O crime aconteceu por volta das cinco horas da madrugada, na rua Delfim Pádua Peixoto. De acordo com uma amiga da vítima, ele foi assaltado na saída de uma festa, quando já entrava no carro pra ir embora. Levaram a carteira, o celular e o relógio. Não satisfeitos, deram um tiro à queima-roupa na nuca dele. Baita covardia, escreveu Liliane Serpa, que postou o desabafo no Facebook.
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De acordo com o tenente Luis Antonio Pittol Trevisan, da PM de Itajaí, depois de ser atingido na nuca, Alemão ainda conseguiu dirigir mais alguns metros, antes de apagar. Neste momento, o veículo atingiu outros que estavam estacionados na rua. Provavelmente, ele reagiu durante o assalto e foi atingido, deduz o policial.
Bruno foi levado em uma ambulância ao hospital Marieta Konder Bonrhausen, mas não resistiu e morreu num dos leitos da unidade de Terapia Intensiva (UTI). O pistoleiro não foi identificado.
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Estresse da PM e Codetran
Pela versão da polícia Militar, não foi possível agir logo em seguida ao crime nem registrar o boletim de ocorrência porque os agentes da coordenadoria Municipal de Trânsito (Codetran) de Itajaí, que teriam sido os primeiros a chegar ao local, não comunicaram o fato à polícia. Sequer ligaram para o 190, o número de emergência da PM. Testemunhas acionaram a Codetran, julgando que fosse um acidente de trânsito, diz o tenente Trevisan.
Ao perceber que o caso era bem mais grave, os agentes da Codetran acionaram apenas os socorristas do serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Nesse meio tempo, não teriam comunicado o fato à polícia Militar. Nós não ficamos sabendo da ocorrência por eles, reforça o oficial da PM.
O coronel reformado Albanir Santos, mandachuva da Codetran, garante que foi a PM quem chegou primeiro ao local. Segundo ele, quando os guardinhas de trânsito chegaram, dois policiais militares já tavam na cena do crime. Inclusive, foi a própria polícia Militar que acionou a Codetran, afiança Albanir, numa versão bem diferente da que foi dada pela PM.
Depois de ser liberado do instituto Médico Legal (IML), o corpo de Alemão foi levado pra Ibiporã, um pequeno município no centro-norte do Paraná, sua cidade natal. O enterro tava marcado pras 17h de ontem. O surfista morava há oito anos em Balneário Camboriú.
Se formou há duas semanas
Bruno concluiu o curso de Turismo e Hotelaria pela universidade do Vale do Itajaí (Univali) ano passado. A formatura aconteceu há cerca de duas semanas. Atualmente, trampava numa empresa de som e iluminação na Maravilha do Atlântico.
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A morte do jovem causou comoção nas redes sociais. Desde a madrugada de domingo, familiares, amigos e surfistas que o conheciam deixaram mensagens de despedida e de revolta pelo assassinato do rapaz. Vai com Deus, irmão! Você era demais! Sempre alto astral e nunca tinha tempo ruim pra nada... Descanse em paz, Alemão., escreveu José Souza Filho.
O amigo Renan Maggi também manifestou pesar pela partida de Bruno, incrédulo com a notícia da morte: Vai com Deus, meu brother. Não estou acreditando ainda! Saudades eternas.
Mas a postagem mais emocionada na página de Bruno foi a de Mara Rossato Santana, mãe do rapaz. Hoje Deus colocou mais um anjo lá no céu. Levou pra cuidar de nós aqui na terra. Enquanto você esteve aqui, você foi muito feliz e nos fez muito feliz!! Eu te amo, meu filho, e vou amar para sempre! Que Deus o acolha com todo o amor. Vá em paz, meu Brunão. Sei que onde estiver, você vai fazer inúmeros amigos, como fez aqui! E contagiará todos com sua alegria e seu jeito único de ser!!, postou a mãe ainda no domingo.
Outros assassinatos na Brava
Leonardo foi morto quando saía da balada
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1º de Janeiro de 2013 - Leonardo Torres de Campos, 23 anos, foi esfaqueado e espancado a pauladas quando também saía de uma balada na Brava, lá pelas duas horas da madruga. Um bando brigou com Leonardo e um amigo por motivo besta e partiu pra cima dos dois. O amigo fugiu, e Leonardo foi assassinato. O garoto era de Joinville e passava a virada do ano na Brava. Miquelangelo Nere, 24 anos, Esmael Ricardo Nere, 27, Jonathan da Silva, 28, e Rafael da Silva, 19, foram presos duas semanas depois.
Joana também foi vítima da violência
27 de fevereiro de 2011 - A oceanógrafa Joana Rico, 28 anos, também foi vítima da intolerância na Brava. Ela levou um tiro na nuca, ao defender o namorado numa briga. O crime aconteceu às cinco horas da madruga. O assassino foi o comerciante Edmilson Ribeiro de Moraes, 26, dono do bar Casa Branca, que fica na estrada da Rainha (praia dos Amores). Momentos antes de matar a oceanógrafa, ele havia acertado um tiro em outra pessoa. Edmilson foi preso em março de 2011.
João (esquerda) e Bruno são dois dos acusados
29 de dezembro de 2009 - O turista goiano Gustavo Brandini Faria, 29 anos, recebeu um balaço fatal na cabeça, disparado por um bandido que invadiu a casa onde ele veraneava com outras 11 pessoas da mesma família. O assassino e dois comparsas fugiram levando apenas dois celulares. Oito dias depois, policiais civis prenderam em Curitiba João Maria dos Santos, 29 anos, e Bruno Fernando Ribeiro, 21, apontados como dois dos três bandidos que invadiram a casa e mataram Gustavo.
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Povão vai protestar na SDR
A morte de Bruno Rossato foi o estopim pra usuários do Facebook criarem uma campanha por mais segurança nos bairros que fazem a divisa de Itajaí com Balneário Camboriú. Assustados com o que chamam de onda de violência na Brava (pelo lado de Itajaí) e na praia dos Amores (nas bandas do Balneário), moradores e frequentadores se reuniram ontem à noite. O conversê, que reuniu cerca de 100 pessoas dentro e fora do bar Art Café, na estrada da Rainha, e foi acompanhado por vereadores das duas cidades, teve como meta uma manifestação na frente da secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) do governo do estado. A ideia é exigir uma solução pro problema da falta de segurança na Brava e na praia dos Amores. Durante esta semana, vamos fazer uma resolução da comunidade e depois vamos até a SDR, disse o radialista Antônio Robson, morador da Brava e um dos líderes do movimento.
Os moradores e frequentadores marcaram pra sábado que vem uma reunião para aprovar o documento e agendar o protesto. O local escolhido foi simbólico: o mesmo em que Alemão foi encontrado com a bala na nuca. O grupo também criou uma página no Facebook. Pra acessar é fácil: #PraiaBravaMaisSegura. Será através do Facebook que a comissão escolhida ontem à noite vai montar o manifesto a ser apresentado às otoridades na manifestação da SDR.