Um dos mais belos cartões-postais da cidade, a Beira Rio de Itajaí, está com novo espetáculo em cartaz, e durante curtíssima temporada. É o florescer do ipê-rosa, que confere ainda mais encanto ao local já repleto de belezas, como os barquinhos atracados e esculturas com motivos marinhos. Mas um aviso: a floração do ipê-rosa é efêmera. As flores caem rápido, ainda mais em caso de chuva ou vento. Em dezembro de 2009, um ano após uma das maiores enchentes já registradas na cidade, o engenheiro agrônomo, hoje aposentado, Juarez Müller decidiu fazer algo para trazer novo ânimo aos itajaienses. Plantou 77 ipês da cor rosa e roxa para embelezarem a Beira Rio. A ideia também era gerar sombra às pessoas que a frequentam e dar abrigo aos “irmãos alados”, como Juarez se refere aos pássaros. Durante o plantio houve quem contestasse a ação, alegando que as árvores tirariam a visibilidade de comércios. Muitas acabaram cortadas na calada da noite, o que levou à aprovação da Lei Municipal 10.323, a qual declara os ipês da Beira Rio como “árvores imunes ao corte”. A lei é estampada em placas ao longo da via, com o nome científico do ipê roxo, tabebuia pentaphila. Dez anos depois das mudas serem plantadas, as sobreviventes dão um show na avenida, como nas proximidades do Centreventos, onde há um pequeno corredor de ipês em floração. Mas a árvore com as flores mais vistosas e volumosas está próxima da Kombi em que seu Juarez dos Santos vende caldo de cana. Observador, ele avisa:“a placa diz que é ipê -roxo, mas esse é rosa”. Beleza da florada já virou um point para fotos O encanto das flores produzidas pela árvore tem atraído olhares. Como o da técnica de enfermagem Viviane Antônia Santos, de São Paulo, que ao menos quatro vezes por ano visita a mãe em Itajaí. “A cidade está florida, os canteiros bem organizados. Mas essa aqui tá linda demais. Eu amo flores. Eu amo Itajaí!”, dizia, enquanto observava os cachos de flores diante dos barcos atracados na Beira Rio. Amante da cor rosa, conforme atesta sua blusa, Marlusa da Costa, 41 anos, não resistiu ao brilho das pétalas e parou para fotografar. “Tá muito linda”, dizia a mulher que nasceu em Itajaí, passou a vida em Joinville e retornou à terrinha há três anos. “Tá maravilhosa essa árvore aí”, confirmava o advogado Genésio Nolli, ao lado da esposa Liange. “Ela floresceu toda em cachopinha”, elogiava. Sob a sombra de outra grande árvore na Beira Rio, de onde admirava os ipês, ele lembrou de histórias hilárias sobre a vida do fundador do DIARINHO, Dalmo Vieira. Genésio foi advogado do jornalista, segundo ele, um “homem da mais alta gentileza, grande e saudosa figura”. Aliás, diante da sede do DIARINHO, no bairro Fazenda, também há um belo ipê-rosa, ainda novinho, com cerca de cinco anos, mas já em floração. Outras cores Além das árvores da Beira Rio, Juarez informa que há outros pontos na cidade em que podem ser vistas flores de outras cores de ipês. Como o ipê-roxo diante do antigo prédio dos Correios ou os ipês de flores brancas, mais raras, no pátio do hospital Marieta. No parque Dom Bosco, os ipês já floresceram no estacionamento . “A flor do ipê é muito efêmera, cai com a chuva. É um espetáculo de curta temporada”, avisa o agrônomo, informando que a árvore é comum em todo o Brasil e nos países mais ao sul das américas, como Argentina, Uruguai e Paraguai. A floração do ipê ocorre do início de julho a setembro. Algumas espécies florescem até novembro, mas o mais comum é no auge da primavera. Quanto mais seco é o período, maior será a florada, culminando com um boom de flores, que são polinizadas especialmente por beija-flores e abelhas.