Itajaí

Maior museu de oceanografia da América Latina abre em Piçarras

A partir de hoje, dá para conhecer o acervo do mais importante museu da vida marinha da América Latina Atrações estarão abertas à visitação, a partir desta semana

Antes de ler este texto, dê uma olhada na ta­belinha azul abaixo. Pronto. Agora você já sabe porque o museu Oceanográfico da Univali é o maior e o mais importante da América Latina. E para a sorte das pesso­as comuns, como você e eu, ele abre as por­tas, pela primeira vez, para o público em geral. As alas de exposição do museu serão inauguradas hoje no primeiro piso do campus da Uni­vali de Balneário Piçarras. Amanhã já estarão à dis­posição dos visitantes. Um marco da oceanografia no país. E melhor, bem pertinho da gente.

O geógrafo Jules Marcelo Rosa Soto, 45 anos, abriu antecipadamente as portas do Museu Ocea­nográfico para o DIARINHO, no sábado. Fez ques­tão de monitorar parte do passeio. “O universo todo tem muita água, mas é em estado gasoso congelado. A Terra é única por ter água nesse volu­me e em estado líquido”, ensina.

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A mini aula é dada logo na ala da entrada do museu, cujo tema é a relação do homem com o mar. Provavelmente um conceito que Jules já te­nha dito muitas vezes mas que, para ele, ainda tem aquele sabor de encantamento.

O jovem aspirante a oficial da marinha mer­cante, Juan Capraro, 27 anos, de Penha, acom­panhou a visita a convite do DIARINHO. Nada melhor do que um homem do mar pra dizer o que acha da iniciativa da Univali em disponibi­lizar para a população um dos mais importan­tes acervos mundiais da vida marinha.

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E ele, claro, se apaixonou pelo que viu. “Ado­rei. É um conhecimento à flor da pele. Muita gente mora do lado do mar e não tem noção da quantidade de vida dos oceanos”, comenta, depois da visita que durou per­to de uma hora e meia.

A inaugu­ração aconte­ce às 19h30 des­ta segunda-feira.

Quem estiver por lá, poderá fazer uma visita monitorada. Mas a partir de amanhã, será ain­da mais tranquilo conhecer o museu. Além de Jules, uma equipe de 10 profissionais estão di­retamente envolvidos no gerenciamento e manu­tenção do espaço. Só de exposição, são cerca de mil metros quadrados. “Mas essa área de exposi­ção serpenteia e chega a mais de três mil metros”, ressalta Jules.

E essa é justamente a sacada do museu. A ex­ploração ao fundo do mar é feita através de corre­dores, separados em cores e temas próprios. Você vai digerindo aquele oceano de informações aos poucos e de uma forma quase interativa.

Aproximadamente um terço do acervo esta­rá aberto aos olhos do público visitante. O que já é muita coisa.

Pra lá de importante

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9900 ... tubarões e raias. A maior coleção privada do mundo dessas espécimes

600 ... mamíferos marinhos, entre baleias, golfinhos, lobos marinhos e muitos outros. A maior coleção do país

400 ... tartarugas. A maior coleção desse animal da América do Sul

90 mil ... conchas. A maior coleção do Brasil e a segunda da América Latina

O homem e o mar

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A relação do homem com o mar. É assim que se começa a mergulhar pelos corredores do Museu Oceanográfico da Univali. Uma introdução para se entender a grande importância dos oceanos na história da humanidade.

Por lá se vê, por exemplo, o capacete de um escafandro brasileiro do começo do século passado, aquelas antigas roupas de mergulho. Uma máscara usada por membros da equipe do famoso explorador e pesquisador francês Jacques Cousteau e a réplica do próprio Calypso, a famosa embarcação de pesquisa, também estão por lá.

Ovo de dinossauro e conchas raras

Alguns passos adiante e o visitante se depara com um bancada de fósseis (restos de seres vivos preservados durante milhares de anos, principalmente em rocha). “Alguns tem 500 milhões de anos”, assinala Jules Soto. O curador do museu também indica um ovo de dinossauro.

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Conchas raríssimas também estão por lá. Como a porcelana-dourada, cuja tonalidade alaranjada e a textura lisa e brilhante a transformaram num verdadeiro troféu para colecionadores. Ao lado dela, uma gigante Gigas tridacna, uma espécie de ostra que é a maior do mundo.

Aquários com muita vida colorida

Sabe aquelas filmagens de peixes coloridos do Caribe? É o que se imagina quando se entra na ala dos chamados peixes ósseos. Aquários mostram a vida desses espécimes em todas as suas tonalidades. “São para as pessoas terem a noção dos animais vivos em seu ambiente, com suas cores próprias”, comenta Aline Amaral, que faz parte da equipe de educadores do museu. E que cores: azuis, amarelos e vermelhos.

Cavalos marinhos, artesanatos em ossos de várias partes do mundo e uma infinidade de peixes conservados em formol ou álcool (fique tranquilo, não vai ter cheiro) completam o acervo à disposição dos visitantes. Não deixe de investir um bom tempo apreciando os pequenos e exóticos peixes de grande profundidade.

Lula gigante e seres curiosos

Nos corredores onde estão os invertebrados e os moluscos é possível ver tanto espécimes conservadas quimicamente como indivíduos vivos, em aquários instalados à altura dos olhos dos visitantes. Pepinos-do-mar avermelhados, estrela-do-mar das mais variadas formas e cores e uma lula-gigante de cerca de quatro metros é conservada quimicamente estão por lá.

Golfinhos, orcas e baleias

O impacto visual mais chocante (no melhor dos sentidos) foi deixado para a parte final da exposição. Esqueletos de baleias, golfinhos e uma orca (que é chamada erroneamente de baleia assassina) parecem flutuar num dos salões. “Geralmente, nos museus, você vai ver uma estrutura de ferro aparente sustentando os esqueletos. Aqui não”, comenta a mestra em educação Aline Amaral, explicando que os ossos ficam pendurados por uma fiação especial. Fios quase imperceptíveis.

Uma nota especial para um grande golfinho-de-risca, muito bem conservado. Animal de inteligência avançada, esse tipo de golfinho faz tatuagens pelo corpo, como se fosse uma espécie de identificação.

As tranquilas tartarugas

Uma parte do museu, em especial, você vai se apaixonar. A das sempre tranquilas tartarugas. Uma, inclusive, é uma enorme tartaruga-de-couro, impecavelmente conservada. Parece viva. Há também a reprodução de uma desova em areia da praia, que mostra fielmente como os pequenos animais eclodem dos ovos e escavam até a superfície.

Aves e mamíferos

Você só tem ideia do quão grande é uma ave marinha quando chega perto dela. No museu Oceanográfico da Univali vai se aproximar de várias. Empalhadas ou com esqueletos milimetricamente montados.

Mas será na área dos mamíferos que certamente sua atenção vai estacionar por um bom tempo. Boa parte deles tiveram os esqueletos remontados pela bióloga Bibiana Lessa, curadora adjunta. “O mais difícil para montar foi o peixe boi. Os ossos são mais densos e aí tudo ficou mais difícil”, conta. Foi uma semana inteirinha de dedicação ao bicho e com um ajudante.

Um leão marinho, lobos marinhos e outros mamíferos aquáticos também estão com seus esqueletos remontados.

Tubarões e raias

Essa talvez seja uma das mais importantes – e curiosas – alas. O acervo todo do museu conta com cerca de 10 mil tubarões. Mas pouco mais de 40 deles estão expostos. “No navio, já vi tubarões a 50 milhas da costa”, deixa escapar Juan Capraro, admirado com o que assiste.

Entre o acervo exposto, está o raríssimo tubarão-duende. Quase um alien, pelo formato diferenciado do bico e a capacidade de expandir a mandíbula para frente. “O tubarão duende é uma das preciosidades da exposição”, afiança o biólogo Gerson Carlos Rocha, 27 anos, responsável pela conservação das espécimes de exposição.

Parte da coleção está em vidros com uma iluminação especial. “Com essa iluminação própria você consegue ver toda a textura do animal. Substitui a vontade de tocar”, explica a mestra em educação Aline Amaral, 31 anos, da equipe multiprofissional do museu.

Mas por lá estão também uma parede inteira com mandíbulas de tubarões. Incluindo o temido tubarão-branco, o mais voraz da espécie. “Existem duas maxilas de tubarão-branco no Brasil. Temos as duas”, diz, com orgulho, o historiador Alberto Fronza, 33, que integra a equipe do museu.

A parte das raias (arraias, como a gente fala popularmente) é uma atração à parte. Num dos corredores, se caminha sobre algumas delas, instaladas em grossos vidros. A sensação é estranha, pois parece que os peixes nadam aos nossos pés.

Lojinhas com souvenires

O simpático Tuba, aí da foto, é o mascote do museu. O fofo bichinho de pelúcia faz referência ao tubarão-baleia de mais de quase nove metros que faz parte do acervo e, no ano que vem, tem tudo para também ficar em exposição. Livros, revistas e souvenires também fazem parte do estoque da lojinha.

Golfinhos, orcas e baleias

O impacto visual mais chocante (no melhor dos sentidos) foi deixado para a parte final da exposição. Esqueletos de baleias, golfinhos e uma orca (que é chamada erroneamente de baleia assassina) parecem flutuar num dos salões. “Geralmente, nos museus, você vai ver uma estrutura de ferro aparente sustentando os esqueletos. Aqui não”, comenta a mestra em educação Aline Amaral, explicando que os ossos ficam pendurados por uma fiação especial. Fios quase imperceptíveis.

Uma nota especial para um grande golfinho-de-risca, muito bem conservado. Animal de inteligência avançada, esse tipo de golfinho faz tatuagens pelo corpo, como se fosse uma espécie de identificação.

Curiosidades

• Um escafandro russo que custa R$ 16 mil dólares

• Um ovo de dinossauro e uma garra de velociraptor

• O curador do museu, Jules Soto, é o responsável por descobrir quatro novas espécimes de tubarões

• Um maxilar de tubarão branco chega a custar 10 mil dólares

• A coleção de tubarões tem preço estimado de seis milhões de dólares

• O tubarão-baleia do museu é o único no mundo preservado inteiro

QUANDO VISITAR

De terça-feira a sexta-feira, das 14h às 20h. No sábado e no domingo é das 10h às 18h. O ingresso inteiro custa R$ 20. Funcionários da Univali, estudantes e idosos pagam meia-entrada. Grupos de estudantes, acima de 15 pessoas, desembolsam cinco pilinhas.

COMO CHEGAR LÁ

O museu Oceanográfico da Univali fica na rua Sambaqui, 318, no bairro Santo Antônio, no Balneário Piçarras. Era onde tava instalada a faculdade de Pedagogia da universidade.

O melhor jeito de chegar lá é pela BR 101. Vá em direção ao norte do estado e entre no viaduto do trevo de entrada da cidade. Passe o trevo e continue reto pela marginal. No final da estrada, dobre à direita e logo à esquerda já vai ver a estrutura típica de tijolos à vista da Univali. Bem vindo ao museu.

Juan Capraro, o jovem praticante de oficial da marinha mercante que acompanhou o DIARINHO na visita, saiu abismado com o que viu. E olha que ele já conhece uma renca de museus da Europa e do Brasil. “É um programa ótimo. Até então a gente não tinha uma opção como essa. Vamos pro shopping? Vamos comer alguma coisa? Que nada, vamos pro museu”, indica.






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