ITAJAÍ
Prefeitura corta ipês em calçada do centro e revolta a vizinhança
Funcionários da secretaria de Obras derrubaram três árvores nativas; comunidade se mobiliza pra salvar o ipê que sobrou
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]











Três pés de ipê, árvore nativa de Mata Atlântica, que ficavam no passeio público na esquina das ruas 15 de novembro e Olímpio Miranda Junior, no centro de Itajaí, foram cortados pela prefeitura na manhã desta terça-feira. O ipê mais alto que restou só não foi derrubado porque os moradores próximos se mobilizaram, enfrentaram os operários e evitaram o corte.
Os trabalhadores que fizeram o corte estavam a serviço da prefeitura de Itajaí. Eles informaram que o corte aconteceu com a autorização do Instituto Itajaí Sustentável (Inis) e a pedido da clínica São Lucas, que é dona do imóvel. Os ipês, que são protegidos pela legislação ambiental por serem espécies nativas, ficavam em frente à antiga loja da Claro e tinham sido plantados pela própria vizinhança.
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A vereadora Aline Aranha (UB) e o comerciante Patrick Zaguini se mobilizaram para evitar a derrubada do ipê mais alto, pois quando eles chegaram as outras árvores já estavam no chão. Além de entrar em contato com o DIARINHO, a vereadora gravou vídeos e conversou com a secretaria de Obras.
Durante o dia, os moradores ainda penduraram cartazes na árvore com as frases “luto”, “essa árvore é da comunidade, está na rua pública”, “pessoas que não respeitam o ar que respiram”, e “pessoas ruins destroem a natureza”.
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Um empresário, morador das redondezas, contou que há cerca de uma década colocou uma estaca na muda plantada por um vizinho, e acompanhou ela crescer forte desde então. “Um absurdo agora devastar uma árvore linda dessas”, opinou.
O DIARINHO apurou junto ao INIS que os trabalhadores não tinham autorização para cortar a árvore maior. A autorização de corte liberada pelo instituto era para as três árvores menores, também nativas. “O ipê grande, na esquina, não foi autorizado o corte. Se o mesmo viesse a ser cortado, seria uma infração ambiental”, informou o INIS.
A motivação para o corte, segundo o INIS, foi baseada em um requerimento do proprietário do prédio, a clínica São Lucas, para reforma e adequações às normas urbanísticas do passeio público. “As três árvores cortadas, futuramente causariam problemas à estrutura do passeio, devido ao crescimento das raízes”, justificou o órgão ambiental municipal. As árvores, contudo, estavam em um canteiro central do passeio público.
Clínica recebeu alva do INIS para a derrubada

Vizinhança não quer a quarta árvore no chão
A clínica São Lucas confirmou ao DIARINHO que solicitou o corte das árvores no passeio público. A justificativa é que o local cederá espaço a rampa de acesso para deficientes físicos na entrada do laboratório que será implantado no prédio. A previsão é que o laboratório seja concluído até o final do ano.
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Segundo a diretora Lilian Coelho, a empresa entrou com um pedido formal junto ao INIS em março deste ano e recebeu o aval para o corte das árvores. O serviço foi solicitado ao município. Ela informou que uma rampa de acesso foi projetada para atender as normas de acessibilidade do município.
“Eu preciso tocar minha obra. Eu fiz um projeto baseado em uma licença concedida pela prefeitura. Não estou fazendo nada de errado," alega Lilian.
A empresária informa que tem autorização para o corte dos quatro ipês – inclusive o que ficou de pé.
A empresária ainda diz que, se a prefeitura desejar, pode replantar a árvore do passeio público em outro lugar determinado. A retirada também ajudaria, nos argumentos de Lilian, a deixar a calçada “lisa” para os pedestres.
Arquivo para download:
638211_corte-ipes-centro-de-itajai--3-.mp4
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