Itajaí

Entrevistão com Paolo Pininfarina

“O Brasil é um mundo de oportunidades”

A famosa Ferrari FF foi desenhada num projeto assinado por ele: Paolo Pininfarina, presidente da Carrozzerias Pininfarina, responsável pelos mais destacados desenhos de carros esportivos e de alta performance desde a segunda metade do século passado. Agora, as linhas que misturam o clássico ao arrojado, típicas da empresa italiana, estão impressas em empreendimentos arquitetônicos de luxo que chegam ao Brasil. Mais exatamente, a Balneário Camboriú. Foi aproveitando uma visita do executivo por aqui, que o DIARINHO conseguiu entrevistá-lo. Uma conversa que vai do automobilismo à construção civil, passando pela revelação do interesse da empresa no mercado brasileiro. A conversa com o jornalista Sandro Silva foi traduzida com a ajuda do designer e executivo italiano Paolo Trevisan, responsável pelos escritórios da empresa nas Américas. Os cliques são de Elton Damásio.

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“Se fosse escolher uma, escolheria minha máquina, a que eu uso. Que é a Ferrari FF”

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“O mercado, sim, é globalizado. Mas ao mesmo tempo tem uma setorização e sempre tem espaço para a excelência em design”

Raio X

Nome: Paolo Pininfarina

Naturalidade: Turim/Itália

Idade: 58

Casado: Sim

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Filhos: Não informado

Formação: Engenheiro mecânico

Experiência profissional: Engenheiro estagiário em unidades fabricantes da Cadillac e Honda, gerente de qualidade da Cadillac Allanté, gerente de engenharia da General Motors, com participação em projetos do Chevrolet Lumina APV, Oldsmobile Silhouette e Pontiac Trans Sport. Primeiro gestor de programas da Pininfarina destinados a design de móveis, eletrodomésticos e marítimos, integrante do conselho de diretores da Pininfarina, vice-presidente e, desde 2008, presidente da empresa. Também foi membro do instituto Europeu de Turim e um dos fundadores da associação para o Desenho Industrial de Milão.

DIARINHO – Num mercado mundial em crise, ainda há espaço para carros de luxo e de alta performance?

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Paolo Pininfarina – Eu penso que o mercado, sim, é globalizado. Mas ao mesmo tempo tem uma setorização e sempre tem espaço para a excelência em design. [E houve um recuo nesse nicho de mercado?] Não é um recuo, mas uma mudança. Agora, por exemplo, a demanda mudou de países e também de alguns tipos de serviços. Então é mais uma transformação. [E o que é que muda, especificamente?] Uma das grandes mudanças é o sistema de produção. Não existe mais uma produção de nicho. Nesse ponto, o tipo de empresa como a Pininfarina, que também faz automóvel, tem que ser o nicho do nicho. É um retorno às origens da Pininfarina, que faz a peça única ou em pequenas unidades. E essas peças únicas ou em pequena quantidade são uma grande oportunidade de fazer desenvolvimento, inovação. Então se transformam em carros do futuro. Esse trabalho em cima da inovação aumenta a sabedoria e aumenta também as possibilidades do que a Pininfarina dá como serviços ao design.

DIARINHO - A empresa tem fábricas na Europa, norte da África e na China. Com essas mudanças de mercado, o continente americano, em especial o mercado brasileiro, não interessam à Pininfarina?

Paolo Pininfarina – O mercado norte americano, em termos de clientes desses carros especiais, é um mercado bom. Mas o mercado sul americano ainda é um mercado a ser explorado. [Falta uma fábrica parceira?] Onde? [Aqui, na América Latina?]. O mercado brasileiro é um pouco particular. No sul da América há empresas que constroem automóveis, mas não são empresas nativas da América do Sul. Elas são sucursais de empresas ou norte-americanas ou europeias. Por exemplo, em outros países do Bric [Denominação para os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China], que são os países em grande desenvolvimento, esses países têm empresas fabricantes de automóveis que são nativas. Então, ali você pode criar e a gente tá fazendo isso, que é criar uma parceria importante.

DIARINHO - Ferrari, Masserati, Alfa Romeo, Fiat, General Motors... Como a Pininfarina conseguiu se manter parceira de empresas que concorrem entre si?

Paolo Pininfarina – Bem, esses nomes têm segmentos de mercado bastante definidos. Ferrari, Masseratti e Alfa Romeu são de segmentos diferentes. Premium, super premium... Isso não é um problema. Eles têm uma identidade diferente, um posicionamento diferente.

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DIARINHO - Fala-se muito, hoje, em carros que sejam ecologicamente corretos, que provoquem menos impacto ao meio ambiente. Isso é um desafio quando se fala em carros esportivos? Ou é possível aliar alta performance com menos impacto ambiental?

Paolo Pininfarina – Eu penso que a riqueza da emissão zero [de carbonos na atmosfera], de impacto zero são por si só uma grande oportunidade. E nós que somos projetistas, arquitetos do carro, podemos pensar novos produtos, uma nova estrutura. A inovação não nos dá medo. É um estímulo a produzir novas estruturas.

DIARINHO - Qual carro é a menina dos olhos da Pininfarina? Qual o desenho que você elegeria para representar o melhor trabalho da Pininfarina?

Paolo Pininfarina – Parece uma pergunta quase impossível de responder. Estamos falando de mais de mil carros criados em quatro gerações da Pininfarina. Se fosse escolher uma, escolheria minha máquina, a que estou guiando, a que eu uso. Que é a Ferrari FF. [Desenho de quem?] Da Pininfarina, sob a minha direção. A primeira Ferrari desenhada sob minha direção. A primeira Ferrari com quatro rodas motrizes. A primeira Ferrari dois por dois [trações em rodas duplas, separadamente]. A primeira Ferrari com a porta atrás. É a minha máquina, o meu carro!

DIARINHO - O que é mais difícil, o que demanda mais estudos na hora de se desenhar um carro? A aerodinâmica, a adaptação às tecnologias que o modelo vai apresentar ou é mesmo desenvolver algo que seja esteticamente belo e diferente?

Paolo Pininfarina – Penso que a tecnologia, os materiais, o conhecimento da aerodinâmica, todos esses elementos criam uma plataforma de know how [experiência] consolidada de toda a Pininfarina. Essa é a base. O desenhista tem esse trabalho de poder balancear esteticamente todos esses elementos. O design é uma resposta a essas necessidades. Não haveria design sem essas necessidades. [Quais são os desafios maiores?] O grande desafio é criar uma síntese desses elementos. A tecnologia é transversal. Ela chega de um setor para outro. Seja a eletrônica, a mecânica, esse pedido de performance ambiental. E o design se põe como o objetivo de criar uma síntese e dar um produto que responda a demanda.

DIARINHO – Depois de consagrada em design de carros, a Pininfarina começou a investir em novos empreendimentos e começou a participar de projetos de condomínios e residências de luxo, especialmente nos Estados Unidos. É um novo segmento também para o Brasil ou deve ficar restrito ao mercado norte-americano?

Paolo Pininfarina – Estamos também nos consolidando no Brasil. A Pininfarina chegou a este setor da arquitetura através de etapas. Do automóvel, aos meios de transporte coletivo, aos design de interior e agora arquitetônico. Há sete, oito anos, já nos Estados Unidos, há um grande interesse pelo desenho de interiores e arquitetura e agora são três anos com um grande interesse na América do sul. Nós conseguimos desenhar a linha Pininfarina na arquitetura nesses últimos anos. Conseguimos criar essa linha, com projetos na Itália, em Cingapura. Essa linha funciona e já foi transferida para a América do Norte e agora na América do Sul. O Brasil é um mundo de oportunidades, extraordinário! [Tem algum projeto já firmado aqui?] Temos um projeto implantado e já apresentado em São Paulo. E temos o projeto Yacht House, que estamos apresentando em Balneário Camboriú, Santa Catarina, com a construtora Pasqualotto. Temos esse importante projeto do Yacht house em Camboriú. Estamos aqui com muito entusiasmo, muito empenho, em dois estados do Brasil, que é São Paulo e Santa Catarina.

DIARINHO - Os italianos são reconhecidos como exímios designers. E não somente em carros. Temos a Ducati, por exemplo, no motociclismo. Ou mesmo Federico Mauro, que desenha óculos. Qual o segredo para desenvolver essa qualidade: dar charme e beleza às mercadorias?

Paolo Pininfarina – Eu penso que é a capacidade de conseguir combinar esse senso de inovação com a tradição. Um bom design italiano é um design clássico. Porque é um design harmônico, essencial, elegante. Que dura no tempo e que agrada a todo mundo. Então, um bom design, que é efeito da harmonia, da proporção, da tecnologia, desse balanço, ele dá ao produto aquela beleza que não é local, mas é mundial. Como Davi de Michelangelo [estátua em mármore com mais de cinco metros de altura, que retrata o herói bíblico com perfeição anatômica, feita entre 1501 e 1504], que tem uma beleza apreciada no mundo inteiro, há séculos]. 




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