Itajaí

Naturistas denunciam orgias na praia do Pinho

Costões e trilhas são usados como motel a céu aberto. Acabou o clima familiar da famosa praia de naturismo

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Matéria publicada no dia 29.02

A praia do Pinho, em Balneário Camboriú, é considerada a primeira de naturismo do Brasil. Foi por isso que os 500 metros à beira-mar, entre Taquaras e Estaleirinho, ficaram famosos no país inteiro e até no exterior.

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Os adeptos da prática de curtir a praia do jeito que vieram ao mundo defendem que essa é uma forma de estar em harmonia com a natureza. O problema é que a relação entre os diferentes tipos de frequentadores do lugar e dessa turma toda com o meio ambiente não tem sido nada harmoniosa nos últimos tempos.

Parte da praia se tornou um motel ao ar livre. O canto esquerdo da orla, região mais ao norte, é o lugar preferido dos exibicionistas e dos sem-noção. Naquela região, cheia de pedras e costões, e de trilhas criadas pelo homem, tá rolando até bacanal. Depois de receber denúncias de frequentadores, no último sábado, a reportagem do DIARINHO esteve no local e flagrou sexo e drogas, só faltou mesmo o rock and roll.

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Alguns casais até procuravam um lugar mais afastado para começar a agarração. Outros, no entanto, não estavam nem aí para a plateia ou para os desavisados que topavam com o rala-e-rola a céu aberto.

Dois homens chegam, encontram uma pedra para se instalar e dão início aos amassos sem se preocupar com as cenas de intimidade. Usam o lugar como se estivessem dentro da própria casa ou num motel.

Trazem camisinha, lubrificante e tudo mais – ou seja – vieram para a praia para transar.

Dois outros homens também escolhem o costão para transar. Ficam no sexo oral, enquanto observam uma muvuca que vai rolando lá na extremidade norte do costão. Um grupo de jovens, seis ou sete, começa a gritaria quando se aproxima uma mulher para se juntar à cambada de marmanjos. Lá eles bebem, fumam maconha e fazem a festa. A garota se exibe, rebola pros caras, depois some um tempão atrás de uma pedra enquanto o resto da turma fica ao redor.

Num espaço entre o casal praticando sexo oral e o grupo de jovens, um homem deita nas pedras com o celular na mão e começa a se masturbar, enquanto ele mesmo filma a cena. Nas trilhas abertas na mata, casais entram e saem. Apesar da praia não estar lotada, por causa da chuva, a movimentação nas trilhas e no costão é grande.

Virou rotina

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Esse tipo de comportamento na praia do Pinho está longe de ser uma exceção, de acordo com o advogado aposentado Luiz Carlos Hack, presidente da Associação Naturista da Praia do Pinho (Pinhonat).

Ele conta que, durante o Carnaval e também em outras épocas do ano, acontece um verdadeiro festival de sexo ao ar livre. “Hoje está até tranquilo. Mas aqui nesse lugar acontece de tudo. No carnaval foi uma bagunça generalizada”, conta.

Hack registrou em vídeos e fotos orgias e outras práticas sexuais na praia do Pinho. De acordo com o aposentado, em uma ocasião uma mulher fez sexo com 17 homens diferentes durante uma tarde, ali nas pedras. Noutro dia, uma orgia reuniu um grupo de mais de 20 pessoas que transavam e se masturbavam ao mesmo tempo sem dar bola pra movimentação de curiosos.

Caminhando pelo local, não é difícil comprovar que a praia do Pinho tem sido usada para a sacanagem generalizada. Pelas pedras é fácil encontrar preservativos usados. Nas trilhas, as latas de cervejas e garrafas de bebidas, se misturam também com as embalagens de camisinhas.

Luiz Hack conta que, durante o feriado do carnaval, a Pinhonat fez uma limpeza geral nas trilhas e nos costões, tirando toda a sujeira com o auxílio de voluntários. “Tiramos uma tonelada de lixo dessa região. Tinha de tudo, vocês não podem imaginar a quantidade de lixo, de preservativos, um absurdo”, lamenta. Menos de um mês depois dos festejos de Momo, o lugar já está sujo de novo.

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Exploração x preservação

A praia do Pinho vive hoje um confronto de duas visões de mundo opostas. De um lado está o complexo Praia do Pinho, com pousada e restaurante, que se beneficia financeiramente da movimentação na praia. Do outro lado está a Pinhonat, uma ONG que tem interesse no desenvolvimento do naturismo e na preservação da região, que é considerada uma Área de Preservação Permanente. A ONG mantém uma espécie de condomínio privado para o uso dos associados.

A Pinhonat tem a sede e um conjunto de residências no Morro da Tartaruga, ali encostado na praia. De acordo com o presidente Luiz Hack, os principais objetivos da associação são preservar o meio ambiente e promover a prática do naturismo conforme os preceitos da Federação Brasileira de Naturismo, que proíbe o sexo em lugares destinados aos naturistas sob pena de expulsão do associado.

Hack afirma que os responsáveis pelo complexo da praia do Pinho não estão nem aí para as regras do naturismo. “Eles se negam a distribuir um panfleto que nós produzimos com o o código de ética aprovado pela federação. Para eles, o que importa é que o lugar seja frequentado por muita gente, para que usem os restaurantes, a pousada. Esse é o interesse deles”, acusa.

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Ele ainda explica que a situação só piorou com a implantação da Interpraias, que facilitou o acesso ao paraíso dos naturistas. Além da sacanagem generalizada e da degradação do meio ambiente, Hack afirma que o lugar agora também é palco para o consumo de drogas ilícitas e até práticas de crimes como o estupro. “Eu e minha esposa não vamos mais à praia e muitos dos associados da Pinhonat também não vão pela falta de segurança”, disse.

Praia está abandonada, diz diretoria do complexo

O complexo Praia do Pinho possui uma pousada com flat, apartamentos, cabanas, chalés e um camping com instalação elétrica, banheiros, cozinha coletiva e espaço para barracas e motorhomes, além de um estacionamento com acesso asfaltado, que cobra R$ 20 dos carangos e R$ 10 das motocas.

Os visitantes que optam pelo acesso público acabam deixando os carros estacionados às margens da Interpraias, num trecho que não tem sequer acostamento.

O proprietário do complexo, Anilton Bitencourt, reconhece a ocorrência da sacanagem na praia do Pinho, mas afirma que as pessoas que frequentam a região em frente ao empreendimento dele e até o canto sul da praia não veem nada do que acontece nas trilhas e nos costões. “O que acontece ali, acontece em qualquer tipo de praia. As pessoas vão para esses cantos e fazem isso. No Estaleiro também é assim e até no deck do Pontal Norte”, disse.

Para o empresário, o problema é a falta de policiamento. “A polícia e a guarda fazem duas rondas aqui na praia por dia, mas não vão até os costões. Se fossem, talvez inibissem alguma coisa”, completou.

Anilton afirma que existe uma rixa entre a associação de naturismo e o empreendimento. “Essa diretoria da associação é meio xarope. Eles acham que, porque a gente explora comercialmente a região, nós teríamos que fazer a segurança da área. Isso é papel do poder público”, comenta.

O empresário ainda afirma que o empreendimento distribui informações sobre a prática do naturismo e orienta os frequentadores com panfletos e placas espalhadas pela praia.

O advogado que representa a família dos empreendedores, Juliano Mandelli, acrescenta que a praia, considerada uma das mais perigosas para banhistas, está abandonada. “Os empreendedores construíram um posto para os salva-vidas e até agora o poder público não disponibilizou ninguém para trabalhar ali”, afirma.

PM confirma que acesso é difícil

Para o comandante do 12º batalhão da polícia Militar, Evaldo Hoffmann Júnior, o principal entrave para coibir a bandalheira na praia do Pinho é a dificuldade de acesso. “A polícia Militar não abandonou a praia do Pinho. Nós fazemos rondas lá todos os dias, mas nesses lugares onde acontece esse tipo de prática o acesso é muito difícil”, disse.

O comandante afirma que desde o final do ano passado a PM tem feito patrulhamento com o helicóptero e vai até lá quando alguma atividade ilícita é flagrada. “Mas é algo muito rápido, quando a gente chega, não tem mais nada. Não prendemos ninguém até agora. É difícil mesmo”, reconhece o comandante.

Hoffmann afirma que uma das formas que a PM tem utilizado para evitar crimes e uso de drogas ilícitas na região das praias agrestes são as barreiras na na Interpraias. “Inibimos o consumo de drogas naquela região com as barreiras, que conseguem apreender bastante droga que, muita vezes, iria para a praia do Pinho”, explica.

O chefe dos PMs reconhece que é necessário estudar novos meios de dar segurança aos frequentadores da praia do Pinho, que é um lugar que tem uma cultura diferente. “Em outras épocas, houve policiamento permanente ali, mas é complicado você deixar um policial fardado numa praia com todo mundo nu. Não dá certo”, disse Hoffmann.

O comandante ainda diz que a incidência de bandalheira nos costões – ao contrário do que afirma o proprietário da pousada e camping – é maior na praia do Pinho que em outros lugares da cidade. “Em outras praias não temos tido registros”, afirmou o PM.

O secretário de Segurança de Balneário Camboriú, Edemir Meister, afirma que, recentemente, soube dos problemas na praia do Pinho. Segundo o secretário, a prefeitura é responsável pela fiscalização de trânsito na região e a guarda municipal só entra na praia do Pinho se for acionada por algum frequentador. “Não entramos porque é uma praia reservada. Seria até uma ofensa às pessoas que frequentam o local”, justifica o secretário.

Com o surgimento das denúncias, o secretário determinou que a Guarda passe a fazer rondas, principalmente no acesso à praia. “Se há indícios de abusos, nós vamos intensificar o patrulhamento, mas não vamos fazer rondas permanentes numa área reservada como aquela”, explicou. 




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