Negócio bilionário
Compra da Hering aguarda aprovação de acionistas e de órgão regulador
A marca fundada em Blumenau há 140 anos fará parte do grupo Soma, dono das grifes Animale, Farm, Maria Filó e Cris Barros
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A compra da Hering pelo grupo Soma, anunciada no mês passado, não deve provocar mudanças imediatas na rede de lojas da marca catarinense. A empresa conta com duas lojas em Itajaí, uma no calçadão da Hercílio e outra no Itajaí Shopping, e outras duas em Balneário Camboriú, na avenida Brasil e no Balneário Shopping.
A marca da tradicional companhia varejista fundada em Blumenau há 140 anos fará parte da carteira do grupo Soma, dono das grifes Animale, Farm, Maria Filó e Cris Barros, entre outras. A negociação foi de R$ 5,1 bilhões, superando a oferta de R$ 3,2 bilhões apresentada pela Arezzo, que também tinha interesse na aquisição.
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O acordo prevê pagamento de R$ 1,5 bilhão em dinheiro e R$ 3,6 bilhões em ações para a companhia catarinense. A proposta tem uma cláusula de exclusividade entre as empresas, prevendo multa de R$ 250 milhões no caso de descumprimento do acordo. A negociação ainda depende de aprovação de acionistas e do conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
As ações da Hering dispararam após o anúncio da aquisição, no final de abril. Em comunicado conjunto, as empresas destacaram que a operação vai consolidar uma plataforma de marcas no varejo da moda, ampliando o mercado, conectando diferentes públicos e abrindo novo espaço de crescimento. A aquisição deve aumentar o potencial de negócios do grupo de R$ 30 bilhões para R$ 110 bilhões.
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Conforme o presidente do conselho de Administração da Hering, Fábio Hering, que presidia a companhia até abril, as operações da empresa em Blumenau também não devem ser alteradas no momento. Com a aprovação da fusão, é previsto que o parque fabril possa ser ampliado na região, atendendo as novas marcas do grupo. Atualmente, a Hering tem a maior parte da produção de confecção em Goiás.
A empresa catarinense chegou em 2020 à marca de 10 milhões de clientes, hoje emprega mais de sete mil pessoas e administra 805 lojas próprias no Brasil e no exterior, entre Uruguai, Bolívia e Paraguai. A companhia também é dona das marcas Hering Kids e Dzarm. A Hering conta com dois centros de distribuição, em Santa Catarina e em Goiás, e oito unidades fabris: três em Santa Catarina, quatro em Goiás e uma no Rio Grande do Norte.
Hering deve abrir mais 125 lojas em breve
Na semana passada, a empresa anunciou o maior programa de investimento de sua história, prevendo aplicação de R$ 131 milhões em 2021, em projetos nas áreas de tecnologia, plataformas digitais, modernização do parque fabril e logístico e melhorias em lojas, além de plano de abertura de 125 novas lojas. Em comunicado, a companhia destacou que está se preparando para uma “jornada de transformação digital e cultural”.
Em conferência com analistas na semana passada, o diretor executivo da Hering, Thiago Hering, falou da expectativa em discutir os planos de expansão com o grupo Soma. É possível que a empresa incorpore tecnologias do grupo e que as lojas possam servir a todas as marcas da nova rede, ampliando o perfil dos clientes para todas as categorias. Thiago assumiu a presidência da empresa em eleição no início do mês, passando a ocupar o lugar do pai, Fábio Hering.
O grupo Soma tem mais de 250 lojas no Brasil, com 5300 funcionários, além de franquias. A empresa é dona de marcas premium, voltadas para o público A e B. Em Santa Catarina, o grupo tem lojas próprias das marcas Animale, Farm e Maria Filó em Florianópolis e Balneário Camboriú.
Briga familiar chega à justiça
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Em meio à negociação, herdeiros da família Hering vivem uma disputa judicial por ações da empresa. Desde o dia 23 de abril uma ação movida por três familiares da quinta geração dos fundadores da companhia tramita na justiça de Blumenau.
O processo foi aberto por Pedro Hering Bell, Rafaella Hering Bell e Eduardo Teodoro Hering Bell, netos de Eulália Hering e Max Victor Hering, já falecidos, e tataranetos do fundador da empresa, Hermann Hering. Eles reivindicam as ações que a avó tinha na empresa que controlava parte do capital da Hering.
A acusação é que as ações foram vendidas e apropriadas indevidamente por outros membros da família e pela própria companhia. A ação corre contra a empresa, Ivo Hering (primo da mãe dos autores do processo), Klaus Hering (tio deles) e Antônio Queiroz, ex-marido de Maike Hering, tia dos autores.