A consulta pública sobre a concessão do Porto de Itajaí, que encerraria neste domingo, foi prorrogada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) por mais uma semana, ficando aberta até sexta-feira que vem, dia 15 de abril. As sugestões para o órgão devem ser encaminhadas via formulário no site www.gov.br/antaq, onde estão disponíveis todos os documentos técnicos do projeto.

A Antaq também vai retomar, na próxima quarta-feira, dia 13, a audiência pública da concessão do porto, iniciada na quinta-feira passada. A reunião será no modelo virtual, a partir das 9h, pela plataforma Zoom. A retomada será pra ouvir os participantes que se inscreveram na semana passada, mas que não puderam se manifestar na reunião.

Não serão aceitos pedidos de inscrições para novos interessados em se manifestar na audiência. A transmissão, também, será aberta pela internet, pelo canal da Antaq no Youtube.

A prefeitura de Itajaí já se manifestou na audiência. Em documento enviado à Antaq, o município pediu a prorrogação do convênio de delegação, que manteria a autoridade portuária pública municipalizada até 2048.

Em sua fala, o prefeito Volnei Morastoni (MDB) voltou a destacar a complexidade do porto de Itajaí e a relação com os terminais privados e outras atividades ligadas ao rio Itajaí-açu.

“Não somos contra a privatização das atividades, realidade que já existe. Queremos que o novo processo de arrendamento propicie os R$ 2,8 bilhões em investimentos, sem interferir na autoridade portuária”, disse. “Essa solução respeita a relação entre o Porto e a cidade. Está em plena sintonia com a competência municipal em prol do desenvolvimento equilibrado e sustentável de Itajaí”, completou.

Pelo cronograma da concessão apresentado pelo governo federal durante a audiência, o edital deve ser lançado em setembro, prevendo que o leilão seja marcado, ainda, pra dezembro de 2022. O projeto do governo federal prevê a privatização, também, da autoridade portuária. A concessão será por 35 anos, prorrogáveis até o limite de 70 anos.

Carga de celulose vai pra Europa

A sexta-feira foi marcada pela primeira operação de embarque com carga de celulose, no berço 4 do Porto de Itajaí. A operação ocorreu pelo navio Tian Le, com bandeira da China, três anos após a última atracação com celulose no cais.

A embarcação, com 189,99 metros de comprimento e 28,5 de largura, atracou no último dia 31 de março, iniciando a operação. A embarcação, com origem de Punta Pereyra, no Uruguai, recebeu, de acordo com o setor de operações da superintendência, 14 mil toneladas de bobinas de celulose. O navio carregado com a celulose seguiu para Flushing, na Holanda.

O superintendente do Porto, Fabio da Veiga, destacou que houve um ajuste nos valores praticados pela mão-de-obra para possibilitar a operação. “A Autoridade Portuária concedeu o benefício tarifário dos operadores que foram atrás da carga, e esse navio será o primeiro de muitos em uma rotina praticamente semanal do recebimento desse tipo de carga, vinculado à exportação. Cada navio que chega é renda e receita que se distribui na nossa cidade e região”, comemora Fabio.

A celulose pode ser movimentada em fardos ou em forma de bobinas. Por se tratarem de produtos frágeis, a logística nos segmentos de papel e celulose exige o uso de equipamentos específicos e cuidados especiais para proteger as cargas e evitar que sejam molhadas ou danificadas.

A primeira operação de celulose no Porto ocorreu em agosto de 2019. “Abrir um mercado novo para o Porto de Itajaí, principalmente com uma carga ‘limpa’ e de fácil operação como a celulose, em uma época de tantas incertezas, motivadas pela desestatização do nosso Porto, é muito importante, e nos traz novas perspectivas e desafios para torná-la regular. Houve um grande engajamento do poder público e da inciativa privada”, diz Ricardo Amorim, coordenador de Operações do Porto.