ITAJAÍ
Moradores denunciam abandono na comunidade da Colônia Japonesa
Localidade que mais produz alimentos em Itajaí sofre com buracos, acesso precário e falta de transporte público e serviços
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
As chuvas fortes nas últimas semanas agravaram a situação de abandono já denunciada outras vezes por moradores da Colônia Japonesa, no bairro Itaipava, em Itajaí. A localidade é a principal produtora de alimentos da cidade, reconhecida pelo cultivo de hortaliças.
A principal demanda é pela pavimentação da rua José Natal Cugik, via às margens do canal retificado do rio Itajaí-mirim e que sofre com buracos e lamaçal em diversos trechos. A prefeitura fez a manutenção nos últimos dias, mas os problemas logo voltam após novas chuvas.
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A rua não tem saída e é o único acesso à comunidade. As condições atrapalham os produtores e o dia a dia das famílias da região. “Os moradores sofrem com uma estrada lamentável onde tem desmoronamento constante nas laterais do rio. Há promessa de pavimentação há uns 20 anos”, lembra a servidora pública Rose Nair Tomkelski Rodrigues, de 34 anos.
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Além da lama, a rua tem acesso precário no entroncamento com a BR 101. Na entrada da comunidade não há marginais e falta sinalização. Para chegar até a rua, os moradores precisam fazer o retorno pelo viaduto da avenida Reinaldo Schmithausen. Para sair do bairro, é preciso seguir até o viaduto do São Vicente.
Após diversas reclamações, a prefeitura passou a patrola na rua e recuperou o trecho perto da barragem do Semasa, que tinha virado um atoleiro e estava intransitável, mas os moradores pedem a pavimentação como solução definitiva.
O lavrador Gláucio Edinei Martins, de 27 anos, alerta que as margens do rio estão desbarrancando. Já há trechos em que a erosão chegou à estrada e outros em que o avanço do rio ocorre a cada dia, engolindo árvores das margens, como perto da sede da Cooperativa de Produtores Rurais de Itajaí (Cooperar).
Após as chuvas das últimas semanas, ele diz que agora são só as árvores maiores que estão segurando a margem, apontando que é necessário fazer uma contenção ao longo do rio. “Senão daqui a pouco não teremos mais estrada”, observa.
Lamentável o abandono. Só lembram do bairro quando o pedido é voto” - Rose Nair Tomkelski Rodrigues - Servidora Pública
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Localidade sofre com isolamento

Carro particular é o único meio de transporte dos moradores
A falta de ônibus é outra deficiência na localidade. A colônia não tem linha regular e o transporte escolar ofertado é deficiente e não atende a todos. Conforme Rose, alguns adolescentes desistem de concluir o ensino médio devido ao problema. “Minha filha está sem estudar e meu filho já reprovou o ano passado por conta das faltas”, contou.
Rose relata que os adolescentes que fazem ensino médio têm que andar 20 quilômetros até chegar à escola de bicicleta e ainda precisam pegar a BR. “O ônibus que é disponibilizado para os estudantes só é liberado para o ensino fundamental da rede municipal”, informa.
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A servidora destaca que o acesso à educação é um direito constitucional e que o estado também precisa garantir por meio de programas complementares o serviço de transporte escolar. A moradora já fez denúncia ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar, e até já levou a questão à prefeitura e à câmara, mas segue sem solução.
Devido ao isolamento, a comunidade também depende de serviços públicos que ficam em bairros vizinhos, como postos de saúde e escolas. Os mais próximos ficam no bairro São Roque, sendo preciso dar a volta pela BR, pegando os viadutos. “Esse trânsito está cada vez mais difícil. Ficamos uma hora e meia pra chegar até em casa, pois não temos uma saída para o nosso bairro”, lembra.
Sem previsão de asfalto ou de transporte público

Colônia, por enquanto, só receberá serviços de patrolagem
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O secretário de Obras, Márcio “Dedé” Gonçalves, informou que não há previsão de pavimentação asfáltica para a rua da Colônia Japonesa. Enquanto isso, a manutenção da via é feita pela Secretaria de Agricultura, com serviços de patrolagem e colocação de macadame. Um projeto ainda no papel prevê um novo acesso à região, com o prolongamento da avenida Adolfo Konder.
Já a Secretaria de Educação oferece transporte escolar para os alunos da comunidade. A pasta explicou que em locais como a Colônia Japonesa, Campeche e Brilhante, onde as linhas do transporte público não coincidem com o horário das aulas, o ônibus escolar dá “carona” para alguns alunos da rede estadual.
No transporte coletivo, atualmente não está prevista a criação de uma linha na Colônia Japonesa porque, segundo a Secretaria de Urbanismo, não há demanda suficiente de passageiros. “A população do bairro pode utilizar a linha 700 - São Roque | Boa Vista, que passa na Marginal Oeste da BR 101”, orientou.
O DIARINHO questionou a concessionária Arteris Litoral Sul sobre se há algum projeto de melhoria no acesso à Colônia Japonesa, mas não obteve resposta. Tratativas por adequações na marginal são feitas há mais de cinco anos entre o município e a empresa.