A loja da Havan em Itajaí tá sen­do construída no bairro Fazenda e o povão da região tá feliz da vida com os cerca de 200 empregos que serão gerados. Mas se todos come­moram a inauguração de uma filial da empresa da Marrecolân­dia por aqui, nem todo mundo gostou da ideia de ter uma estátua da Liber­dade gigantona numa das principais vias da cidade, a avenida Sete de Setembro. Por isso, o DIARINHO ou­viu os peixeiros pra saber se são contra ou a favor do monumento. Um sabichão também deu seus pitacos e falou de uma perda contí­nua da cultura. Já a prefa garante que não há como regular o que será feito na obra e a direção da Havan afirma que a estátua é uma marca da empresa e que a polêmica é normal.

Nas ruas, há quem seja completamente contra a construção da estátua. A comissária peixeira Keytt Souza, 24, diz que a empresa de­veria fazer algo que tivesse mais relação com a cidade. “Não tem nenhum signi­ficado para a nossa cidade a estátua da Liberdade, só para os americanos. De­veriam construir algo com a cara da nos­sa cidade”, lasca a peixeira.

Já quem mora na Fazenda afirma que a obrona só vai trazer benefí­cios. Além dos empregos, pode va­lorizar os imóveis do local. “Minha casa fica bem perto da loja, então vai valorizar bastante, e ainda va­mos ter empregos pra região. A es­tátua é um ícone da loja e devemos respeitar”, defende o autônomo Cleverson Ruths, 33, que será vizi­nho do futuro comércio.

Descaracterização constante

O historiador e professor da Univali, Ângelo Christoffoli, explica que a estátua pode des­caracterizar o patrimônio histórico-cultural da city, mas lembra que esse processo já come­çou há bastante tempo e por omissão do poder pú­blico. “Se formos levar em consideração o nosso pa­trimônio histórico-cultural, essa construção é negativa para a cidade. No entanto, isso não começou agora, mas bem antes. Quem lembra de alguma ação da prefeitura ou governo para pre­servar algo na nossa cidade?”, pergunta o sa­bichão, que também vê a transformação como uma marca de Itajaí. “Tam­bém há outros pontos a se considerar, como a imagem de cidade cosmopolita que Itajaí adquiriu, principal­mente desde a construção do porto. Por esse lado, a estátua vai ser apenas mais um elemento des­sa diversidade cultural”, pondera.

Prefa diz que está de mãos atadas

O secretário de Urbanismo de Itajaí, Paulo Praun, alega que a pre­feitura não pode interferir no que a empresa vai construir no local. “Não há uma legislação específica que nos dê autoridade pra impedir uma obra como essa. Além disso, não acredito que isso vá prejudicar a cultura da cidade, pois temos vários elementos de outras culturas. Temos que respei­tar a marca da empresa”, sidefende o bagrão.

Estátua terá 30 metros

Através de sua assessoria de comunicação, a Havan informou que adotou a está­tua da Liberdade como um de seus símbolos a partir de 1996, com a implantação em Brusque. O monumento é uma estratégia de marketing da empresa, associada a outro símbolo americano incorpo­rado em sua fachada, a Casa Branca, e a intenção foi criar um marco na lembrança dos clientes. A estátua de Itajaí terá 30 metros de altura – a maior réplica é a de Barra Ve­lha, com 57 metros. A assesso­ria ainda explicou que as lojas de Balneário Camboriú e Blu­menau não têm o monumento apenas por falta de espaço pra construção.