Itajaí
Segundo dia: lotação máxima e atrasos
Apenas 14 linhas estão operando em Itajaí. Relatos são de atrasos, desinformação e ônibus lotados nos horários de pico
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]






Os itajaienses que usam o transporte coletivo urbano não conseguirão tão cedo ser pontuais. No segundo dia de operação da Transpiedade não só as pessoas faziam fila, mas as reclamações também. Não é à toa. Das 47 linhas operadas pela Coletivo, restaram apenas 14 para cobrir toda a cidade durante o contrato emergencial. No ponto do Itaú, na Sete de Setembro, ontem, por volta das 18h, quem queria ir para Ressacada teve que amargar uma espera de quase duas horas. Um busão chegou e saiu socado de gente cansada, irritada, tentando ir para casa descansar. “Não tenho nem o que dizer para o prefeito. Que absurdo é esse? Que falta de respeito com a população que trabalha,” reclamou a mesma auxiliar de talhação, Rosimere de Aragão, 47 anos, que perdeu a consulta médica na terça-feira por conta da mudança. Ontem ela perdeu o horário para para ir ao trabalho e não tinha ideia de que horas conseguiria chegar em casa. “Estava no ponto às 16h45. Já são cinco para as seis e nada de ônibus”, contou. Segundo ela, ontem pela manhã também foi outra novela para chegar ao centro. Saiu da Itaipava com um ônibus extra da Teftur e foi deixada no terminal da Ressacada. “O Teftur veio para o centro vazio e o da nova empresa não chegava nunca”. Essa era a mesma reclamação da doméstica Eliete da Silva, de 42 anos. “Está tudo lotado, está um transtorno só,” confirmou. Na manhã de ontem, Eliete demorou quase uma hora e meia para fazer um trajeto que antes levava 15 minutos. Ela chegou atrasada no trabalho. “Esqueceram da Ressacada. Esqueceram do pessoal do Brilhante, Arraial dos Cunha, Campeche. Lá não tem ônibus”, disse. Dona Maria Maçaneiro, 72 anos, também esperou por quase duas horas ônibus no ponto da Sete. Com um problema no calcanhar, ela não pode andar mesmo que curtos trajetos e também teve que amargar a espera. “Além disso, depois de 12 anos sem pagar tarifa, agora estou tendo que pagar”, disse. A indignação ia tomando conta de todo mundo que estava no ponto. Natiele Borges da Silva, 24, grávida de sete meses, disse que esperou de pé desde às 16h30 a chegada do busão que parou no ponto só pelas 18h15. “Se ninguém reclamar vão tratar a gente como sardinha enlatada dentro desses ônibus lotados de gente”, disse. Povão confuso com novas rotas Subimos na linha 602, agora 6025, no terminal da Fazenda rumo à Praia Brava às 13h59. Motorista gentil, cumprimentou, recebeu os R$ 4 em dinheiro e não se cansou de explicar a todos os passageiros que entravam as mudanças de itinerário. Às 14h em ponto pôs o amarelinho pra andar. Ponto positivo. Ônibus quase vazio, meia dúzia de pessoas na linha, sem muvuca. Ponto negativo? Nada de wi-fi apesar do adesivo grande colado no carro e da ampla repercussão que a prefeitura deu para esse que seria um diferencial na frota da Transpiedade. Segundo o motorista, o wi-fi estava funcionando apenas no terminal. Mas não sabia nos explicar porque não pegava no trajeto. Trajeto esse que mudou e deixou muita gente confusa. Foi como ficou a aposentada Lia Bentak, 62 anos, que pegava sempre a linha 601 no Ariribá para ir direto a Itajaí. Ontem ela subiu no ônibus mas perdeu a viagem por conta da mudança de itinerário. Antes da troca de empresas, a linha de Lia saía direto para Itajaí pela Osvaldo Reis. Agora, a mesma linha entra na Praia Brava, vai pela beira mar até voltar para Osvaldo Reis. Depois, entra em Cabeçudas, pega os passageiros que esperam no ponto da igrejinha e segue pela praia da Atalaia, até chegar na Beira-rio e seguir reto pela Marejada e então voltar para o terminal da Fazenda. “É muita confusão porque estamos sem informação. Eu perdi o horário para chegar a tempo ao banco e agora vou ter um prejuízo. E amanhã terei que voltar pela manhã porque ainda não sei como estão esses horários e itinerários”, reclamou. Lia pensou em descer e pegar outro ônibus, mas também não sabia se algum passaria e que horas passaria e que caminho faria. “Fazer o quê? Agora eu vou até Cabeçudas, meu Deus!” E foi no ponto da igrejinha de Cabeçudas que dona Maria do Carmo Nascimento, 67, subiu brava da vida. Estava esperando há mais de uma hora a chegada do ônibus. “Eles mudam os horários e não avisam ninguém. No fim, a gente tem que ficar esperando sentada. Acho um desrespeito”, afirmou. Os estudantes Lucas Rocha, 18 anos, e Andrieli Brandd, 16, estavam indo curtir a Praia Brava no dia quente de ontem e fizeram o fiel da balança. Ônibus tranquilo, dia bonito, elogiaram a cordialidade e atenção do motorista. A reclamação ficou apenas para o wi-fi dessa linha que não estava funcionando. “Gostei bastante do horário exato que o ônibus saiu do terminal da Fazenda. Antes tinha muito atraso. Mas seria melhor se o wi-fi funcionasse”, disse Lucas. Cinquenta minutos depois de ter saído do terminal da Fazenda, o carro já estava na esquina da praça da Beira Rio, onde a repórter desembarcou e o amarelinho continuou sua viagem até o terminal da Fazenda, onde deveria chegar antes das 15h30 porque esse já era o horário previsto para a próxima largada. A reportagem do DIARINHO aproveitou a mudança de itinerário da linha para testar o serviço de atendimento que a prefa colocou à disposição dos peixeiros para tirar dúvidas sobre o novo serviço de transporte coletivo. O atendimento foi rápido e prestativo, mas o que foi explicado não trazia grandes informações. Quem não paga passagem? Idosos, portadores de necessidades especiais e crianças até cinco anos continuarão isentos do pagamento da tarifa do transporte coletivo após a mudança. O benefício da meia passagem também será mantido para os estudantes já cadastrados no antigo sistema, desde que apresentem o Cartão Estudante ao motorista. Lembrando que o desconto de 50% no valor da passagem vale para os que frequentam o ensino fundamental, médio, superior e profissionalizante. Os estudantes que querem receber o benefício e pagar os R$ 2, mas que não estavam cadastrados no antigo sistema, deverão esperar a Transpiedade disponibilizar passes em papel nos próximos dias. Além disso, a prefa esclarece que poderão embarcar por quaisquer portas, crianças, gestantes, idosos, pessoas com dificuldade de locomoção e quem estiver com criança de colo. A regra de embarque não vale pra isenção ou desconto de tarifa. Coletivo não devolve grana do cartão Sim Se o problema fosse só a redução das linhas, atrasos e os ônibus cheios já seria grande. Mas não é só isso. Ontem, muita gente tentou receber de volta o dinheiro colocado no cartão SIM e mais uma vez não conseguiu. Pela manhã, cerca de 50 usuários fizeram barulho em frente à sede da empresa Coletivo, na rua Camboriú, exigindo o ressarcimento do vale-transporte. Mas tiveram que voltar pra casa sem o dinheiro no bolso. Só no fim da tarde, a Coletivo emitiu um comunicado para avisar que faria outro aviso amanhã para esclarecer sobre os ressarcimentos. O Procon está analisando o caso e pede que os usuários registrem uma denúncia para reforçar uma possível ação. Motoristas e cobradores da Coletivo Itajaí não receberam rescisões A redução das linhas e número de ônibus vai ser definitiva para muitos motoristas e cobradores que trabalhavam para a Coletivo e tinham esperança de serem recontratados. Segundo o advogado do Sindicato dos Motoristas de Itajaí e Região (Sitraroit), Denisio Dolasio Baixo, cerca de 60 motoristas e 30 cobradores trabalhavam para operar as 47 linhas regulares mantidas pela Coletivo em Itajaí. Agora, com apenas 15 ônibus em operação e a expectativa de chegar a 35 carros, é provável que muita gente fique sem emprego. Por isso, o sindicato vai exigir da prefeitura que a nova empresa absorva os funcionários que tiver capacidade e que promova treinamentos e qualificação para os que ficarem de fora. “Não podemos ficar nessa situação nebulosa. Precisamos saber qual a proposta e garantir um futuro para esses empregados”, disse. Denísio contou que enviou uma série de questionamentos sobre o processo de rescisão dos funcionários da Coletivo, mas que não obteve resposta até o fim da tarde de ontem. “Eles não nos responderam e a prefeitura até agora não nos procurou. É uma pena, uma situação difícil que deveria ser mais transparente”, disse. Um motorista, que não quis ser identificado, contou que está trabalhando normalmente para a Transpiedade com um novo contrato mesmo sem ter sido demitido da Coletivo. Segundo ele, a antiga empresa não está informando nada aos funcionários, apenas “distribuindo ameaças” de uma demissão por justa causa para quem não aparecer na sede. “Eu não poderia ficar esperando e correndo o risco de não receber. Tenho que pagar as minhas contas e tocar a minha vida pra frente”, falou. Para ele, pelo menos até esse segundo dia de trabalho, a situação está melhor do que antes. “Eu chegava a trabalhar das 11h45 até meia-noite sem descanso, sem pagamento de horas extras. Estávamos transportando as pessoas exaustos, com o risco de um acidente grave acontecer a qualquer momento. Era um desrespeito, desumano”, confessou. Segundo ele, funcionários da Coletivo já entraram com uma ação conjunta contra a empresa para receber a rescisão e atrasados. Ele afirma que, por enquanto, a nova empresa tem respeitado as sete horas de trabalho determinadas em acordo. Intermunicipais não passarão mais no centro de Itajaí Ao mesmo tempo em que os usuários sentem o impacto da redução do número de linhas que cai de 47 para apenas 14 nesses dias de transição, a partir do dia 18 de setembro quem usava os intermunicipais como a Praiana, Santa Terezinha ou Catarinense como mais uma opção para circular dentro da cidade terá que andar um pouco mais ou pagar duas passagens. É que a prefeitura de Itajaí publicou decreto determinando que as intermunicipais não transitem mais na região central e em alguns bairros. A linha da Praiana que vinha de Balneário e circulava dentro de Itajaí, por exemplo, é uma das que sofrerá restrição de rota. A partir do dia 14, ela não passará mais pelo Centro, Vila Operária e São João, o que acarretará no pagamento de duas passagens para muitos usuários. “Estamos preocupados com os passageiros. Essa mudança vai prejudicar muita gente”, disse o diretor da Viação Praiana, Marco Aurélio Seara Júnior. Segundo ele, a mudança só acontecerá depois que a prefeitura comunicar o Deter e o órgão fizer a determinação para a empresa. “Ficamos sabendo da mudança na quarta-feira, ainda não sabemos os detalhes,” falou. O chefe de gabinete da presidência do Deter, Batista Tonolli Júnior, informou ao DIARINHO que não estava ciente do decreto e que encaminharia o documento para a equipe técnica. A prefeitura de Itajaí informou que cabe só ao município definir por onde os ônibus intermunicipais circularão na cidade.
CONFIRA TABELA COM AS NOVAS ROTAS |
Os ônibus com origem da cidade de Brusque: |
- Com sentido Balneário Camboriú: ROD. ANTÔNIO HEIL (SC-486), BR- 101, AV. GOV. ADOLFO KONDER, RODOVIÁRIA, AV. GOV. ADOLFO KONDER, AV. NILO SIMAS, AV. ABRAHÃO JOÃO FRANCISCO, AV. SETE DE SETEMBRO, AV. OSVALDO REIS. |
- Com sentido Brusque: AV. OSVALDO REIS, RUA FLORIANÓPOLIS, RUA AGOSTINHO FERNANDES VIEIRA, AV. SETE DE SETEMBRO, RUA LAGES, AV. ABRAHÃO JOÃO FRANCISCO, AV. NILO SIMAS, AV. GOV. ADOLFO KONDER, RODOVIÁRIA, AV. GOV. ADOLFO KONDER, BR 101, ROD ANTÔNIO HEIL (SC-486). |
Os ônibus com origem/passagem na cidade de Ilhota |
Sentido Balneário Camboriú: ROD. JORGE LACERDA (SC-412), BR-101, AV. GOV. ADOLFO KONDER, RODOVIÁRIA, AV. GOV. ADOLFO KONDER, AV. NILO SIMAS, AV. ABRAHÃO JOÃO FRANCISCO, AV. SETE DE SETEMBRO, AV. OSVALDO REIS. b) Sentido Ilhota: AV. OSVALDO REIS, RUA FLORIANÓPOLIS, RUA AGOSTINHO FERNANDES VIEIRA, AV. SETE DE SETEMBRO, RUA LAGES, AV. ABRAHÃO JOÃO FRANCISCO, AV. NILO SIMAS, AV. GOV. ADOLFO KONDER, RODOVIÁRIA, AV. GOV. ADOLFO KONDER, BR-101, ROD. JORGE LACERDA (SC-412). |
Os ônibus que tenham como início e/ou término de linha o Município de Itajaí, e transitem por Balneário Camboriú, deverão obedecer os seguintes trajetos: |
a) Sentido Balneário Camboriú - Itajaí: AV. OSVALDO REIS, RUA FLORIANÓPOLIS, RUA AGOSTINHO FERNANDES VIEIRA, AV. SETE DE SETEMBRO, RUA LAGES, AV. ABRAHÃO JOÃO FRANCISCO, AV. NILO SIMAS, AV. GOV. ADOLFO KONDER, RODOVIÁ- RIA. b) Sentido Itajaí – Balneário Camboriú: AV. GOV. ADOLFO KONDER, AV. NILO SIMAS, AV. ABRAHÃO JOÃO FRANCISCO, AV. SETE DE SETEMBRO, AV. OSVALDO REIS. |