de vender aquilo ali, deixar de exportar. A mesma coisa são os Estados Unidos com a China, com o mundo todo. Hoje, temos, por exemplo, a agroindústria. Ela é o fator mais importante no sistema que rege a balança cambial. A nossa salvação também é que comida temos que consumir. O pessoal pode deixar de comprar o automóvel, a máquina de lavar roupa, o aparelho celular, qualquer coisa, mas a comida ele não deixa, e o Brasil é forte na agricultura. Então, eu acho que, daí sim, não vai afetar no seu todo. Outro fator importante que o Brasil tem é que 95% da economia gira em torno das micro e pequenas empresas. E elas são fortes. Não é qualquer coisa que derruba. Tu superas. Agora, empresas grandes, que têm um rio de funcionários, se der uma queda de dois meses, é falência.

DIARINHO - O senhor está sempre engajado na luta contra a criminalidade, mas os comércios do São Vicente e do centro da cidade são constantes alvos dos assaltantes. O que falta pra polícia coibir os crimes e dar mais tranquilidade aos empresários e cidadãos de Itajaí?

Dada- A primeira coisa que falta é contingente policial. O nosso é muito baixo, pois nós temos 180 mil habitantes e precisaríamos de, pelo menos, 500 policiais para poder funcionar adequadamente dentro dos princípios que regem a segurança. [O senhor já foi vítima de assalto?] Já fui, umas três ou quatro vezes. [No seu comércio?] Sim, no meu comércio mesmo. Mas não é só o aparato policial que vai nos dar segurança. Nós temos de ter uma educação para isso. Temos de ter uma preparo. Saber onde está a origem da criminalidade. E ela está em cima das drogas. Cerca de 95% ou mais dos crimes que ocorrem em nossa cidade, qualquer espécie, envolvem a droga. Através do consumo, do tráfico ou de qualquer outro princípio. E o que temos feito para combater esse tipo de crime? Muito pouco. Para termos segurança, temos de ter uma educação familiar adequada. As entidades precisam se preocupar em preparar esse pessoal que está emergindo para o trabalho. A educação não é pela polícia que tem de ser feita, mas pela escola, pela secretaria de Educação, pelos princípios de educação. E nós não temos preparação para recuperar essas pessoas. Nós temos um conselho tutelar em Itajaí, hoje, que funciona? Não, não temos. Nós temos hoje uma secretaria de Saúde que funcione nesse sentido? Uns lampejos, eu diria. E o estado? O estado de Santa Catarina e o estado nação, o que estão fazendo? Nós temos que saber cobrar. Ir aos nossos eminentes deputados que vieram aqui em Itajaí colher votos e fazer com que eles venham a nos dar soluções que precisamos. E nós precisamos nos organizar para saber aquilo que queremos, em cima de princípios. Iniciamos um trabalho e ele, infelizmente, foi rompido. Eu presumo que por causa de política, porque tem muita gente em Itajaí que se interessa por política. E tem outros que se interessam em fazer com que a gente desenvolva um trabalho que venha resolver os problemas da cidade. Então, hoje, a prevenção é a melhor forma que você tem de fazer para ter segurança na cidade. Se você tem um povo educado, com saúde, que trabalha, dificilmente vai ter criminalidade. Outra forma para se ter segurança são as câmeras. Nós só temos 50 e poucas. Para se ter uma ideia, Balneário Camboriú tem entre 400 a 450. Então, Itajaí precisa de, pelo menos, umas 200 câmeras para vigiar entrada e saída da cidade. Monitorar esse tipo de coisa. [O senhor teme que a nova lei do código penal, que na prática diminui a quantidade de prisões no Brasil, incentive os autores de assaltos e furtos a continuarem no mundo do crime?] Sem dúvida. Imagine o que acontece hoje em nosso país. Toda vez que você possibilita alguém de fazer alguma coisa, sendo crime e não sendo penalizando, está incentivando a pessoa a cometer esse crime. Daí você vai dizer assim: ‘A pessoa educada não vai cometer esse crime’. Isso sim. Por isso eu falo em educação, saúde e trabalho. Mas hoje, eu cometo o crime e eu não vou para a cadeia.

DIARINHO - A CDL era contra o aumento de 12 pra 21 vereadores em Itajaí. E mesmo fazendo abaixo-assinado e campanha, não conseguiu impedir o aumento. Qual a lição dessa luta e como o senhor avalia a postura dos vereadores que aprovaram o aumento, mesmo contra a opinião pública?

Dada – Tiro a lição de que a câmara de Vereadores de Itajaí só se interessou pela empregabilidade. Não existe outro fator que justifique isso. A não ser que eles vão me provar futuramente – e aí eu vou ter de esperar até 2013 – que a coisa funciona que é uma beleza. Não provaram em nenhum momento os motivos que os levaram a passar de 12 para 21. Se eu tenho 300 mil habitantes, então vou ficar com 21 vereadores, como manda a lei. Agora, se eu tenho 183 mil, o máximo que eu deveria ter, dentro dessa proporcionalidade, são 13, porque dá 12,81 na minha conta. Com 12 vereadores estão gastando mais do que com 21 em 2004, e eu não sei qual é a proporcionalidade disso, pois não sei o que aconteceu, mas essa conta, para mim, não está correta, apesar de que tu não tem acesso a esses números. Mas vamos partir da conta que, se em 2004 se gastava R$ 4 milhões, e em 2010 se gastou R$ 12 milhões... Que tipo de administração a câmara de vereadores faz para gastar tanto? Então, esse é um princípio que não me convenceu do porquê de 21 vereadores. Os vereadores têm duas sessões por semana, das 18h às 22h, nas quais 80% fazem elogios ou críticas aos seus pares, com quem, no fim, vão tomar cafezinho, e em 20% trabalham em cima da legalidade para o qual foram eleitos. E eu nem vou falar do ordenado. Então não tem necessidade de passar de 12 para 21 vereadores. Esses 12 vereadores, que gastaram no ano de 2010 R$ 12 milhões, fizeram 84 projetos, 58 para dar nome a ruas. Cabe a nós criticar. Seria de muita coerência se eles tivessem oportunizado assim: ‘Pessoal, é lei. Essa lei nós vamos cumprir’. De que forma? Faça uma audiência pública. Contrate a Univali para fazer uma pesquisa direcionada dentro dos interesses da população de Itajaí. Só uma pesquisa, não precisa fazer um plebiscito. Vamos debater essa pesquisa, pegar os nossos princípios e fazer uma ou duas audiências públicas. Pronto. Acabou. Mas não, eles foram direto para os 21. Então, para mim, só houve interesse político. Político-partidário, porque, segundo me consta, tem vereadores que só votaram por causa do partido. Foi o que me disseram.

DIARINHO - Por que o senhor acha que Itajaí continua praticamente sem representantes no alto escalão político?

Dada – Itajaí não terá representantes no alto escalão até aprendermos a votar. [O senhor acha, então, que nós não votamos em quem é daqui? Esse é um motivo?] Sim, esse é um dos motivos. Existem vários motivos que influenciam isso. O primeiro é um problema de educação. Itajaí recebe muita gente de fora. Eu sou um deles. De onde tu vens, tu tem tua ramificação, então consegues fazer a coisa. E nós fizemos isso, as entidades fizeram um trabalho consciente. Fomos para imprensa, divulgamos através de outdoors um caminhão de coisas. Fizemos reuniões aqui na sala debatendo com presidentes de partido o interesse que se tem em eleger pessoas. Não escolhemos partido. Mas disseram-nos na cara que o interesse do partido é fazer com que ele tenha uma projeção política melhor em Itajaí. E é isso que acontece. Confunde-se mais o povo do que se elucida. Provavelmente, esses 12 vereadores vão ser reeleitos, porque, na época da campanha, foram lá e deram remedinho e coisa e tal. Para uma coisa as entidades já estão se preparando. Nós já temos o deputadômetro, que entrou recentemente, e vamos ter agora o vereadômetro, e vamos ter de fiscalizar. A gente vai ter problemas com essa informação, mas acho que nós vamos implantar. [O senhor tem pretensões políticas?] Declaradamente, não. Já fui convidado, sondado por dois ou três partidos. Minha palavra é: não sou candidato e não serei candidato. Se me convidarem para participar de movimentos no sentido de trazer para a cidade educação, saúde e desenvolvimento comercial, eu serei um legítimo contribuinte, dentro das minhas possibilidades, é claro, mas, politicamente, não.

RAIO-X

Nome: José Dada

Idade: 62 anos

Naturalidade: Rio dos Cedros/SC

Estado civil: Casado

Filhos: Dois filhos

Formação: Ensino superior completo, com graduação em Direito pela Univali

Carreira profissional: Trabalhou como comerciário, industriário, advogado e hoje é comerciante, proprietário da empresa Comercial de Móveis São Vicente, e presidente da câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itajaí

“Nós já temos o deputadômetro, que entrou recentemente, vamos ter agora o vereadômetro, e vamos ter que fiscalizar”

“Se você olhar a Hercílio Luz, já percebe que ela não é mais aquela de antigamente, centralizadora. O comércio já se espalhou, se diversificou”

“Quando o comerciante vê que, abrindo no sábado à tarde, ele tem uma possibilidade de vender bastante, vai abrir”

“A Câmara de vereadores de Itajaí só se interessou pela empregabilidade... não provaram em nenhum momento os motivos que os levaram a passar de 12 para 21”




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