Itajaí
Tratamento alternativo para o câncer promete a cura da doença em Itajaí
Encontros para as aplicações de radiestesia acontecem aos sábados e lotam uma salinha na Barra do Rio
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Mariângela Franco, especial para o DIARINHO
Todos os sábados, o movimento de veículos e pessoas começa ainda de madrugada, na rua Alfredo Eicke, na Barra do Rio, em Itajaí. São doentes das mais variadas manifestações de câncer que vão em busca do tratamento oferecido gratuitamente por um grupo de voluntários.
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O líder do grupo de voluntnários conta que, ele mesmo, sofreu com a doença e encontrou no método desenvolvido por Estevan Kovacsik, em São Paulo, a cura que a medicina não podia lhe proporcionar.
O tratamento é alternativo. Portanto, não tem reconhecimento oficial das autoridades de saúde. Por isso, por medo de sofrer algum tipo de implicação jurídica, quem aplica a radiestesia em pacidentes de câncer em Itajaí prefere se manter anônimo.
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A experiência própria e a busca por mais conhecimento levaram este cidadão a estudar a radiestesia sensibilidade às radiações emitidas por seres vivos e elementos da natureza. É o mesmo método utilizado há séculos para detectar a presença de água com varinhas ou um pêndulo.
Com estes instrumentos simples e o contato com pequenas placas metálicas para bloquear a vibração que vem do subsolo, os adeptos do método Kovacsik garantem que não precisam nem ter fé para melhorar, basta entender como funciona.
A cada sábado uma multidão aguarda tranquilamente o momento de entrar na sala onde se senta em círculo e recebe os elementos metálicos em contato com o corpo durante 20 minutos. O local, na sobreloja de um comércio grande, tem diversas cadeiras e bancos nas salas de espera e no solário.
Uma mesa com bolos, café e sanduíches ajuda a distrair. Pelas paredes há frases de otimismo. Otimismo que 10 voluntários estimulam com palavras de apoio e carinho.
Geraldo e Salete Zuraski, 62 anos, vieram de Erechim, no interior do Rio Grande do Sul, para recomeçar as sessões do tratamento alternativo. Dona Salete já tinha seguido as instruções de participar durante três sábados seguidos, depois uma vez por mês durante um ano. Como após esse tempo a senhora teve uma recaída, o casal resolveu voltar ao tratamento que tanto bem tinha feito a ela.
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O empresário Tibério Testoni, 70, tem as chaves das salas cedidas para as reuniões. Ele não se importa de chegar antes das quatro da madruga para botar o povo num lugar abrigado, como diz bem-humorado.
Para quem estava desenganado com um câncer no rim e outros problemas sérios de saúde, a vitalidade do descendente de italianos contagia. Tibério conta que prepara o café enquanto faz palestras para levantar o astral de quem está sem esperança pelo baque da doença.
O tratamento, conta o voluntário, na maioria dos casos provoca sensível melhora no quadro e até mesmo a cura.
Para explicar como funciona o método, outro voluntário, um aposentado que perdeu a esposa para o câncer, mostra uma bonequinha deitada numa cama. Ele usa o brinquedo para explicar como devem ser aplicadas as plaquinhas de metal que vão isolar as más energias em casa. O mal vem das radiações da água de esgoto contaminada por fezes ou fossas, que atingem as pessoas que ficam muito tempo expostas a elas, mesmo sem saber, afirma.
Para dar mais crédito às palavras, ele aponta a parede onde a umidade sinaliza para a canalização de água. Se botar a forqueta (varinha) aqui, ela vai enlouquecer, não dá pra ficar muito tempo aqui. A distância mínima desses locais perigosos deve ser de um metro e meio, orienta. Tem gente que vai para o banheiro e fica lendo mensagens do WhatsApp. Não. Tem que ir lá, fazer o que tem que fazer e zarpar, ensina.
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De acordo com as explicações dos voluntários, o tratamento consiste em remover do corpo as energias e radiações ruins que causam o câncer. A terapia é feita com a aplicação de um pequeno instrumento metálico no formato de U junto ao ombro, acima do coração. O outro componente é o acelerador. O isolante, uma plaquinha colocada num saco de tecido, deve ser aplicado junto ao corpo. O valor deste metal é R$ 10. É a única cobrança do tratamento.
O método considera que as águas podres são o criatório do vírus do câncer, que se aproveita de uma fragilidade do corpo para se instalar e atacar um órgão qualquer da pessoa. Nas sessões de terapia o vírus perde a vitalidade e regride, enquanto o fator de irradiação é bloqueado para novo contágio.
Um exame de rotina, antes de viajar para o Japão, revelou que dona Zenilde Espíndola, 62, estava com sérios problemas nos rins. Ela viajou mesmo assim. Na volta, em nova consulta, saiu direto para fazer hemodiálise, tratamento que filtra o sangue numa máquina. A manezinha de Floripa conta que tinha certeza de que seus rins voltariam a funcionar, uma vez que ela não tinha nenhum sintoma de doença. Só que não foi bem assim. Os dois órgãos pifaram de vez e ela foi obrigada a fazer um transplante em outubro do ano passado. Sorte que uma irmã doou um rim para ela.
Bem disposta, dona Zenilde esperava o chamado de sua ficha na área externa da sobreloja no último sábado. Muitas pessoas aproveitavam para tomar sol e botar a conversa em dia. De tanto se encontrarem, as amizades surgiram no amparo mútuo. Os relatos são de melhora e esperança de cura.
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Método Kovacsik
Estevan Kovacsik nasceu na Europa Oriental em 1903 e veio para o Brasil com a família aos 21 anos. Trabalhou como motorista até se aposentar. Mesmo com apenas a formação escolar mínima, sempre leu e estudou muito tudo o que despertava seu interesse. Especialmente radiestesia.
Uma situação corriqueira no quintal de casa despertou o cientista que havia nele. Quase todos os pintinhos tinham morrido sem mais nem menos. Os que sobraram foram levados para outro sítio, onde sobreviveram. A medição com o pêndulo confirmou que o subsolo estava contaminado por águas fétidas.
A partir daí, na década de 40, Kovacsik dedicou-se mais aos estudos. Chegou a desenvolver um medicamento, mas não teve apoio para dar seguimento à pesquisa.
Ele chegou a ser preso por exercício ilegal da medicina, apesar de ter ficado provado que a droga não fazia mal à saúde. O sonho de Kovacsik era beneficiar toda a humanidade com suas descobertas. Ao morrer, em 1991, tinha registro de mais de três mil supostas curas.
Seus conhecimentos ficaram semiadormecidos até que os netos dele criaram a Associação Estevan e Maria Kovacsik (AEMK), em São Paulo, em 2008, para recuperar o método e repassá-lo a quem precisa, sempre gratuitamente.
Atualmente, apenas os procedimentos de radiestesia são aplicados às pessoas doentes, sem nenhum consumo de medicamento. Daniel Kovacsik, bisneto do casal imigrante, decidiu reavivar a memória do avô e explicar o método com a confecção de um documentário disponível no site www.aemk.com.br, na aba vídeos.