Itajaí

Navios de cruzeiro tão indo embora de SC

Com isso, o número de turistas em Itajaí e Porto Belo deve cair mais da metade na próxima temporada de transatlânticos

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Quem vinha se animando com a turistada que chegava ou embarcava pelaqui nos navios de cruzeiros e até já pensou em montar um negócio qualquer pra ganhar dinheiro pode ir tirando o cavalinho da chuva. O que seria a promessa de uma nova categoria de turismo na região tá virando dor de cabeça pros gestores públicos. As companhias internacionais estão diminuindo o número de transatlânticos que navegam pela costa brasileira e a decisão já refletiu nas escalas do píer turístico Guilherme Asseburg, de Itajaí, e da baía de Porto Belo. Na city peixeira, pelas contas de Agnaldo Hilton dos Santos, secretário municipal de Turismo, o número de visitantes que chegarão por conta dos navios de cruzeiros vai diminuir 54% na próxima temporada. Na Capital dos Transatlânticos, a brochada será de aproximadamente 65%, estima Antônio Carlos Lopes, o Cacau, presidente da fundação Municipal de Turismo (Fumtur) e vice-presidente do grupo de Trabalho (GT) Náutico de Santa Catarina, ligado à secretaria de Turismo do estado (SOL).

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Em Porto Belo, a temporada de cruzeiros, que começa em 16 de novembro e vai até março do ano que vem, terá 30 escalas. Acha muito? Que nada! São 13 escalas a menos que na temporada passada, observa ...

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Em Porto Belo, a temporada de cruzeiros, que começa em 16 de novembro e vai até março do ano que vem, terá 30 escalas. Acha muito? Que nada! São 13 escalas a menos que na temporada passada, observa Cacau. “Na temporada passada recebemos 113 mil turistas e este ano a gente quer chegar a 50 mil, mas é um desafio grande”, admite o chefão da Fumtur.

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Em Itajaí a situação não é diferente. “Para temporada 2013/2014 teremos a previsão de 25 mil visitantes, uma redução de 54%, pois no ano anterior recebemos 54 mil visitantes.”, informa Agnaldo, da secretaria de Turismo.

E a situação tende a piorar. “Há duas semanas, a companhia Íbero Cruzeiros cancelou a vinda de mais um navio, o Grand Mistral”, lamenta o chefão da Fumtur. E não é por menos, cada vez que o Grand Mistral ancorava ou atracava na Santa & Bela, trazia cerca de 1,8 mil turistas.

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A brochada na presença dos transatlânticos em Itajaí e Porto Belo pode ser medida em grana. “Estudos apontam uma média de gasto por passageiros de R$ 100 por dia”, diz o abobrão da Sectur peixeira. Ou seja, se na temporada passada os turistas deixaram por aqui algo perto de R$ 16,7 milhões, na próxima essa dinheirama tende a cair pra R$ 7,5 mi. Serão R$ 9,2 milhões a menos a circular na mão de taxistas, motoristas de vans, artesãos, donos de restaurantes, de lanchonetes ou de pequenos e médios comércios. Isso, sem falar de intérpretes, carregadores de mala e guias de turismo.

Entenda por que a Santa & Bela sofre com a debandada dos naviozões

É fácil entender por que a Santa & Bela está entre os estados que mais sofrem com a debandada dos armadores donos de transatlânticos. É que o estado tem ainda pouca estrutura pra receber as embarcações, incluindo aí os problemas ligados aos trâmites burocráticos. Daí, na hora de decidir onde manter as linhas de cruzeiros, as grandes companhias vão optar por ficar, principalmente, nas regiões das costas paulista e carioca.

Pro empresário Antônio Carlos Lopes, o Cacau, do GT Náutico da Santa & Bela, o foco das operadoras é reduzir custos. “As viagens são principalmente regionais, o combustível é o segundo mais caro do mundo. Aí, o navios saem de Santos e param em Ubatuba, ilha Bela, ou saem do Rio de Janeiro e param em Búzios, Parati ou Ilha Grande”, exemplifica.

Por isso, na cachola de Cacau, umas das soluções pra enfrentar essa crise é também criar roteiros regionais no litoral catarina. “Com isso, as companhias iriam colocar navios com base em Itajaí e ter roteiros para São Chico, Porto Belo, Florianópolis e até Buenos Aires (Argentina)”, acredita. “O sul do Brasil tem um mercado com um PIB (produto interno bruto) maior que o Chile e tem um mercado consumidor três vezes maior que o português. Por isso a gente tem que formar uma rota turística consolidada e competitiva no sul do país”, argumenta.

O problema, afirma o empresário, é que a burocracia governamental tem empatado processos como o da prefeitura de Porto Belo, que tenta alfandegar seu porto turístico. “Não tenho dúvidas de que se Porto Belo conseguisse o alfandegamento, Itajaí e todo o estado ganhariam com isso, porque seria um atrativo a mais para a vinda de linhas de cruzeiro para Santa Catarina”, aposta Cacau.

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Como os gestores tão se coçando

Pra tentar minimizar o impacto, os gestores de turismo de Itajaí e Porto Belo tão correndo atrás do prejuízo e batendo na porta das operadoras. Alguma coisa já deu certo, garante o abobrão da Fumtur. “Nós conseguimos duas escalas novas, com a Pulmann Tour e com a MSC”, diz Cacau, emendando: “Isso faz com que a cidade não perca mais ainda, pois não fossem essa duas companhias, iríamos ter uma temporada terrível”.

Tanto exagero nas palavras tem um motivo. O navio da MSC que terá escala em Porto Belo é o Preziosa, nada menos que o maior transatlântico que atualmente opera na costa brazuca. Tem capacidade pra 4435 passageiros, três vezes mais que o Grand Mistral, cancelado pela Íbero.

Em agosto, o povo da secretaria de Turismo de Itajaí esteve em Sampa num evento da associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav). Um dos objetivos foi caçar os representantes das operadoras e dos armadores. “A companhia Costa Cruzeiro já assinalou que volta a operar Itajaí na próxima temporada”, afirmou Agnaldo dos Santos, abobrão da Sectur peixeira. Mas, pra ele, só mesmo com o alargamento da bacia de evolução do rio Itajaí-açu vai ser possível catar mais transatlânticos.

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Companhias reclamam de altos custos e falta de infraestrutura

O problema da redução das escalas de transatlânticos não tá acontecendo só no nosso quintal, ou melhor, nas nossas praias. Nas contas da direção da associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos, a próxima temporada terá algo perto de 648 mil cruzeiristas em toda a costa, curtindo os 230 roteiros de viagens que ainda sobraram no Brasil. Isso representa uma redução de 15% no total de turistas, se comparado com a temporada passada.

Lá vai outro dado ruim: o país caiu pra sétima colocação no ranking mundial de cruzeiros marítimos. “O Brasil já ocupou a quinta colocação neste ranking, mas, por causa dos altos custos da atividade no Brasil, principalmente tributários, que tem deixado o país menos competitivo, estamos perdendo posições para outras regiões, como a Austrália”, reclama Ricardo Amaral, presidente da Abremar e seção brasileira da Cruise Lines Internacional Association (CLIA, traduza como associação Internacional de Operadores de Linhas de Cruzeiro).

Antônio Carlos Lopes, o Cacau, vice-presidente do GT Náutico da secretaria de Turismo do governo da Santa & Bela, reforça a avaliação do chefão da associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos. “É tudo isso o que a Abremar diz, além da competição com outros destinos, principalmente os destinos emergentes como Ásia”, analisa.

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O Brasil, diz Cacau, tem o segundo combustível mais caro para navios do mundo, pratica taxas caras para embarque e desembarque, tem uma burocracia difícil de encarar e possui ainda pouca infraestrutura portuária pra receber os naviozões de cruzeiro. Aí é batata: como os mercados da Ásia e da região da Austrália começam a crescer, os armadores tão migrando pra lá. “O chinês tá começando a querer viajar em cruzeiros e aí tá começando a faltar navios. Nós perdemos em competitividade”, critica Cacau, que além de empresário do ramo do turismo náutico também é superintendente da fundação Municipal de Turismo (Fumtur) de Porto Belo.

Para a próxima temporada, apenas 12 embarcações de cruzeiro navegarão pela costa brazuca. Em anos anteriores, esse número chegou perto de 20.

O ranking por passageiros transportados*

1° – USA – 10,44 milhões

2° – Inglaterra – 1,7 milhão

3° – Alemanha – 1,38 milhão

4° – Itália – 923 mil

5° – Canadá – 763 mil

6° – Espanha – 703 mil

7° – Brasil – 694 mil

8° – Austrália – 623 mil

*Fonte CLIA / Referente a 2011




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