Itajaí

Craca, uma praga assassina

Crustáceo se gruda como chiclete ao casco de embarcações, pedras e até animais, causando prejuízo e morte

Todas as embarcações, independentemente do tamanho e do uso em água doce ou salgada, necessitam de cuidados de conservação frequentes. O casco, por ficar submerso e fora de vista, deve ser incluído nas rotinas de limpeza para a retirada de limo, sujeiras e visitas desagradáveis, como as cracas. As danadas podem prejudicar o desempenho, aumentar o consumo, entupir os ralos da refrigeração e até causar perrengues mais graves ao barco, como os que Amyr Klink relatou no seu livro “Cem dias entre céu e mar” [ver boxe abaixo]. Quando atinge os “olhos” do sonar e da sonda, reduz a eficiência dos equipamentos em grau bem elevado.

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Os estaleiros costumam usar uma tinta anti-incrustante, também chamada de tinta venenosa, que contém componentes nocivos aos crustáceos. Os fabricantes admitem que a tinta não evita de todo a fixação ...

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Os estaleiros costumam usar uma tinta anti-incrustante, também chamada de tinta venenosa, que contém componentes nocivos aos crustáceos. Os fabricantes admitem que a tinta não evita de todo a fixação da craca, mas impede a proliferação das colônias.

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Juca Andrade, instrutor de vela e proprietário do veleiro Baldoso, anda de cabelo em pé com a quantidade de craca que aderiu ao casco de madeira. Em menos de seis meses depois da aplicação de três demãos da tinta especial para afugentar a praga, que deveria ter efeito por um ano, o estado do fundo do barco é assustador. “Tenho conversado com muitos donos de veleiros, e o problema tem se mostrado uniforme, o que é prova de que não se trata de uma questão isolada nem atrelada apenas à marca da tinta. Pelo contrário, a tinta resiste bravamente, mas não dá conta de impedir incrustações em um espaço de tempo razoável”, conta o navegador. Barco em madeira ou aço, tanto faz; o bichinho se gruda e não é fácil tirar, como bem sabem os marinheiros experientes.

Nem os bichos se salvam

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Quem já caminhou sobre pedras na praia sabe o quanto pode ser perigoso pisar nesses crustáceos que se grudam e não saem mais dali de jeito nenhum. E eles não gostam só de barco ou pedra, não. Até as tartarugas sofrem com estes “hóspedes” que tomam conta da carapaça das coitadas. Semana passada, no Mar Grosso de Laguna, os moradores encontraram uma toninha, espécie de boto, morta, com a boca cheia desses parasitas que a impediram de se alimentar.

A toninha foi levada para o projeto “Toninhas Laguna”, onde foi constatado que o parasita é uma espécie de craca invasora, de nome científico Conchoderma auritum, segundo Pedro Volkmer de Castilho, coordenador do projeto da Udesc.

O que é a craca?

Lindolfo Rosa Neto, proprietário da Radionaval Eletrônica Ltda., em Itajaí, possui um barco que utiliza para teste dos equipamentos eletrônicos que vende. O contato direto de seu Lindolfo com marinheiros, pescadores e armadores, aliado a um interesse pelos assuntos marinhos, o levaram a pesquisar sobre a craca. Em artigo escrito para a revista do Sindipi nº 60, ele descreve o bichinho: “A craca, como a conhecemos (aquela espécie de concha que gruda no fundo das embarcações), é um crustáceo marinho, e há mais de uma centena de espécies diferentes, das quais cerca de 97% dos tipos conhecidos são hermafroditas (têm os dois sexos no mesmo indivíduo e se reproduzem sozinhas). O ciclo de reprodução é constante e são animais que formam colônias. Na fase inicial da vida desse animal, ele é uma larva que vaga pelas águas até encontrar uma superfície para se fixar, normalmente pedras, mas também adoram grudar em cascos de barcos. Quando adultos, alguns desses animais conseguem se fixar nos cascos dos barcos e criam um casulo calcificado, no formato de um cone (como se fosse um pequeno vulcão). O objetivo desse invólucro é a proteção do indivíduo no seu interior; logo, se reproduzem e infestam o casco do barco como praga.”

Passo a passo anticraca:

1 – Inicie o trabalho logo após ter retirado o barco da água. Quando úmidas, as cracas saem mais facilmente;

2 – Com uma espátula afiada ou raspador, tire todas as sujeiras abaixo da linha d’água;

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3 – Com uma mangueira comum ou de alta pressão, dê um banho no casco para retirar todo o excesso e facilitar o lixamento;

4 – Com uma lixa d’água 60-120, esfregue toda a superfície;

5 – Demarque a área a ser pintada, ou seja, abaixo da linha d’água. Cole a fita adesiva um pouco acima da real linha d’água, por precaução;

6 – Passe a base (primer) com um rolo de pelos médios e pincel nos cantos;

7 – Três horas após a secagem, aplique o anti-incrustante com um novo rolo em quantidade de demãos recomendada pelo fabricante;

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8 – Espere 48 horas para colocar o barco novamente na água.

Trecho de “Cem dias entre céu e mar”

“Só então entendi o que se passava: o que os atraía [os tubarões], na verdade, não era o barco, mas os moluscos que se formaram no fundo. Com os golpes, eles soltavam os pequenos tufos que, ficando para trás, livres na água, eram avidamente disputados por dourados e outros pequenos peixes que não conseguiam, pelos próprios meios, arrancá-los. Os tubarões investiam, então, contra os pobres coitados. Surpreendente e refinado método de caçar...

Ao tentar remover os moluscos do fundo, percebi que havia cometido uma asneira. Ao invés de passar várias demãos, como pensava, atendi ao desastrado conselho do estaleiro que fizera a pintura e aplicara somente uma. A tinta (anti-incrustante) não tinha boa aderência e soltava-se.”

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