Um verdadeiro exército de crianças e adolescentes está à serviço do tráfico de drogas em Itajaí, Balneário Camboriú, Camboriú e Navegantes. Se você acha a afirmação um exagero é porque ainda não viu os números que espantam até mesmo as autoridades. Somente este ano, nada menos que 103 dimenores foram apreendidos trabalhando pra traficantes nas mais diversas funções. E o problema não vem de hoje. Pelas estatísticas do Ministério Público Estadual, nos últimos cinco anos, foram cerca de 500.
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Pra piorar ainda mais a situação, na maior parte dos casos, esses soldadinhos do tráfico acabam viciados e alguns até mesmo assassinados. Essa questão da droga afeta diretamente a infância de nossos ...
Pra piorar ainda mais a situação, na maior parte dos casos, esses soldadinhos do tráfico acabam viciados e alguns até mesmo assassinados. Essa questão da droga afeta diretamente a infância de nossos jovens, que ficam reféns do entorpecente e, pra usarem a droga, acabam tendo que vender para traficantes mais velhos, analisa o delegado Osnei Valdir, responsável pela repressão ao tráfico da divisão de Investigações Criminais (DIC) de Itajaí.
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Uma das situações mais graves está em Itajaí. No ano passado, passaram pelas delegacias ou pelo conselho tutelar nada menos que 62 crianças ou adolescentes que trampavam para o tráfico. De janeiro até o começo desta semana, o número era de 28 dimenores descobertos como integrantes do exército-mirim que vem sendo montado pelos traficantes.
Números seriam ainda maiores
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Pro policial federal aposentado Carlos Ely, secretário de Segurança da prefa peixeira, a situação é considerada crítica. Ele não tem dúvidas de que o número é ainda maior do que o divulgado pelo Ministério Público. Muitas crianças e adolescentes vendem para as relações deles, então fica mais difícil pegá-los, avalia.
A beleza da turística Balneário Camboriú constrasta com a tenebrosa realidade de que, entre janeiro e agosto deste ano, nada menos que 48 meninos e meninas com até 17 anos foram apreendidos em algum trampo pra traficantes e acabaram na depê da cidade. Paulo Roberto de Souza, diretor do programa Resgate Social da prefa da Maravilha, não se conforma com os números. Mas admite a dificuldade tanto da polícia quanto de quem, assim como ele, trampa pra afastar a garotada do sedutor convívio com os bandidos que comercializam drogas. Os menores estão soltos e escondidos por traficantes, aponta.
Situação sem controle
Também pro juiz Adilor Danieli, da Vara da Infância e Juventude de Balneário Camboriú, o problema dos menores no tráfico é bem maior do que os números apontam. Ele argumenta que os dados oficiais se referem apenas aos adolescentes que a polícia apreende, enquanto centenas de outros, que não são pegos e continuam atuando, não entram nas estatísticas.
A preocupação do magistrado é que a cada ano a situação fica ainda mais grave (veja no gráfico abaixo). De março de 2010 até agora, que é o período em que ele está à frente da vara da Infância e Juventude, diz que todo mês aumenta o número de jovens envolvidos no tráfico de drogas.
A única melhora que viu acontecer, garante o juiz, foi num trecho do centro da cidade. Houve uma redução parcial nos últimos meses com a atuação da Guarda Municipal na avenida Atlântica, porque muitos dos adolescentes apreendidos por tráfico eram pegos nas imediações daquela região, afirma. Mas, ressalta, isso não quer dizer que a garotada saiu do tráfico e não há como dizer se está ou não atuando em outras regiões da cidade.
Não pense que Navegantes e Camboriú escapam das estatísticas. A city dengo-dengo vê uma verdadeira escalada da participação de menores no tráfico de drogas. Em 2007, apenas um adolescente foi apreendido servindo aos traficantes. De janeiro a agosto de 2011, já são 14 apreendidos o mesmo número de todo o ano passado.
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Em Camboriú, que é o lugar onde mais morrem adolescentes ligados ao tráfico, este ano foram recolhidos 15 deles. No ano passado foram 24.