O pescador tava trabalhando quando deu uma pane no barco e a tripulação do barco precisou arranjar um lugar para atracar. Eles tentaram parar o barco no estaleiro D´Marco, mas o vigilante João Carlos Milewski, 56, sacou um 38 e atirou na cabeça de Leandro. Carlos alegou que tava com medo de ser vítima de um assalto.
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O crime rolou por volta das 21h30, quando o barco tentou atracar no estaleiro da rua José Francisco Laurindo, no bairro São Domingos. O vigia disse que os pescadores não poderiam parar ali. Leandro fez menção de amarrar o barco no píer e levou um tiro.
Ele foi levado em estado grave ao pronto-socorro do hospital de Navegantes, depois foi transferido ao Marieta e morreu por volta das 9h30 de sexta.
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O vigilante foi preso pela polícia Militar em flagrante. João disse que atirou porque temeu que fosse um assalto. A PM conta que o vigia teria escondido a arma em um bueiro , mas a polícia a encontrou.
João não tinha porte da arma, que também não era registrada, e trabalhava com o trezoitão na cintura. Vai responder pela morte e pela arma ilegal.
Atirou a um palmo da cabeça
Leandro era pescador há muitos anos. Há cerca de três meses começou a trabalhar na Sul Pesca. Como o período de defeso do camarão termina dia 1° de junho, ele e outros pescadores estavam preparando os barcos para saírem para alto-mar.
A embarcação Diego JII tinha três tripulantes, um deles era o mestre Juliano Alexandrina, 39 anos. Ele conta que o barco teve problemas com o leme na noite da tragédia.
Outro barco, com mais três tripulantes, foi ao socorro deles. Eles queriam atracar no estaleiro mais próximo para que pudessem consertar o leme. Quando chegamos o vigia disse que nós não tínhamos autorização para encostar. Meu patrão falou que conhecia o dono do estaleiro e que ia ligar pra ele. Não deu nem tempo, o cara apontou a arma e atirou, conta.
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Leandro pisou no estaleiro para amarrar o barco estragado. Foi neste momento que o vigia atirou. O Leandro estava de cabeça baixa, nem viu nada. O tiro foi à queima-roupa. A arma estava um palmo da cabeça, narra o mestre do barco. Depois do tiro, o vigilante guardou a arma e mandou que fossem embora. Um safado! Ele viu que éramos pescadores. A gente tá em choque, afirma.
Vai ser enterrado no dia do aniversário
Leandro e Vanessa de Freitas eram casados há cinco anos. Os dois moravam no bairro Santa Lídia, em Penha. Na manhã de sexta-feira, coube a mulher ir até o instituto Médico Legal (IML) de Itajaí liberar o corpo do marido.
Muito abalada e chorando, Vanessa contou que falou com Leandro por volta das oito da noite. Ela estranhou a demora dele. Ele disse que estavam tentando atracar porque o leme tinha quebrado. Quando foi 21h30 eu recebi uma ligação do dono do barco contando já o que tinha acontecido, recorda.
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Leandro completaria 27 anos neste sábado. Ele tinha pedido para que uma tia fizesse o bolo para uma comemoração em família.
Vanessa conta que os dois planejavam construir uma casa maior e ter filhos. Ele era uma pessoa maravilhosa. A dor que tô sentindo é terrível, desabafou.
Leandro foi criado pelos avós na casa da rua Rosa Cordeiro, no bairro Armação, em Penha. Ali o corpo está sendo velado. O enterro será sábado pela manhã no cemitério da capela São João Batista.