O dia 27 de novembro de 2013 vai ficar pra sempre na história de Itajaí. Foi a primeira vez em que a primeira presidenta do Brasil pisou em terras peixeiras. A visita ilustre de Dilma Rousseff (PT) foi para oficializar a regulamentação das universidades comunitárias e também pra despachar a ordem de serviço das obras de contenção das cheias em Santa Catarina. A cerimônia rolou ontem à tarde na Univali e ocupou três pavilhões da instituição. A petista discursou por 30 minutos e vazou sem conversar com a imprensa.
Dilma discursou com o sorriso na orelha. Ao defender a sanção da lei das comunitárias, a presidenta afirma que esta é a oportunidade de expandir o ensino superior para o interior do país.
Continua depois da publicidade
Outro ponto destacado pela toda poderosa é o perfil cooperativista das universidades comunitárias, que criou um projeto bem sucedido, na opinião dela, para se enraizar em localidades ainda não atendidas pelas instituições públicas. Dilma revelou, ainda, que a prioridade do Brasil é uma só e invariável: educação.
A presidenta agradeceu aos trampos prestados pelas instituições comunitárias, pois acredita que elas ajudam a realizar o sonho de muitos brasileiros do interior que não têm condições de viver na capital e assim cursar a sonhada faculdade.
Continua depois da publicidade
Democratizar a educação é possibilitar o acesso ao maior número possível de pessoas. As comunitárias contribuem para a formação de profissionais, que vão contribuir com o desenvolvimento do país. Vamos formar craques da ciência, tecnologia, humanas, artes. Formar aqueles brasileiros que são a parte essencial do país, emendou.
Dilma alega que regulamentar as universidades comunitárias é o primeiro passo para a democracia. Ela argumenta que, como para fazer um bolo, são necessários vários ingredientes; a educação também precisa de elementos complementares.
Ampliar as universidades federais é uma parte da receita. A criação do Prouni [Programa Universidade para Todos] para ingresso nas universidades privadas é outra. O financiamento estudantil também é um facilitador. Estamos fazendo de tudo para garantir, no Brasil, que todo aquele que queira estudar, possa fazer isso, assegurou.
Jandir usa discurso pra falar da via portuária
O primeiro a discursar pro público de mais de 500 pessoas, na sua maioria formado por políticos, barnabés e puxa-sacos, foi o prefeito Jandir Bellini (PP).
Visivelmente nervoso com a presença de Dilma, ele iniciou o falatório de cinco minutos valorizando os pontos fortes de Itajaí. Orgulhou-se do porto, da pesca e do povo peixeiro.
Na sequência, posicionou-se favorável à lei de regulamentação das universidades comunitárias e comemorou a assinatura da ordem de serviço para o início das obras de combate às cheias.
Continua depois da publicidade
Pra finalizar o blá blá blá, Bellini cobrou de Dilma, como quem não quer nada, a continuidade das obras da Via Expressa Portuária, paralisadas desde julho de 2012.
Eu gostaria de fazer um convite a Vossa Excelência, senhora presidenta Dilma. Gostaria de reencontrá-la novamente para a retomada das obras da nossa via expressa portuária, obra esta que foi de tal importância para a economia de Itajaí e tão aguardada por toda a nossa população, carcou.
Canetaço autoriza obra em barragens
Há exatos cinco anos, o Vale do Itajaí vivia uma das maiores enchentes já registradas na história da Santa & Bela. O clima de calamidade instaurado em 2008 foi presenciado pela presidenta Dilma, pois ela veio ao estado na ocasião. Por isso ontem ela celebrou o início da implantação do maior plano de controle de cheias já feito no Brasil.
A ordem de serviço pra obra, que será realizada nas barragens de Taió e Ituporanga, foi assinada pelo governador Raimundo Colombo (PSD) e pelo ministro interino da Integração Nacional, Francisco Teixeira, durante a visita da presidenta.
Continua depois da publicidade
Ao todo, serão investidos R$ 60 milhões pra aumentar a capacidade de retenção de água em 18% e tornar mais efetivo o controle de cheias. O início das obras é imediato. O trampo deve ser concluído em 18 meses. O investimento vai beneficiar 20 municípios do Vale.
Univali poderá receber grana federal
Reitor Mário César dos Santos diz que lei não muda o modo de gestão da Univali
Ao todo, a Santa & Bela conta com 150 mil alunos matriculados em 14 universidades comunitárias. Como forma de agradecimento à presidenta Dilma Rousseff por ter sancionado a lei de regulação, o reitor da Univali e presidente da associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), Mário César dos Santos, entregou uma placa com mensagem honrosa à toda poderosa.
O reitor alega que a Univali já é, de fato, uma instituição comunitária. Com a aprovação da lei, isso se torna também um direito e abre portas pra instituição. Com a possibilidade de receber verba pública ao acessar, a partir de agora, editais de órgãos governamentais dirigidos às instituições públicas, a expectativa é conseguir reduzir os valores das mensalidades. No entanto, Mário César ainda não pode estimar o percentual do abatimento nem quando isso poderá acontecer.
Continua depois da publicidade
A lei das comunitárias não aprofunda questões de como essas universidades devem manter uma gestão transparente e democrática. Para o reitor da Univali, os recursos próprios da instituição não se misturam com a verba pública, por isso, não haverá alterações na forma de tocar a Univali. O que for dinheiro público será conquistado por meio de licitação e destinado para o fim próprio e as contas serão ajustadas com o governo, enfatiza.
Sindicato diz que comunitária é privada mascarada
Seguindo os passos da confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), o sindicato dos Professores de Itajaí e Região (Sinpro) é contra a regulamentação das universidades comunitárias. A categoria tá cabreira porque, enquanto o plano Nacional da Educação tá mofando no congresso, a nova lei pretende dar arregos pra instituições privadas mascaradas com o discurso de não terem fins lucrativos.
Existem dois tipos de instituições, as públicas e as privadas. Não existe na Constituição uma terceira, chamada comunitária. A comunitária é, na verdade, privada, e como privada não pode receber verba como se fosse pública, argumenta Cristina Castro, porta voz da coordenadora-geral do Contee, de Madalena Guasco.
O órgão reforça que reconhece o papel importante desenvolvido pelas comunitárias, mas defende que essas universidades precisam ser tratadas como privadas. Nós defendemos que o investimento público deve ser aplicado nas instituições públicas, completa.
Outro berreiro diz respeito à gestão transparente e democrática. Segundo o Contee, seria necessário rever a gestão das universidades comunitárias, bem como a forma de eleição de reitores, coordenadores e, sobretudo, a prestação de contas. No início de novembro, a confederação enviou uma carta à presidenta Dilma Rousseff para que a lei das universidades comunitárias não fosse sancionada. Mas perderam a briga.
Somente usuários cadastrados podem postar comentários.