“Durante muitos anos, víamos o Badeco chegando na quadra às 4h da manhã para dar aula para as crianças no sábado e ela (Magic) dizia: essa história precisa ser contada”. Foi assim que a diretora Kristel Hemmer e a diretora de fotografia Magic Maike idealizaram o documentário “E aí, campeão?”, lançado no ano passado e que conta a história do professor de tênis Osvaldo Cipriano, o Badeco, de Itajaí. O resultado deu tão certo que recentemente o filme recebeu o prêmio de melhor documentário Cannes Shorts, festival na França.

Kristel é estudante de cinema da UFSC, e este foi o seu primeiro documentário como diretora. Após o lançamento, o documentário já foi nomeado para festivais de norte a sul do Brasil e também em Hollywood, nos Estados Unidos, e até na Índia.

Ele será exibido nesta terça e quarta-feira no cinema do CIC, em Florianópolis, a partir das 19h. Após rodar o mundo, o documentário será lançado no canal da produtora de Kristel, a Kardeal Roteiros, dia 30, às 19h: www.youtube.com/@kardealroteiros196.

“Fazer um filme não é fácil, principalmente porque envolve muitas questões técnicas, material humano e patrocínio. Além disso, eu ainda era estudante de cinema. O Badeco mostrou durante toda sua vida que tudo que você precisa é coragem e não desistir. Nós já começamos com uma ideia do que seria o filme, mas a obra tomou grandes proporções, porque a cada conversa, entrevista, descobríamos um novo lado do Badeco, e todos queriam dar um depoimento para agradecer esse cara que sempre tinha uma palavra de motivação e um sorriso para dar”, explica Kristel.

Badeco é professor de tênis no projeto Saque essa Ideia, que ensina tênis para crianças e adolescentes em núcleos espalhados por Itajaí há mais de 30 anos, com apoio do Itamirim Clube de Campo.

“É uma coisa que eu não imaginaria, que uma história de uma pessoa que não tinha nada, morava em uma casa de chão batido, sem luz, sem água, sem fogão a gás, ia ganhar esse corpo todo. Pra mim foi muito importante, ver a minha história sendo contada no mundo, é muito prazeroso. Eu acho que a gente a cada dia dá o melhor de nós; só tenho a agradecer”, comenta.

A diretora explica que a repercussão do documentário não está apenas nos prêmios e exibições nos festivais de cinema, mas também nas reações das pessoas que o assistem. “Mais que as premiações, ficamos muito felizes com os feedbacks das pessoas se inspirando e se emocionando com a obra. Afinal, é exatamente sobre isso o filme. Sobre o que é um campeão? Não é sobre prêmios ou troféus. Mas sobre seu potencial de inspirar as pessoas. O filme é sobre uma pessoa que não apenas superou os obstáculos de cabeça erguida, conquistou o sucesso, mas que ainda entrega tudo para ajudar os outros. Isso é um verdadeiro campeão”, finaliza.