O que o escritor brasileiro Machado de Assis tem a ver com economia? Nada. Pelo menos até ontem, quando o personagem foi envolvido numa polêmica étnica graças a um deslize publicitário do segundo maior banco público do Brasil, a Caixa Econômica Federal. É que a direção da instituição deixou veicular uma propaganda do banco onde um ator branco interpretava o escritor, que era de origem afro-brasileira. Ontem, a propaganda foi oficialmente tirada do ar.
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O que era pra ser uma propaganda pelos 150 anos da Caixa, na busca por mais clientes, acabou se transformando numa cagada histórica. Representantes de movimentos negros de todo o país caíram de ...
O que era pra ser uma propaganda pelos 150 anos da Caixa, na busca por mais clientes, acabou se transformando numa cagada histórica. Representantes de movimentos negros de todo o país caíram de pau na direção do banco público. Até os chefões da secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que é ligada ao gabinete da presidente Dilma Rousseff (PT), se manifestaram sobre o episódio e criticaram a escolha de um ator branco pra representar o escritor mulato.
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A lógica do movimento negro e da Seppir é que, ao colocar um branco pra retratar Machado de Assis, a Caixa ajuda a tornar invisível a contribuição de afro-brasileiros na construção do Brasil e distorce informações relevantes pra compreensão da personalidade literária do escritor mulato, de sua obra e de seus contexto histórico.
Além de tirar a propaganda do ar, no finalzinho da manhã de ontem a direção da Caixa lançou uma nota pública, reconhecendo a caca que fez. (A Caixa) pede desculpas à população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial, dizia a nota sobre a gafe.
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