Boa parte das circunstâncias sobre a morte de Maikon ainda permanece indecifrada pra polícia Civil de Navega. O travesti tava num bar sem nome que fica na principal rua do Porto das Balsas. Faltava pouco pras 23h30 quando o crime aconteceu. O pistoleiro entrou no boteco e, segundo a polícia, mandou quatro tiros pra cima de Maikon. Todos do peito para cima. Dois dos tiros acertaram o ombro direito dele, o terceiro atingiu o ombro esquerdo e a quarta azeitonada pegou em cheio a cabeça do rapaz, bem perto da testa.
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Mesmo todo peneirado, o Mikon estava consciente até poucos momentos antes do último suspiro. Ele não falou nada sobre quem atirou, mas chorava muito de dor, conta um dos bombeiros voluntários que socorreu o rapaz.
Depois de receber os primeiros socorros pelos vermelhinhos, o travesti foi levado pela ambulância do Samu ao hospital de Navega. Como a situação era bastante grave, foi transferido pro hospital Marieta Konder Bornhausen, de Itajaí, que tem mais recursos. Maikon morreu a caminho da city peixeira.
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Mataram três
Outras duas pessoas tiveram destino parecido com o de Maikon, em Navegantes, durante os últimos seis dias. Um dos crimes também rolou dentro de um boteco, no dia 12. O comerciante Ademar Soares, o Negão, 47 anos, foi atingido pelas costas quando se preparava para fechar as portas do popular bar do Tranquilo, na Meia Praia. Ele morreu ainda no local, antes mesmo de ser socorrido. O suspeito é um cliente.
Dois dias depois, Alex Jacques Knop, de apenas 15 anos, foi morto brutalmente com facadas e tiros. Ele pedalava uma bicicleta pelo bairro São Paulo, próximo aos muros laterais do aeroporto, quando deu dicara com o seu matador. A suspeita da polícia é de que tenha sido um acerto de contas, já que o dimenor tinha mais de 20 registros de envolvimento em roubos e furtos na cidade.
O mais brutal rolou em fevereiro
De todos os 16 assassinatos que rolaram este ano em Navegantes, o mais brutal foi o de Fernanda Amaral de Oliveira, 25 anos. O corpo foi encontrado no final da tarde de 9 de fevereiro, um domingo, boiando numa vala próxima à rua Gervásio de Souza, na Meia Praia. Ela tava completamente pelada e tinha as pernas dobradas para trás com os pés amarrados nos braços. Apesar da cena sugerir que Fernanda tivesse sido vítima de um crime sexual, a necropsia não indicou estupro.
O crime ainda continua sem solução. Fernanda, que havia sido recém-contratada pela Unimed de Itajaí, tinha desaparecido na sexta-feira anterior, depois de sair do trampo. A garota tinha um filho e havia enfrentado problemas com o uso de drogas.
Tava fechando o portão quando o crime aconteceu
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Era perto das 23h30. A.C., 60 anos, foi trancar o portão de casa pra ir dormir quando ouviu três tiros (as otoridades dizem que foram quatro). Em seguida, viu dois rapazes numa motoca saírem do bar e simandarem em disparada pela rua da frente, ao lado de uma cancha de bocha. Curioso, o morador foi até o boteco ver o que tava rolando. Na hora, se juntou meia dúzia de gente. Ele tava estirado no chão de barriga pra cima, tava mal, não falava, fala o velhinho, que mora ao lado do local do crime. A.C. conta que chegou a se confundir quando viu o cadáver. Até pensei que era uma mulher, porque tava de saia e blusinha tomara que caia, mas o pessoal disse que era traveco, comenta.
O bar, que fica no prédio de número 405 da principal rua do loteamento, não tem nome. Mas, há mais de um ano, é o point de quem gosta de trocar o dia pela noite e varar a madruga, segundo dizem os moradores do Porto das Balsas. Ontem à tarde, o boteco tava com as portas fechadas quando o DIARINHO esteve por lá.
Este foi o primeiro assassinato que aconteceu no interior do bareco, mas brigas e confusões seriam comuns por lá, alegam os vizinhos. Tem dias que ficam até de madrugada. Todo dia tem briga, é uma perturbação, reclama Antônia Corrêa, 60, também vizinha do lugar.
O comerciante Alcemir de Barba, 37, também é dono de bar. Ele comanda a cancha de bocha que fica do outro lado da rua onde rolou o assassinato. Na hora do crime, Alcemir já tava na cama. Eu fecho o bar cedo, faz questão de dizer. Pra ele, assim como pra maioria dos moradores ouvidos pelo DIARINHO, tanto as brigas constantes por lá quanto o fuzilamento do travesti tão ligados a drogas. Tudo que é piazada se mete com isso. Se você vir aqui no final de semana, vai ver como é. Vendem como se fosse cerveja. Tem até moça bonita vendendo isso aí, dispara.
Seu A. já tá conformado com a violência na cidade. Diz que nem se assusta mais com os assassinatos que têm rolado em Navegantes, como o que aconteceu ontem. Isso, infelizmente, não é novidade em Navegantes, conclui.
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