O cemitério da Fazenda é o último lar pra gente importante. Ali tão os restos mortais do ex-governador Irineu Bornhausen, de Marcos Konder, e de tantos outros que deram nomes a ruas e órgãos públicos, além de famílias abonadas, que construíram pros seus entes queridos mausoléus imponentes. Em túmulos como o da família Asseburg, chama a atenção a bela escultura de uma moça, olhos tristes, como se chorasse a saudade de quem se foi. Em outra sepultura, já desgastada pelo tempo, tem uma réplica da Pietà, de Michelângelo. Ambas de escultores anônimos, cujas obras-primas enchem os olhos.

O que as duas estátuas têm em comum são os dedos quebrados. O vandalismo e os furtos são um grande problema no cemitério. A destruição de imagens é pura diversão pra quem não tem o que fazer. Já no caso dos roubos, as peças preferidas são as letras e números de bronze, sobre as lápides. “Quem faz isso geralmente são viciados em drogas, que vendem o bronze pra que seja derretido”, comenta o administrador do cemitério. Os culpados raramente são descobertos. Se pegos com a boca na botija, podem amargar de um a três anos de prisão.

Outra situação que incomoda a administração são as tumbas abandonadas pelas famílias. No cemitério da Fazenda, são muitas. Ou porque os parentes já não se interessam em visitar o jazigo, ou porque já não tem parentes por perto. “A prefeitura não cobra manutenção do cemitério, apenas que o túmulo seja deixado limpo. Mas nem todo mundo faz isso. É difícil conseguirmos notificar alguém”, diz Fernando.