manifestação da marinha
Casal de namoradas acusa manifestantes de agressão
Vítima contou que levou socos e puxões de cabelo
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Um casal de namoradas, de 19 e 26 anos, denunciou uma agressão sofrida na noite de domingo por manifestantes que estão acampados em frente à Marinha do Brasil de Itajaí desde a derrota nas urnas do presidente Jair Bolsonaro (PL). As duas mulheres contam que foram defender uma família de venezuelanos que teria sido agredida ao pedir abrigo e comida na hora da chuva. os manifestantes teriam dito que o espaço é apenas para "patriotas".
As mulheres contam que estavam próximas ao Mercado Público quando começaram a ouvir gritos, por volta das 22h. “A gente viu que tinha um pessoal da manifestação indo para cima de uma família. A mulher estava chorando muito e o marido gritando. Parecia que eles estavam sendo ameaçados. A gente foi ver o que estava acontecendo e ajudar de alguma forma”, conta uma das vítimas, que pediu para não ter o nome divulgado.
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“Na esquina da loja de colchões Castor, encontramos a mulher aos prantos, desesperada, e o marido discutindo com muita gente da manifestação. Eu tentei conversar com ela, mas veio um homem que estava na manifestação e passou a me xingar, dizer que eu não poderia estar ali. Que a gente era mulher e não deveria estar ali”, revela.
A vítima conta que continuou a conversar com a mulher que chorava para entender o que estava acontecendo para apaziguar a situação. “Ele começou a vir para cima de mim, me empurrar e me agredir. A minha namorada começou a xingar. Eu tentei segurá-la, pedindo calma, falando que íamos resolver. Nisso vieram muitos homens e pessoas lá da manifestação. Um homem simplesmente veio para cima da minha namorada e deu um soco nela”, narra.
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A partir daí a violência tomou proporções maiores. “Eu não sei quantos homens eram, mas começaram a bater na gente. A segurar minha namorada, a puxar o cabelo. Várias pessoas assistindo e ninguém fez nada para nos ajudar”, revela.
O casal chamou a Polícia Militar e registrou um boletim de ocorrência. As mulheres foram com a PM até a manifestação para ver se identificavam os agressores, mas os agressores teriam fugido. “O pessoal da manifestação ainda disse que tinham avisado para a gente não estar ali, porque estávamos nos metendo em coisas que não devia...”, comenta.
A jovem Júlia, de 19 anos, que levou os socos e os puxões cabelo, acredita que a agressão ocorreu pelo fato de ela e a namorada serem mulheres. “Acredito que por machismo, porque falaram que não deveríamos estar ali, porque somos mulheres”, comenta.
A PM confirma que atendeu a ocorrência que divulgou como “rixa em frente ao Mercado Público”, mas afirma que os autores da agressão não foram identificados. “Não havia câmeras de monitoramento disponíveis no momento, no local exato onde os fatos ocorreram. Diante disso, foi confeccionado o boletim de ocorrência pela lesão corporal relatada e as vítimas orientadas”, informou a PM.
Não é o primeiro caso
Este é o terceiro relato de agressão e confusão entre manifestantes. Em um dos casos, o fotógrafo Lenon César foi agredido por um grupo de manifestantes. Em outro, uma servidora da saúde teve a bolsa e chave arrancada de suas mãos ao ir até a manifestação questionar porque os manifestantes ocupavam vagas de estacionamento públicas. Ela também teria sido impedida de retirar o carro do local. Na época, a PM prendeu a servidora sob suspeita de estar bêbada e de supostamente ter tentado atropelar os manifestantes. Nenhum vídeo ou prova comprovou as alegações que, segundo a servidora, seriam totalmente inverídicas e fantasiosas.
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Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.