Saco da Fazenda
Mangue vira depósito de sacos de moradores de rua
Andarilhos foram flagrados fazendo sexo na rua; prefeitura anuncia ação integrada
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Moradores da avenida Beira Rio denunciam que a área de mangue do Saco da Fazenda, no bairro Fazenda, em Itajaí, tem virado casa para moradores em situação de rua e também depósito de lixo. No bairro Cordeiros, moradores flagraram um casal de andarilhos fazendo sexo na rua, em plena luz do dia. As constantes reclamações sobre os andarilhos motivaram uma reunião na prefeitura de Itajaí e o anúncio de um programa social.
Na avenida Beira Rio, os andarilhos teriam montado acampamento bem próximo à sede da Associação Náutica de Itajaí (Ani). “Olha o lixo que achamos no mangue. Parecem sacos deixados por mendigos que escondem latas para depois revender...”, acredita o morador C.O.
O denunciante alega que a situação está piorando de um mês para cá, com mais andarilhos vivendo na avenida. “Eles vêm acumulando lixo. Faz um mês que vemos uma movimentação no mangue”, completa. A área de mangue é de preservação permanente e fica sob a responsabilidade do Instituto Itajaí Sustentável (Inis). O órgão não tinha conhecimento do problema.
Por volta das 17h de quarta-feira, uma viatura da Guarda Ambiental (GAMF) recebeu a denúncia, via central de emergência, informando que os andarilhos estavam montando barracas no mangue.
A viatura foi até o local, mas não localizou ninguém. No local foram encontrados restos de comida, lixo, embalagens e papelão, sugerindo que alguém estava fazendo aquele espaço como moradia.
Um relatório será encaminhado à secretaria de Obras para fazer uma limpeza geral naquela região de mangue.
Casal de andarilhos faz sexo na rua
Um casal de moradores de rua foi flagrado transando na rua Eurípedes Amorim Leal, no bairro Cordeiros. O casal estava em frente a um terreno baldio, coberto apenas por um lençol, quando foi abordado por um morador que gravou a cena.
O vídeo foi divulgado pelo portal Itajaí Extra Notícias, na terça-feira. Na gravação, é possível ver o homem se aproximando do local e questionando a cena. “Tem criança passando aí na rua, cara”, argumentou o denunciante.
“Meu Deus, próximo à escola da minha filha. O que tá acontecendo com Itajaí?”, comentou uma mulher no vídeo. O terreno fica próximo a duas escolas e a uma creche.
Segundo a prefeitura de Itajaí, foi um caso de atentado ao pudor e a PM poderia ter sido acionada.
Itajaí promete nova abordagem social
Com tantas reclamações da comunidade, uma reunião discutiu estratégias de abordagem a moradores de rua em Itajaí. O encontro foi no gabinete do prefeito Volnei Morastoni (MDB) e reuniu representantes das secretarias de Assistência Social e Saúde, PM, Polícia Civil, Ministério Público e Guarda Municipal.
Foi determinada a criação de um grupo para elaboração de um plano pra atender à população de rua na cidade. Esse grupo irá organizar medidas para facilitar o trabalho das equipes em campo, incluindo a criação de leis e decretos endurecendo a fiscalização.
“Precisamos respeitar a pessoa humana que está nessa situação de rua, enquanto também devemos garantir a segurança de toda a população. Estamos comprometidos em criar mecanismos que legitimem a ação dos agentes públicos”, disse o prefeito Volnei.
Abrigos em Itajaí
Em Itajaí, a porta de entrada da população em situação de rua aos serviços municipais é a Abordagem Social e o Centro Pop. As equipes de abordagem trabalham das cinco à meia-noite para quem aceitar a ajuda. A abordagem pode ser acionada pelo celular de plantão (47) 9 9919-8961.
O Centro Pop funciona na rua Blumenau, nº 2071, na Barra do Rio, das 5h às 18h, de segunda a sexta-feira. No local, a população pode fazer uma higiene básica, é cadastrada e passa pela triagem dos assistentes sociais, que verificam quais os encaminhamentos possíveis.
A cidade também dispõe da casa de passagem, na rua vereador Claudino José Pacheco, 88, no bairro São João. O espaço recebe pessoas que já passaram pela triagem e querem deixar as ruas, seja atrás de um emprego, indo a uma comunidade terapêutica ou retornando à família.