João Batista

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Será sepultado na manhã de hoje, às 10h, no cemitério municipal de Camboriú, o pastor Cesino Bernardino, presidente dos Gideões Missionários da Última Hora e da Igreja Assembleia de Deus de Camboriú.

Aos 81 anos, o líder dos Gideões estava internado há 40 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Catarina, em Blumenau. Ele faleceu às 13h de sábado, por complicações numa infecção nos pulmões que o tinha deixado já bem fraco nos últimos dias.

Desde a noite de sábado, o velório do pastor no pavilhão dos Gideões Missionários atraiu milhares de fiéis, além de políticos, como o deputado estadual Kennedy Nunes (PSD de Joinville) e a prefeita Luzia Coppi (PSDB, Camboriú), representantes estaduais e nacionais da Assembleia de Deus, líderes de outras igrejas e moradores de Camboriú.

Ontem à noite, o tradicional culto de domingo virou cerimônia de corpo presente para as homenagens dos evangélicos ao chamado “Pai das Missões”. Dezenas de coroas de flores coloriam o longo corredor por onde as pessoas entravam e se dirigiam ao caixão. Um enorme banner com a foto do pastor foi colocado na parede do altar.

Deixa viúva e filhos

Ao lado do caixão, a esposa de Cesino, Elba Bernardino, 45, recebia o consolo de fiéis, amigos e missionários, enquanto pastores da igreja faziam seus discursos e entoavam cânticos religiosos.

A cerimônia contou com transmissão ao vido pela TV Gideões e pelo Facebook.

Antes do sepultamento, hoje, haverá uma cerimônia final da igreja, às 8h. Depois, tá programado um cortejo no caminhão dos bombeiros até o cemitério central, onde está sepultada a primeira mulher do pastor.

Um dos seis filhos (três homens e três mulheres) de Cesino, o pastor Reuel Abreu Bernardino, vice-presidente dos Gideões e vice da Assembleia de Deus em Camboriú), disse que a família recebeu com surpresa a morte do patriarca. Isso porque Cesino já havia sido internado algumas vezes, mas sempre voltava para casa. “Desta vez ele voltou no caixão”, lamenta. “Estamos abatidos, tristes, mas sabemos que foi um grande herói que partiu e que agora está na glória com Deus”, completa.

Para Reuel, que ficará à frente do trabalho da igreja, o pai deixa como herança o incentivo às missões no mundo todo. “Esse foi o legado que nos deixou: pregar o Evangelho a toda criatura. Esse era o tema da mensagem do pastor Cesino e nós vamos seguir esse exemplo até o fim”, promete o filho.

O pastor Perci Fontoura, secretário da convenção geral da Assembleia de Deus no Brasil, esteve no velório representando as lideranças nacionais da igreja em Camboriú e destacou que a liderança de Cesino ganhou reconhecimento internacional. “O Brasil está de luto pelo que o pastor representa às convenções no Brasil”, disse ao DIARINHO.

Comoção

Entre os fiéis da igreja, o clima era de muita comoção. A irmã Maria José Soares, missionária há 31 anos, não conseguia segurar as lágrimas. Com a ajuda do pastor, ela chegou a fazer missões na Argentina e no Peru. “Tinha ele como meu pai. A gente fica muito triste, mas Deus é quem consola”, dizia. “Com certeza, ele vai deixar muita saudade, mas Deus sabe o que faz”, tentava se confortar.

Membros de uma congregação de outro bairro em Camboriú, o casal Idalécio “Leco” Cardoso, 57 anos, e Maria Inês das Silva Cardos, 53, não se importaram em pegar a grande fila para ver o pastor Cesino pela última vez. Leco, pedreiro, considera o pastor uma referência. “Ele era o pai dos evangélicos de Camboriú. Vai fazer muita falta”, comenta.

Pelas redes sociais, muita gente lembrou de deixar uma última mensagem, entre pastores, cantores e líderes evangélicos.

O pastor José Wellington Bezerra da Costa fez postagem sobre a amizade com Cesino e postou diversas fotos com o líder dos Gideões. “Sem dúvidas deixa um grande vazio em nossas vidas e no ceio das Assembleias de Deus em todo Brasil”, escreveu.

Criador do Gideões Missioários já foi indicado ao Nobel da Paz

Cesino Bernardino era natural de Imbituba, no sul do estado. Se tornou evangélico aos 12 anos e, aos 28, virou presbítero, passando a auxiliar o pastor da igreja.

A partir de 1971 foi consagrado pastor, passando a assumir trabalhos em Urubici e em Canoinhas. Antes de chegar a Camboriú em 1977, Cesino pastoreou em Balneário Camboriú e Jaraguá do Sul, tendo ainda uma segunda passagem por Urubici.

Desde o início do trabalho como pastor, Cesino já demonstrava uma grande liderança. A mensagem de incentivo para espalhar o evangelho pro mundo todo ganhou força com a criação, em 1980, dos Gideões Missionários, instituição ligada à igreja responsável por enviar e manter missionários em diversos países e outras regiões do Brasil.

Em sua gestão, separou mais de 80 pastores e 1346 famílias pro trabalho missionário. Pela sua trajetória, chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2012. Reconhecido oficialmente como cidadão camboriuense por seus trabalhos na cidade, também ganhou homenagem na Câmara dos Deputados.

Seu último culto antes de ser levado ao hospital, no mês passado, foi em 19 de junho, onde participou de uma celebração especial pela passagem do Dia do Pastor. No encontro, ele já dava sinais de que estava se despedindo de todos.