Ao atravessar o grande portão de ferro e entrar no pátio, a visão é assustadora. No enorme espaço se vê motocas e carangos pra tudo quanto é lado. São veículos de modelos novos misturados a antigos. É possível encontrar desde um Golzinho ano 2011, recolhido esta semana por estacionar em local indevido, até um Corcel 1, dos anos 70, que está por lá há mais de três anos, por problema na documentação.
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Segundo a administração do pátio, metade do total de veículos estacionados é de carros e o restante motocas. Entre as duas rodas, também tem de tudo quanto é marca, cor, modelo e estilo. Por lá se vê até cabritas modificadas, como uma Titan 125 que o proprietário incrementou com farolete de carro e mexeu no amortecedor, pra transformá-la numa motoca de trilha.
A delegada regional Magali Ignácio conta que o pátio de veículos apreendidos é unificado pra Balneário e Camboriú porque é bancado pelos dois municípios. Por lá vão parar os possantes que tenham alguma pendenga de trânsito, como multa, falta de documentação e estacionar em local indevido. Veículos que tenham algum problema criminal, como chassi adulterado ou produto de furto e roubo, não vão pro pátio, explica, lembrando que esses possantes com treta criminal ficam no pátio das delegacias.
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Culpa do Detran
Segundo a dotora Magali, a superlotação começou a rolar depois que a galera do Detran parou de realizar leilões. A bateção de martelo, que ajudava a se livrar dos veículos, não rola há três anos no Balneário e Cambu. Até 2009, os leilões eram realizados todos os anos nas citys. Eram leiloados carangos que estavam nos pátios há mais de três meses. Depois de três meses vence o prazo legal para retirada do veículo e o proprietário é notificado. Se ele não se regularizar, o poder público pode encaminhar o carro a leilão, explica a delegada.
Pra piorar a superlotação, os motoras não têm ido buscar seus possantes apreendidos com muita frequência. Pra retirar os veículos eles têm que pagar multas, taxas de trânsito e de pátio. Às vezes, a dívida ultrapassa R$ 20 mil por carro e, pra alguns proprietários, não vale a pena retirar. Ele acaba abandonando o carro lá e compra outro, reforça a delegada.
O gestor do pátio de veículos em Camboriú, Anderson Cantarotti, 37 anos, afirma que o local ainda tá recebendo os possantes, mesmo estando bem acima da capacidade. Ele explica que, embora alguns donos abandonem os carros por lá, ainda há uma rotatividade grande no local e, por isso, não foi necessário lacrar o lugar. Todos os dias entram veículos, mas todos os dias pessoas também vêm aqui buscar carros e motos, justifica.
Leilão à vista
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O número de veículos superlotando o pátio pode finalmente diminuir. A turma do Detran informou que tem planos de realizar, no dia 4 de outubro, um leilão de veículos apreendidos no Balneário e Camboriú. Ainda não há local definido ou número de carros e motos que estarão em negociação.
O presidente da comissão estadual de leilões do Detran, Walmir Djalma Gomes Júnior, afirma que esta semana serão avaliados os veículos e analisado quais serão leiloados. Também vão verificar os possantes em péssimo estado de conservação, pra vendê-los como sucata. Walmir informa que assumiu a comissão há um mês.
Abrigo de mosquitos
Os veículos que socam o pátio do Taboleiro estão expostos à ação do tempo. Como não há cobertura, enfrentam chuva, sol e ventos todos os dias. O diretor de vigilância epidemiológica de Camboriú, Márcio da Rosa, explica que essa exposição e o acúmulo de água parada podem ajudar na proliferação de insetos, como o mosquito da dengue. Toda semana vamos lá, verificamos se há água parada, mato e criação mosquitos, garante. A turma da vigilância até bota armadilhas pra pegar os safadinho da dengue e, se necessário, exige a limpeza do terreno. O local se mantém limpo. Não há a multiplicação de roedores por ali, pois não existe comida, mas sempre estamos verificando.
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O administrador do pátio reforça as palavras de Márcio e garante que todos os dias rola um bizu na área. Estamos sempre roçando o terreno, deixando o mato baixo e tirando qualquer tipo de sujeira, garante Anderson.