Itajaí

35% dos orelhões de Itajaí tão detonados

DIARINHO testou 105 telefones e mais de um terço têm problemas; castigo da Anatel de liberar ligação grátis vale até outubro

Sandro Silva

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sandro@diarinho.com.br

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“Alô? Alô? Tá me escutando?” Quantas vezes você já não ouviu alguém dizendo isso na frente de um telefone público na tentativa de ouvir ou ser ouvido? Ou, então, assistiu a pessoa sair xingando porque o aparelho tava estragado. Situações normais para uma cidade como Itajaí, onde uma parte significativa dos orelhões não funciona direito. Durante dois dias, o DIARINHO testou 105 dos 796 telefones públicos da cidade. Nada menos que 37 deles tinha algum tipo de defeito. Isso dá 35% dos aparelhos testados. Desse total, 28 sequer completavam uma ligação. O que dá 26,7% de aparelhos sem qualquer condição de uso.

Números e percentuais muito grandes se considerar o que exige a agência Nacional de Telecomunicações (Anatel): que 90% dos telefones de utilidade pública estejam disponíveis pra uso. Ou, dizendo de outra forma: que, no máximo, 10% estejam escangalhados.

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Na prática, a OI não segue a determinação em Itajaí. Telefones mudos, outros que dão sinal mas não completam a ligação, suportes quebrados ou orelhões com a base bamba, teclados que não funcionam ou visores que não acendem, ligações com o volume do som muito baixo. O que não faltam são problemas que impedem ou dificultam o uso dos aparelhos por parte do povão.

Vale lembrar que, desde 15 de abril, você pode usar um telefone público de graça pra fazer ligações locais. Isso é um castigo da Anatel pra OI, justamente porque a empresa de telefonia não arruma os orelhões. Castigo que, pelo jeito, ainda não surtiu efeito.

Papa-crédito e orelhão de araque

O bom humor do mecânico de bicicletas Davi Gavilan, 36 anos, é testado toda vez que procura por um telefone público. “Às vezes você precisa ligar pra longe, pra um número que não é da operadora do seu celular, e aí vai até um telefone público”, diz, explicando como costuma usar os orelhões. O problema é encontrar um que funcione. Dos 12 aparelhos testados pelo DIARINHO no Cidade Nova, bairro de Davi, cinco não deram no couro.

Na avenida Ministro Luiz Gallotti, bem na frente do colégio 15 de Junho, tem um orelhão. Do outro lado da rua, fica a oficina de bicicletas do Davi. “Tô há quatro anos aqui e nunca vi funcionar”, conta. O mecânico já teve até prejuízos com o equipamento. “Tinha uma época que até dava linha, mas a gente botava o cartão, comia os créditos e depois a ligação caía”, lembra.

Até quem não costuma usar orelhões se incomoda com essa história dos aparelhos não funcionarem. Que o diga o pequeno comerciante Leozeis Patrício, 32. Dono de uma loja de roupas bem do ladinho do portão de saída do cadeião do Matadouro, é ele quem acaba emprestando o celular pros presos que são libertados e não conseguem usar o telefone público que tem por lá. E os pedidos de socorro não têm hora pra acontecer. “Já chamaram aqui a uma da manhã. Aí a gente empresta o celular, fica com pena, né!?”, conta o comerciante.

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O aparelho na frente do cadeião é pra inglês ver. Tá sem fazer ligações há mais de um ano. Antes do Natal, foi retirado pro Semasa colocar uma bomba d’água e há um mês voltou. Mas continua desativado.

Aparelhos públicos continuam quebrando o galho do povão

Não pense que os orelhões entraram em desuso com a popularização dos celulares. Dona da Fruteira da Nena, Jacqueline Cunha, 42, até viu a venda de cartões telefônicos diminuir, mas não acabarem. “Eu vendo de 10 a 15 cartões de 40 unidades por dia”, contabiliza. “Há um ano atrás já foi melhor”, emenda. Bem na frente da verdureira da Jacqueline, que fica na rua Iolanda Ardigó, no bairro Fazenda, tem um aparelho que, pra sorte da clientela dela, sempre funcionou.

Mas não precisa andar muito pra encontrar um aparelho fajuto. E justamente na frente do postinho de saúde da rua Vereador Nilton Ribeiro da Luz, que é onde o povão mais precisa. “Tava estragado e há uns três, quatro meses arrumaram. Mas já estragou de novo, rapidinho”, conta uma atendente do posto. Dos sete telefones testados no bairro Fazenda pelo DIARINHO, três deles não faziam ligações.

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Morador de Florianópolis, Leandro Carlos Fernandes, 35, teve sorte. Com problemas no celular, precisou ligar para uma empresa em Itajaí e encontrou dois telefones funcionando bem pertinho da policlínica do bairro São Vicente. “Os telefones públicos são importantes, principalmente nas emergências. E até mesmo nos quebra-galhos, quando a gente fica sem crédito no celular, por exemplo”, discursa, defendendo o velho e bom orelhão.

Leandro sabia da determinação da Anatel e por isso tava ligando de graça. Dos 19 telefones que o DIARINHO testou no São Viça, apenas dois tavam escangalhados.

Entre quinta-feira e ontem, o DIARINHO ainda conferiu aparelhos nos bairros Barra do Rio (sete funcionavam e quatro não), Praia Brava (quatro funcionavam e quatro não), Cabeçudas (quatro funcionavam e um não), Itaipava (todos os cinco tinindo), Carvalho (dois fazendo ligação), Dom Bosco (três funcionando e um quebrado), São Judas (quatro na boa), Vila Operária (três detonados e só um fazendo chamadas), São João (seis inteiros e dois estragados) e Cordeiros (onde 13 funcionavam e dois não).

Ligações agora são de graça

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Na quinta-feira à noite, o haitiano Williame Noel, 20 anos, esticava uma conversa num dos dois telefones públicos que têm na frente da secretaria de Saúde da prefeitura, na rua Leodegário Pedro da Silva, no Imaruí, no bairro Barra do Rio. Do outro lado da linha tava um compatriota e nada se entendia do que falavam. “É crioulo”, disse um amigo que acompanhava Williame, explicando que aquela era a língua nativa deles.

Desde 15 de abril deste ano, o pessoal da Anatel deu um castigaço em algumas operadoras de telefonia pelo Brasil a fora que não mantêm pelo menos 90% dos aparelhos telefônicos de utilidade pública em funcionamento. A penalidade foi obrigar as operadoras a liberar, de graça, ligações de telefones públicos para outros fixos locais.

Williame demorou ao telefone porque sabia que a ligação era gratuita. “Tava acertando pra mandar dinheiro pra minha mãe no Haiti”, disse, num português muito arranhado. Dos dois telefones que têm por lá, só o que o jovem estrangeiro usava tava funcionando. “Esse outro aí, não, não, não”, informou, gesticulando com os braços.

A determinação vale pra 15 estados e cinco operadoras – duas delas ligadas ao grupo OI. Se até 1º de outubro as empresas não tomarem vergonha e consertarem os aparelhos, aí a penalidade será maior: todas as ligações para discagem direta à distância (DDD) também terão que ser liberadas sem custos.

Se mesmo assim a sacanagem continuar, depois de 1º de abril do ano que vem, você poderá telefonar de qualquer orelhão pra celulares locais, sem gastar nada. E, por último, a partir de 1º de outubro de 2016 serão liberadas ligações pra celulares em todo o Brasil, caso as operadoras não cumpram a determinação.

Anatel é omissa, diz chefão da Procon de Itajaí

Para o advogado Rafael Martins, chefe da procuradoria de Defesa do Consumidor (Procon) da prefeitura de Itajaí, o povão pode até ajudar a monitorar os aparelhos de telefone público que não estão fazendo ligações, mas a obrigação mesmo é tanto da OI quanto da Anatel. “É responsabilidade da empresa manter esses telefones conservados e funcionando e da Anatel fazer a fiscalização”, afirma.

Pra Rafael, a Anatel tem sido omissa em relação às sacanagens das operadoras de telefonia e jogado pra fiscalização dos Procons o trabalho. “Ela (a fiscalização da Anatel) tá se aproveitando dos trabalhos dos Procons pra não ter que trabalhar”, alfineta.

Como agir

Primeiro é bom ligar pra própria operadora informando que o aparelho tá estragado. Se ele não for consertado, é importante que o povão registre na Anatel as denúncias.

Também dá pra fazer a denúncia à Procon. Aproximadamente 30% de todas as reclamações que chegam à procuradoria de Defesa do Consumidor de Itajaí tão relacionadas a empresas de telecomunicações, informa Rafael.

OI diz que 90% dos problemas são vandalismo

Em nota oficial enviada por Políbio Braga, da assessoria de comunicação social da operadora, o pessoal da OI afirma que vai cumprir as determinações da Anatel e manter as ligações gratuitas até o dia 1º de outubro. “A medida é temporária e permanecerá em vigor até que os patamares de disponibilidade de orelhões nestes estados estejam nos níveis indicados pela Anatel”, diz a nota.

A empresa afirma que cumpre as determinações legais no que diz respeito à telefones públicos e argumenta que 90% dos problemas tão ligados a vandalismo. “No 1º trimestre de 2015, foram danificados por atos de vandalismo, em média, 15% dos 35 mil orelhões instalados em Santa Catarina”, relata o comunicado.

Pra finalizar, o pessoal da OI garante que mantém um programa permanente de manutenção dos orelhões.

A Anatel foi procurda pelo DIARINHO antes mesmo da OI. No comecinho da tarde, um e-mail foi enviado através do saite da agência pro setor de comunicação social. Às 14h13, o DIARINHO recebeu a confirmação de que o e-mail chegou por lá. Até às 21h30 de ontem, ninguém da agência fez contato com o jornal.

Veja como reclamar de um orelhão estragado

Pra OI

Ligue grátis para o 103-14. Também dá pra entrar no saite da operadora (www.oi.com.br), mas é a maior função até chegar à página da reclamação ou denúncia.

Pra Anatel

Ligue de graça para 1331, das 8h da manhã às 20h. Deficientes que tenham telefone adaptado devem discar pro 1332. Na internet, acesse www.anatel.gov.br. Logo na primeira página, na aba “Consumidor”, tem a opção “Quer reclamar? Saiba como”, que o redireciona para outra página onde há explicações bem facinhas de entender. A Anatel diz que em cada capital tem escritório pra atender reclamações, mas não disponibiliza o endereço (aí não dá, né!?).

Pra Procon

Pode ser pelo telefone. O número é o 3349-6147. Também dá pra ir na sede da procuradoria, que fica na avenida Joca Brandão, 655, no centro de Itajaí (é onde já funcionou o fórum e a prefeitura).




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