Som alto varando a madruga e zoeira de swingueiros que chegam até a brigar na rua depois da balada, somam-se ao descaramento dos exibicionistas, reclamam os vizinhos. Denúncias que, segundo a empresária Cássia Lázzaris, 41 anos, dona da Sensation, são exageradas. Pra ela, pode tá havendo preconceito pelo local ser uma casa de swing.
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O DIARINHO teve ontem na rua Dom Francisco. Oito moradores e um corretor de imóveis abordados pelo DIARINHO, tinham na ponta da língua o mesmo discurso: a casa de swing tem tirado a tranquilidade da vizinhança desde que passou a funcionar, em meados do ano passado. O som alto começa às 11h da noite e vai até cinco da manhã. Aí a gente não dorme mais, né!?, diz um idoso, que mora a poucos metros da mansão liberal. É de quinta a domingo assim, afirma a esposa.
A família da fisioterapeuta Gabriela é uma das que mais sofre. Mora em frente à Sensation. Eles não tem isolamento de som, reclama. A gente chega a pular da cama com o barulho. É um som muito alto, confirma um taxista, vizinho de Gabriela, também revoltado com a barulheira.
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Pra ajudar a deixar as madrugadas ainda mais agitadas, dizem os moradores da Dom Francisco, os frequentadores da casa de swing aprontam horrores. E ainda tem as brigas aí na frente. Tem bate-bocas de casal, briga de homem com homem, narra o taxista.
Garrafas de bebida, latinhas e até preservativos usados (eca!), acusa uma outra moradora, costumam ser encontrados nas manhãs seguintes depois que os swingueiros deixam a Sensation. E as crianças brincam aí na frente, emenda uma senhora, com a neta no colo, apontando para outras duas meninas que olham curiosas a conversa dos adultos.
Peladões se exibem
Mas o que deixa todo mundo mais cabreiro é a ação de supostos exibicionistas que frequentam o local. A gente tá aqui na frente e vê, lá em cima, homem passando pelado, trocando de roupa, conta uma moradora, completando: e as crianças também vêem. É verão, a gente nunca dorme cedo e e aí temos que ver uma coisa dessas, gente pelada lá em cima, reforça Gabriela.
As exibições dos peladões começaram mais recentemente. Antes tinha um pano branco lá em cima e a gente não via nada, observa o marido de Gabriela, que pediu para não ser identificado.
Sobrou até pros negócios do L.C.N., 63, que critica a mania dos frequentadores e moradores da casa de usarem a piscina pelados, inclusive durante o dia. Essa casa de swing aqui prejudica as vendas. Porque o cliente subindo e olhando pra baixo (e vendo os peladões), não vai querer comprar, solta. L. refere-se à clientela que leva pra ver alguns apês que ele tenta negociar num prédio que faz limite com o terreno da mansão.
No domingo ao meio dia, quando a zoeira rolava solta, a PM bateu na Sensation, mandou fechar o local, apreendeu a aparelhagem de som e prendeu um casal que vendia ecstasy e outras drogas na frente da casa de swing. Isso, do domingo, foi só a gota dágua, alfinetou uma moradora da rua Dom Francisco. SSn
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Dona da casa nega acusações
A empresária Cássia Lázzaris até admite que a sonzeira da Sensation já incomodou e muito a vizinha. Mas isso foi só no começo. Até tinha uma caixa de som muito grande. Mas eu mandei tirar, afirma a dona da casa de swing.
Cássia confirma que não tem um sistema de isolamento acústico. O que tenho é uma proteção acústica. A parede onde tem a pista tem uma camada de gesso e de lã de pedra, explica. O problema é que a barulheira acaba saindo pela porta da pista de dança, que fica nos fundos da mansão.
A dona do Sensation nega que os clientes se exibam pelados pra vizinhança. Nem tem como. Eles se trocam nos quartos, argumenta. Mas, alguns dos quartos visitados pelo DIARINHO, ficam justamente na sacada que dá de frente pra casas da rua Dom Francisco e de onde, segundo a vizinhança, os swingueiros aparecem como vieram ao mundo. Cássia revela que tinha mesmo um pano branco tampando o corredor da sacada, mas que o tirou.
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Bagunça na frente da casa, a empresária diz que não é verdade. O público do swing, garante Cássia, é tranquilaço. A maioria são casais, casados há mais de 10 anos, pessoas que se comportam, justifica. Segundo ela, a festa de domingo não era da Sensation. Aluguei o espaço para um after (tipo de balada que acontece pelas manhãs, pra esticar a noitada), informa.
Pra Cássia, o que pode tá rolando é uma boa pitada de preconceito por ser uma casa de swing. Eles (vizinhos) acabam misturando as coisas, dispara. No swing, explica, casais trocam parceiros e praticam o sexo liberal. Solteiros, por lá, são a minoria. Há ainda os que somente vão para se exibir ou outros para olhar. Na casa, afirma, há regras de comportamento rígidas e é, proibido, por exemplo, exigir que alguém faça o que não queira.
Tem alvará mas não pra madrugar
Pelo alvará do departamento de Jogos e Diversões da polícia Civil, a Sensation poderia trabalhar só até à meia noite. Mas a própria dona admite que vara a madrugada. A polícia nunca me incomodou, revela.
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A delegada Magali Ignácio Nunes, chefona da delegacia Regional do Balneário Camboriú, informou que em meados do ano passado, depois de receber reclamações sobre a casa de swing, restringiu o horário de funcionamento. Esssa casa noturna funcionava até de madrugada, instauramos processo administradivo e baixamos pra meia noite, informou. Eles estavam cumprindo. Se estão descumprindo, essa reclamação ainda não chegou para nós, completou.
O alvará dos bombeiros venceu em sete de janeiro. O pessoal da Sensation tem até 7 de fevereiro pra fazer a renovação. Além disso, ontem foi notificada pelos bombeiros por não ter um projeto de segurança contra incêndios. Eles têm os sistemas vitais, que é a saída de emergência, os extintores e as luminárias de emergência, explicou o tenente Marcus Vinícius Abre. A casa noturna recebeu um alvará provisório e a proprietária terá que ir sexta-feira nos bombeiros assinar um documento em que se compromete a apresentar o projeto.