Itajaí

O segredo das caravelas e as grandes navegações lusasx

Portugueses dominaram o momento histórico que mudou a história da economia do mundo

Existe um navegador brasileiro que é fascinado pela história das grandes navegações, especialmente dos portugueses dos séculos 15 e 16. Se alguém puxar o assunto, ele é capaz de esquecer qualquer outro tema para expor seus motivos. Trata-se de Amyr Klink, aquele mesmo que cruzou o oceano Atlântico num barco a remo, já foi dezenas de vezes à Antártica, escreveu vários livros e tornou-se empresário e palestrante de sucesso.

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Amyr compara o conhecimento de hoje com o daquela época e dá o maior valor ao uso que os portugueses fizeram do pouco que sabiam. Toda a tecnologia estava a serviço do comércio, explorado ao limite ...

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Amyr compara o conhecimento de hoje com o daquela época e dá o maior valor ao uso que os portugueses fizeram do pouco que sabiam. Toda a tecnologia estava a serviço do comércio, explorado ao limite da própria destruição. “Interessante como os portugueses foram astutos em compreender essas grandes movimentações oceânicas que definiram as rotas para que eles conseguissem completar as viagens para o Oriente. Interessante, também, ver que eles contrariaram a tendência do mundo civilizado de tentar conectar a China pelo Ártico. Navegar pelo hemisfério norte é muito fácil, pois não precisa de bússola, nunca precisou. Você tem uma bússola permanente no céu, que é a estrela Polar, que dá, adicionalmente, a latitude. Você tem duas informações básicas: uma posição e uma direção. E no hemisfério sul, você não tinha a estrela Polar. Então, eles construíram um novo conhecimento, que foi o de se afastar do hemisfério norte, da segurança de ter uma referência fixa”, conta.

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E continua, didaticamente. “Durante certo período, eles foram um centro de conhecimento no comércio, na tecnologia e na navegação. Eles souberam empreender uma obra notável, talvez só comparável às navegações chinesas, que infelizmente não tiveram registro. O grande problema de Portugal, nesse aspecto, acho que foi a exiguidade humana: eram poucos os portugueses. E outro problema foi a ganância. Os ganhos foram tantos e tamanhos que se perdeu a razão. Quando a empreitada se mostrou economicamente viável e todo esse conhecimento acumulado passou a gerar frutos, eles começaram a perder seus homens. Eles montavam uma expedição pro Oriente; se perdessem 80% do barco, com o restante pagavam uma nova expedição. Começaram a fabricar os barcos com madeira verde, imprópria, a entrar no oceano Índico sem respeitar as monções, indo mais cedo do que era prudente, saindo mais tarde do que seria recomendável. E isso acabou numa sequência de naufrágios e acidentes que uma nação pequena como Portugal não pôde suportar. Essa pujança impressionante acabou. Acabaram-se os portugueses que sabiam pôr em prática tudo isso. Acabaram-se os navegadores”.

Como escreveu João de Scantimburgo: “É historicamente sabido que as expedições portuguesas foram ruinosas para o exaurido Tesouro do reino. Nem poderiam deixar de sê-lo. Portugal era um pequeno reino, sem recursos, de frágil e precária economia. Estropiou-se o Erário português, mas Portugal realizou uma aventura soberba na história”. MFn

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Segredo de 500 anos

Aí entra o segredo da construção das caravelas. Amyr diz que, até hoje, não se sabe como faz o bordo da verga de uma caravela. “Torben Grael, um dos maiores velejadores da história, não sabe. Eu não sei. Eles não deixaram os desenhos desses barcos. Ainda há segredos não revelados sobre as caravelas que nenhum construtor hoje sabe”, conclui.

A caravela, utilizada em Portugal desde 1442 como navio típico dos descobrimentos, foi uma conquista técnica dos portugueses. Natural que eles quisessem exclusividade de sua utilização e proibissem a venda para estrangeiros. As Ordenações Manuelinas assim determinavam: “Mandamos e defendemos que nenhuma pessoa de qualquer condição que seja não venda aos estrangeiros caravelas; nem as vá lá fazer ao estrangeiro”. D. Manoel I chega a decretar pena de morte a quem revelar os segredos da coroa lusitana.

Mas o que fez essa embarcação ser mais especial que as outras? Ela era rápida, leve e de fácil manobra. Robusta, para poder enfrentar mar alto e tempo ruim; pequena, para explorar litorais; capaz de navegar com ventos contrários, era dotada de espaço para carregar suprimentos em longas viagens, além de estável e controlada por tripulações pequenas.

Podia costear as praias perigosas e navegar em mares rasos. As mais antigas caravelas utilizavam apenas velas quadradas, fáceis de manejar, mas inadequadas para enfrentar ventos fortes. Com o tempo, foi adotado o uso combinado de velas redondas (que só permitiam viagens com vento de popa) e latinas (triangulares, que aproveitavam qualquer direção do vento, enfrentavam os ventos fortes, podendo até navegar contra eles), feito considerado como superior aos conhecimentos náuticos da época.

Um dos segredos nem se referia à caravela propriamente dita. Camões insinuou na obra “Os Lusíadas” a descoberta do Cruzeiro do Sul, e por essa “traição” mofou algum tempo na cadeia. O verso diz: “Já descoberto tínhamos diante, / Lá no novo hemisfério, nova estrela, / Não vista de outra gente, que, ignorante, / Alguns tempos esteve incerta dela.” Nem os poetas foram poupados.

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